- Vi, eu nem sei como te agradecer por ficar com o Alonso hoje - Mariella disse enquanto passava uma leve camada de batom. - Tô te devendo uma.
- Não esquenta, era a minha noite de folga mesmo e a Giana está no bar. Além disso, comprei uns jogos de tabuleiro na cidade. Vou manter seu irmão distraído e impedir que ele coloque fogo na casa.
- Isso seria muito bom, obrigada.
Mari terminou a maquiagem e passou as mãos pela calça de alfaiataria azul marinho que vestia. Apesar do frio, cada poro do seu corpo estava suando.
- Você tá nervosa mesmo, hein? - Vitória disse, desviando os olhos do seu livro de gramática italiana para observar a amiga. Ela estava recostada sobre os travesseiros na cama de Mari, o corpo debaixo de três edredons. - Você acha que o pai do Nico é tão ruim assim?
Mari tinha contado para Vitória que Nico e o pai não se davam bem, apesar de não ter entrado em muitos detalhes. Não queria expor toda a situação, porque sabia que era um assunto delicado e que só cabia a Nico revelar.
- Eu não sei o que vai acontecer, na verdade. Só quero que a noite não acabe em desastre.
- Você acha que chega a esse ponto?
Mari não respondeu, mas seu olhar grave fez Vitória assobiar baixinho.
- Boa sorte.
Naquele instante, Alonso entrou correndo no quarto e se jogou na cama ao lado de Vitória.
- Fiquei sabendo que hoje você vai ficar comigo, Vi - ele falou, a voz tão melosa que Mari não conseguiu deixar de rir. - Aposto que vai ser bem romântico.
Vitória fechou o livro.
- Você não desiste nunca, né?
- Posso lutar até o fim por você, meu amor.
Vitória riu e bateu de leve o livro na cabeça dele.
- Sai fora, pirralho.
Mari vestiu o seu sobretudo e se preparou para dar o fora.
- Eu já vou indo. Vocês se comportem. Vi, me liga se precisar de alguma coisa.
- Ei, Mari, por que você tá indo na casa do Nico mesmo? - Alonso perguntou.
Ela parou na porta, pensando no que dizer.
- Ele precisa da minha ajuda com uma coisa.
- Hum. - Só aquele som e o olhar esperto do irmão mais novo fez arrepios percorrerem o corpo dela. Era melhor sair dali antes que Alonso dissesse alguma coisa que a fizesse querer se jogar das escadas.
- Boa noite. Fica bonzinho com a Vitória.
E então ela praticamente saiu correndo, atravessando o castelo e a distância que separava as duas propriedades no escuro, só com a luz da lua para impedir que tropeçasse em alguma pedra solta.
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Um castelo de presente
RomanceMariella não esperava herdar um castelo medieval italiano da noite para o dia. Ela estava ocupada demais tentando criar o irmão mais novo depois da morte da mãe e escrever seu novo livro no tempo certo para ficar sonhando acordada com heranças, cast...