— Sabe, Nico, no fundo eu sempre achei que você fosse o mais sábio de nós dois — Riccardo comentou naquela noite fria, enquanto os dois estavam sentados perto da lareira. — Mas eu estava errado.Nico suspirou e massageou as têmporas. Ele já não estava miserável o suficiente? Teria que fingir um desmaio para quem sabe assim o primo deixá-lo em paz?
— A Mari está decepcionada, sabia? E triste. Ela chorou no meu ombro! Você sabe que eu não sou lá um grande apoio emocional. Ninguém chega para mim em busca de consolo. Talvez isso te dê uma ideia do quão no fundo do poço ela está.
As palavras de Riccardo o acertavam como lanças. Saber que ele era o responsável por machucar Mari daquele jeito só o deixava ainda pior.
Mas não era para evitar um sofrimento maior no futuro que Nico tinha se afastado dela?
— Ela vai perceber que é melhor assim. Talvez não entenda agora, mas no futuro...
Riccardo explodiu.
— Fica quieto com essa sua obsessão de pensar que sabe o que é melhor para as pessoas! E o que você sabe sobre o futuro, Nico? O que sabe sobre com ela se sente?
Nico queria rebater de um jeito que fizesse Riccardo ir cuidar da própria vida. Há dias o primo vinha tentando fazer com que ele voltasse atrás na sua decisão e fosse conversar com Mari, agindo como uma velha casamenteira da pior espécie.
— E o que você sabe sobre relacionamentos? — ele disse de mau humor, se levantando da poltrona de frente à lareira e caminhando até o outro lado da sala, para ficar bem longe do primo. — Não tem um homem ou mulher com quem consiga ficar por mais de seis meses. Por que eu devia receber conselhos seus?
— Porque sou a única pessoa além da Iolanda que você ainda tem por perto. Esqueceu que afastou todo mundo, Nico? — Riccardo rebateu, sem titubear. Nico ouviu seus passos pesados se aproximando.
— Eu não me afastei de ninguém. Eles é que foram embora primeiro.
Ninguém aguentou a barra. Meu pai, meus amigos, a nossa família...
— Fala isso pra Mari. Ou para o Alonso. Sabia que ele está se culpando por você nunca mais ter aparecido? Aquele garoto já te amava, Nico. Sim. Ele me disse isso na noite em que fui visitar. — Nico se encolheu, a dor rasgando seu peito. Alonso não devia se culpar. Ele era só uma criança. Nada daquilo era culpa dele. E Nico também o amava. Muito. Queria ter dito isso para ele.
— Riccardo... — Nico implorou baixinho, esperando que o primo entendesse que não aguentava mais aquela conversa.
— E por mais que você seja difícil, Nico, e pareça querer afastar todo mundo de você, eu não vou fazer isso. Vou ficar aqui, te enchendo o saco, até você entender que merece mais do que viver entre essas paredes. Porque você vale a pena. Porque eu também te amo e porque me importo com você. E não sou o único.
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Um castelo de presente
RomantikMariella não esperava herdar um castelo medieval italiano da noite para o dia. Ela estava ocupada demais tentando criar o irmão mais novo depois da morte da mãe e escrever seu novo livro no tempo certo para ficar sonhando acordada com heranças, cast...