O pequeno hospital de Montefiori estava praticamente vazio naquela noite, o que fez com que a chegada abrupta de Mari não passasse nem um pouco despercebida.
Ela entrou correndo com Vitória em seu alcance, as duas com as bochechas vermelhas e os lábios rachados pelo frio do lado de fora. As poucas pessoas na sala de espera ergueram os olhos assustadas, mas Mari mal as notou. Ela correu para o balcão onde uma recepcionista já tinha se levantado diante da chegada delas.
- Meu irmão, Alonso - Mari disse sem fôlego. - Ele...
A mulher deve ter notado o desespero dela, porque não enrolou.
- Você é a responsável legal pela criança que deu entrada há meia hora?
- Sim, sou eu.
- Eu vou chamar uma enfermeira para te levar até o médico.
A mulher começou a dar a volta no balcão.
- Mas ele está bem? - Mari perguntou, quase a agarrando pelo pulso. - O meu irmão, ele está bem?
- Eu não sei informar. O médico vai te dizer tudo. Um momento.
Ela se afastou a passos largos, as deixando no saguão. Mari tinha estado tão aterrorizada que nem uma lágrima caiu em toda a corrida do castelo até a cidade. Agora, ela sentia o choro vir, subindo pela garganta.
- Vai ficar tudo bem - Vitória sussurrou, a abraçando apertado.
Mari tentava acreditar naquilo. Com todas as forças que ela ainda tinha.
- Você deve ser Mariella, certo? O senhor que acompanhou seu irmão nos deu seu nome.
Ela se virou e assentiu com a cabeça para a moça jovem ao lado da recepcionista. Deveria ser a enfermeira.
- Você pode me acompanhar? Vou chamar o médico para você.
Vitória pegou a bolsa do ombro de Mari, onde já estavam todos os seus documentos e os de Alonso, sempre organizados para casos de emergência.
- Eu dou entrada nos documentos e cuido das coisas aqui, ok?
- Certo. Obrigada.
Vitória apertou a mão de Mari uma última vez antes de acompanhar a recepcionista para perto do balcão.
Mari seguiu a enfermeira pelos corredores do hospital. Parecia ser um prédio pequeno e modesto por fora, mas seu interior era um verdadeiro labirinto. Ela a conduziu para um corredor em que ficavam os quartos dos pacientes. Havia algumas cadeiras de espera ao lado das portas, e foi em uma dessas que ela viu Nico, os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto escondido nas mãos.
- Nico?
Ele ergueu a cabeça diante do som da voz dela, mas não se mexeu. Mari notou o rosto úmido dele e as linhas de preocupação na testa.
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Um castelo de presente
RomanceMariella não esperava herdar um castelo medieval italiano da noite para o dia. Ela estava ocupada demais tentando criar o irmão mais novo depois da morte da mãe e escrever seu novo livro no tempo certo para ficar sonhando acordada com heranças, cast...