Destino

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O bunker estava cheio naquela tarde. Charlie, Bobby, Castiel e os irmãos Winchester haviam feito uma descoberta:  Cassie era o destino de Kline. A garota era feita à sua medida, seus gostos e apesar de personalidades opostas, sempre podiam contar um com o outro. Como no primeiro caso de luta contra "os outros" e em todos os momentos em que se sentiram tristes , sem lugar no mundo. Mas não se limitava apenas ao singelo clichê de almas gêmeas. Assim como no Jardim do Éden e Adão e Eva, uma das costelas de Kline pertencia à pequena Winchester e por isso a ligação entre os dois se tornavam cada vez mais forte. Cassie era desenhada à medida para Jack Kline. Apesar do assunto causar certa esperança para os caçadores,  se iniciava uma discussão:

- Isso é bom, não é? – Charlie colocou um caneta na boca.

-Deveria ser... – Bobby respondeu cruzando os braços.

-Mas é o Apocalipse,-  O Winchester mais velho engoliu seco. - Nada é bom no Apocalipse... – disse quanado encarou dolorosamente os dois Nephilins que estavam distantes. Em sua mente conturbada, questionou se realmente deveria confiar nos dois, ou se deveria fazer o que não havia sido feito há tempos.

-Dean... – Sam segurou a mão do irmão. – Você não vai matá-los.

-E se eu precisar? E se salvar o mundo depender disso?

-Eles são a chave para um mundo melhor... – Castiel se aproximou tocando o ombro do amigo. – E a Cassie... Ela é sua filha.

-Tecnicamente, ela não é não... – O mais velho encarou o anjo. – Ela é filha de dois anjos caídos, Castiel. Talvez alguém aqui tenha que pensar com sanidade.

-Dean... – O anjo pausou a fala. - Ela te vê como pai. – Castiel o encarou com pesar. - O que ela pensaria se soubesse que se necessário enfiaria uma adaga em seu peito? Você já se sentiu traído. Não cometa o mesmo erro que tanto julgou... Não com a Cassie.

Dean se arrependeu em segundos ter cogitado ferir alguém tão importante. A pequena Cassie Winchester que assim como o mais velho amava AC/DC, que pediu de presente um contrabaixo, que o chamou de pai, a garotinha que enxergava força em um ser humano quebrado. O suficiente para não confiar em sua filha adotiva que lhe era tão leal quanto o Anjo Castiel. A garota que aos poucos se tornava adolescente mas ainda tinha um abraço puro e acolhedor.

- Depois dessa crise de pânico consegue pensar direito? – Charlie Bradbury sentou-se e puxou uma cadeira para o amigo.

- Eu não faço ideia do que fazer... – Respondeu passando as mãos sob o rosto.

- Olha, não vai dar pra segurar pra sempre esses dois no Bunker... – Sam apoiou-se sob a mesa.

- Uma hora eles vão fugir, ou sabe lá Deus o que pode acontecer... – Bobby afirmou. – Então a gente tem apenas uma saída.  Até então estamos apenas adiando o fim do mundo. O que faremos, Castiel?

-Vamos desfazer os sigilos... – Castiel se aproximou para tocar as paredes mas Dean o impediu.

- Tá ficando doido rapaz? – Soltou seu braço e o encarou. – Se desfizer essa coisa, nosso único lugar seguro pode desabar em cima de todos nós. Com todos aqueles Nephilins demoníacos atrás da gente.

-Então? – Castiel tombou a cabeça.

Sam abriu uma pequena gaveta na sala e puxou uma caixa de madeira escura entregando nas mãos do irmão mais velho.

- Que isso?

- Chave extra... – Sam sorriu. – Nada mais justo que você entregar aos dois.

-Então você quer dizer que a gente vai deixar esses dois passearem como se estivessem em um conto de fadas enquanto querem matar eles?

-Dean...

- Eu não suportaria perder a Cassie.

-Dean... – Castiel retornou a falar.

-Isso é castigo por eu dizer que mataria ela? Disse que se fosse necessário, mas vocês vão jogar os dois aos lobos. E eu não vou poder protegê-la!

-Vai deixar o Castiel falar ou não? – Sam revirou os olhos.

Dean esfregou o rosto e colocou uma das mãos em sua nuca respirando profundamente por um tempo.

- Eles vão saber o que fazer... – Castiel se aproximou do amigo. – Você viu a força deles.

-Eles trouxeram eu – Charlie riu. – E o tio de vocês. – Disse quando apontou para Bobby que assentiu.

- Eles vão saber enfrentar.

- E se não souberem? – Dean sentiu uma lágrima em seu rosto.

- Aí a gente entra em ação.

****

Ao anoitecer, os Nephilins cantavam baixinho o refrão de "Somewhere only we know". Cassie se questionava por perceber que estavam crescendo, Kline também sentia que nada era tão simples como antes. Os doces, as brincadeiras... Tudo estava parecendo se dissipar à medida que o fim do mundo se aproximava. Onde foi parar toda simplicidade da infância?  Os dois depositaram suas cabeças próximas uma à outra e se  acariciavam nas pontas dos dedos. Lágrimas caíam sutilmente dos olhos dos dois. Dean Winchester se aproximou sem que os dois se dessem conta e notou o olhar ferido dos dois. Todos estavam sofrendo, e talvez o fim do mundo começasse por ali. Mesmo sentindo seu coração apertado ao ver sua filha chorar, Dean manteve-se firme e a provocou:

-Oh esquisita e moleque antucristo! – Chamou  pelos dois que tiveram um pequeno espasmo de susto.

-Idiota! – Cassie revirou os olhos. – Nem posso mais sofrer em paz.

-Desde quando você sofre, ardilosa? – O mais velho riu.

-Desde que ela sangrou pela primeira vez... – Jack respondeu dando risada e levou um beliscão da ruiva.

- Homem é o ser mais babaca do universo... Se eu pudesse exterminava vocês dois. Mas eu amo vocês.– Cassie revirou os olhos. – Qual é a da caixinha? É sua aliança de noivado pro Cass?

Jack gargalhou imediatamente e a pequena Winchester também não se conteve.

- É a chave pra fechar sua matraca... – Dean abaixou-se e abriu o pequeno espaço. – Essa é a chave do bunker.

-Quer dizer que podemos sair? – Jack sorriu.

- Só se prometer cuidarem um do outro... – O mais velho tocou os cabelos do garoto.

- E se os filhos do pecado aparecerem? – Cassie questionou.

- Sejam imbatíveis. Imparáveis... – Dean apertou a bochecha dos Nephilins. – Juntos. Eu sei que são capazes.

Os dois Nephilins abraçaram o Winchester mais velho fazendo-o sentir-se acolhido. A coisa mais próxima de infância que tinha, eram os dois, e apesar da implicância vinculada ao ciúme em relação aos sentimentos de Jack para com Cassie, sabia que os dois estariam certos do que fazer se enfrentassem qualquer mal sem soltar a mão um do outro.

Filhos da luz | Volume um - CONCLUÍDA- Aguardando revisão Onde histórias criam vida. Descubra agora