dumb blonde

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Grau de gatilho; 🟢

Não entrava na minha cabeça que Chantelle morava nesse lixão, ela parece ser de linha nobre. Mas tudo o que eu queria saber é como eles bebiam a água dessa caixa lotada de sanguessugas, que nojo. Eu já fui pobre, mas fome nunca passei, eu realmente vi que ela estava faminta.

Eu observava ela me olhar de relance enquanto eu espremia minha camisa molhada.

— É, vai demorar pra secar. — Eu me virei para ela, colocando a camisa enrolada em meu ombro.

— Está literalmente uns 4 graus, você vai ficar assim? — Ela colocou suas duas mãos na cintura, como Bill sempre faz.

— Está preocupada? — A questionei, fazendo a mesma dar dois passos para trás, pensando no que dizer.

— Não, acontece que se você morrer aqui, eu vou presa né? —

— Sou imune ao frio, apenas sinto calor. — Afirmei.

— Está com calor agora? — Ela riu.

— Talvez. — Ri de volta.

— As baratas são atraídas pelo calor. — Ela zombou.

— Você não quer sair daqui não?.. — Reclamei.

— Meu pai não gosta que eu saia. — Ela disse, perdendo o brilho existente em seus olhos.

— Quando diz "pai" quer dizer, aquele bêbado caído no chão, que vai dormir pelas próximas quatro horas? — Apontei para o mesmo babando em cima de sua cerveja.

— Ele mesmo. — Ela cruzou os braços.

— Te garanto que antes de voltarmos ele ainda vai estar dormindo. — Afirmei.

— E por que eu confiaria num estranho? — Ela levantou uma de suas sobrancelhas.

— Você não me é estranha. — Duvidei passando a mão pelo queixo confuso.

— Já deve ter visto minha irmã, ela trabalha numa cafeteria de dia e de noite num bar. — Ela disse, andando até o que parecia um sofá.

— Talvez. — Eu suspeitava enquanto ia em direção a janela.

— Vamos? — Eu perguntei.

Ela parecia desconfiada.

— Gosta de sorvete? — Sugeri, a fazendo me olhar com alegria, seu brilho voltou.

— Se você me sequestrar eu te mato. — Ela disse, andando até a janela.

— Sobe.

A loira logo se ajeitou na janela ao meu lado, eu agarrei seu ombro, a pressionando contra mim, assim pulamos. Sem nenhum problema ao chegar no chão, acabei danificando um pedaço do solo ao pisar firme. Assim que saímos, Chantelle não tirava seus olhos do céu, como se fosse algo novo.

— Vive no calabouço? — Zoei.

— E se eu viver? Tem algo com isso? — Disse ela arrumando seus longos cabelos, bagunçados antes pelo salto.

— Por que está assim? — Perguntei intrigado.

— Eu não confio em você, Tom. Quem sabe você não me leva para um canto qualquer e arranca minha cabeça fora. — Ela suspirava me olhando torto.

— Não precisa confiar em mim, é so que você não dura muito tempo ai. — A respondi enquanto andava para fora do lugar.

— Se acha que eu sou uma garotinha frágil, que vai pular no seu colo, para realizar todos os meus sonhos, está enganado. — Gritava para mim, que já estava distante.

𝓥 𝓔 𝓝 𝓞 𝓜  - 𝒯𝒪𝑀 𝒦𝒜𝒰𝐿𝐼𝒯𝒵 ( TRANCADA ) Onde histórias criam vida. Descubra agora