Capítulo 02- 0 Ataque

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Criado em: 23/12/2023
Publicado em:25/12/2023

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Depois do incidente Team não acompanhou mais as aulas do Win, ele nem ficava mais embaixo da janela, ao invés disso Jumpol lhe trazia um monte de exercícios e livros separadamente e, depois da aula do patrão, ele dedicava um tempinho extra para explicar, de boa vontade, as lições para o pequeno estudioso. O professor, já havia falado com Ploy sobre como a escola do N'Team estava desperdiçando sua inteligência com atividades pouco estimulantes, mas a jovem não tinha condições para mandá-lo para uma boa instituição de ensino, então, restava apoiar como dava e, torcer para que a situação um dia os favorecesse. Esse era o pedido que Ploy fazia todas as noites, que pudesse suprir todas as necessidades daquela adorável criança sobe os seus cuidados.

Win às vezes via, da janela do seu novo quarto adaptado no térreo da mansão, o saltitante garoto de bochechas rosadas, fazendo seus deveres com o professor no jardim ou sozinho brincando com uma bola surrada, ou indo na rua com os empregados da mansão, sendo o que fosse Team estava sempre sorrindo. Era difícil para Win admitir que até sentia falta da falação do menor, mas ele se manteve firme sem dar o braço a torcer. Contudo, quando ele voltava do médico ou do banho de sol obrigatório e ouvia a voz do Team na cozinha, falava para Ploy que queria ficar um pouco na sala, dizendo que estava enjoado do seu quarto, apenas para ouvir as histórias elaboradas que a criança narrava alegremente. Em alguns momentos ele até se pegou rindo de alguns relatos do menor e, quase o chamou para se juntar a ele.

O dono da residência resistia bravamente a suas momentâneas tentações. E, nas raras oportunidades em que os dois se cruzavam, Team tratava de baixar a cabeça e sair rapidamente para não aborrecer o chefe da tia, porque mesmo sendo pequeno ele entendia que eles precisavam que ela mantivesse o bom emprego para não voltarem para o minúsculo kitnet que moravam antes de residirem na mansão. Nos bastidores, os criados costumavam apelidar as crianças com o sol e a lua ou dia e noite, para apontar suas características tão antagônicas, porém, eles também, notavam as sutis mudanças que o jovem Noppanut apresentava, como não viver gritando com os funcionários, ou suas pirraças nas horas das refeições.

Mesmo tais alterações que tornavam o ambiente mais leve, não mudaram o fato de que a mansão ainda estava de luto pela perda do Sr. e Sra. Noppanut, então, naquele final de ano não haveria a tradicional festa que o casal costumava a dar, mesmo que no país esses costumes não fossem seguidos, mas como eles viajavam muito pelo mundo acabaram se encantando e adotando essa prática de celebração. O badalado evento que arrastava toda a alta sociedade de Bangkok e de muitas de outros países seria silenciado aquele ano. Essa restrição deixava alguns funcionários tristes e, estes acabavam por fazer comentários saudosos a respeito de como eram maravilhosas essas comemorações e, ocasionalmente, Win ouvia as lamentações, acabando por contribuir com seu estado lastimável. E, à medida que as datas festivas se aproximavam, o humor do menino ia piorando novamente, voltando a sua instabilidade emocional, a bomba fazia Tic-Tac pronta para explodir, fazendo todos voltarem a andar em ovos ao seu redor.

Se por um lado tinha uma criança agravando um quadro depressivo, do outro havia uma muito empolgada e, criando algumas ideias em sua mente. Team acabara de estudar na escola sobre os tipos de comemorações no mundo, pegando características de várias culturas diferentes e, o Natal lhe chamou muita atenção por descobrir sobre um senhor chamado Papai Noel que concedia qualquer pedido de presente para pessoas boas. Primeiro o pequeno foi descobrir o que definia uma pessoa boa e se ele era qualificado como tal, consultando a tia, os professores e alguns funcionários da mansão Noppanut. Tendo a certeza de estar apto ao pré-requisito, ele se dedicou a preparar uma bela carta de pedido, pois em sua busca, alguns diziam que Papai Noel recebe seus pedidos por orações e, outros que era através das cartas, então na dúvida ele faria os dois, torcendo para que um funcionasse.

- Hia Win... - Team chamou da porta entreaberta, vendo uma oportunidade de Win estar sozinho no quarto ele reuniu coragem para abordá-lo.

- O quê você quer? - Win resmungou da cama, onde estava sentado aguardando seu café da manhã.

- Quero perguntar uma coisa ao Hia... - Team não esperou por convite e, foi animadamente para perto do mais velho carregando um pequeno envelope nas suas mãozinhas. - Hia, eu escrevi meu pedido para o Papai Noel, mas não sei qual o endereço... - Ele explicava seu problema quando o outro deu uma risada debochada.

- Não seja estupido, essa coisa não existe! - Win falou entre os dentes.

- Hia, não pode ter certeza! - Team manteve sua esperança com a cara amuada para o outro menino. - É importante, por favor, me ajuda Hia!? - Ele implorou.

- O quê pode ser tão importante para acreditar nessa história para bebezinho? - Win estava irritado. - OH... VOCÊ VAI PEDIR UMA BOLA NOVA PARA PODER JOGAR AQUELE LIXO QUE VOCÊ TEM FORA? OU VAI PEDIR UM ESTOJO MELHOR DO QUE AQUILO QUE VOCÊ USA PARA ESTUDAR? OU AINDA ROUPAS PARA NÃO PARECER TÃO POBRE? - Ele o insultou aos gritos fazendo as lágrimas da criança rolarem. - NÃO VENHA ME FAZER PERDER TEMPO COM ESSAS BOBAGENS! - Alterado ele tomou a carta da mão de Team amassou e jogou em um canto do quarto.

- NÃO! - Team gritou incrédulo indo pegar a carta de volta. - PORQUE HIA É TÃO MAU? - Entre as lágrimas ele perguntou.

- QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA ME TRATAR DESSA MANEIRA EM MINHA PRÓPRIA CASA? FORA! - Em um acesso de raiva ele pegou um carrinho de coleção que ficava na sua cabeceira e jogou no garoto acertando em cheio a lateral da cabeça do pequeno.

Com a pancada que recebeu, Team balançou e caiu de joelhos no chão, levando a mão aonde foi atingido. Logo, a pele branca foi tingida por uma cor vermelha, do sangue que escorria da ferida aberta. A criança ferida se mantinha no chão chorando de dor e assustada. Win quando viu o sangue ficou desesperado e arrependido por sua ação impensada, mas não conseguia se mover para ajudar o menor e, nem fazer Team ir até ele, o pequeno estava congelado no lugar. O causador da guerra via o rosto do garoto ficar mais pálido e, tratou de apertar o botão de pedir ajuda que ficava ao lado da cama para qualquer emergência, além de gritar por Ploy e Ananda. Win sentiu o mesmo medo de quando estava capotando no carro com seus pais e, se lembrou que no momento lhe passou pela cabeça de que o motorista que os atingiu era um monstro... Então no que ele se tornou?

Pedidos de NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora