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Cheguei em casa ás seis da tarde, minha mãe só chegaria ás onze porque como dissera mais cedo hoje voltaria mais tarde. A casa estava silenciosa e fria, subi as escadas ate o banheiro para tomar um banho, assim que fechei a porta ouvi passos do lado de fora, abri novamente meio desconfiada.
- mãe?- gritei.
Mas aparentemente eu estava sozinha...
- mãe?- tentei de novo.
Mas não havia mais ninguem na casa. ' é coisa da minha cabeça ' pensei...
Depois do banho fui para a sala assistir ao meu programa favorito ,America netx top model, a garota que eu gostava havia sido desclassificada por isso eu não estava tão animada com a ideia de assistir, mas não havia nada melhor para se fazer naquele momento.
Um calafrio percorreu meu corpo quando de canto de olho pude ver uma sombra se movendo rapidamente, procurei meu celular mas o havia deixado no quarto. Foi horrivel, a coisa toda, a sensação de não estar sozinha quando era para se estar. E de repente meu celular tocou, mas o engraçado é que ele não estava no quarto como deveria, ele estava agora na mesa da cozinha, o toque estridente me encheu de pânico, então corri para atender.
- oi. - falei, a voz trêmula e baixa.
- amiga você ta bem? - Lucy perguntou notando o medo em minha voz- aconteceu alguma coisa?
- na verdade aconteceu... - eu não conseguia parar de analisar a casa de minuto em minuto, eu não estava sozinha, eu sentia isso.
- quer que eu vá ai? Chego em meia hora.
A ideia de esperar meia hora fez outro calafrio percorrer meu corpo, eu não ia ficar ali sozinha por mais meia hora, não mesmo.
- eu vou ai o.k.?- falei já pegando as chaves no balcão-chego em meia hora.

* * *

Andei o mais rapido que consegui, eu estava começando a ficar paranoica, qualquer pessoa que eu via, eu imaginava ser a sombra na minha casa, e poderia ser, poderia ser qualquer um. Ou tambem poderia ser coisa da minha cabeça, os passos e todo o resto, poderiam ser um efeito colateral de algo que eu havia comido ou bebido, ou eu poderia estar ficando louca. Espera... eu estava mesmo aceitando a ideia de que o que eu havia ouvido, visto e sentido era pura imaginação?
Eu estava nadando nesses pensamentos quando abruptamente trombei em alguem.
- você esta... - parei no meio da frase quando vi os olhos negros de Daniel fixados nos meus.
- eu estou... - saiu mais como uma pergunta.
- você esta bem? Quer dizer, eu te machuquei?- eu acabei rindo da minha propria desorientação, e ele também.
- não, mas se continuar trombando em mim assim vai acabar se machucando- ele sorriu, um sorriso condescendente que até então eu não havia visto.
- vou acabar me machucando?- questionei ironicamente.
- quer apostar?- ele arqueou as sobrancelhas.
- se eu apostasse, isso significaria que eu teria que te trombar mais vezes. - falei.
- seria uma honra- ele brincou, uma brincadeira que foi meio que uma cantada, ao pensar nisso corei, o que me deixou um tanto nervosa.
- fique esperando a proxima então. - chequei as horas- preciso ir...
- esta indo pra lá? - ele apontou para a rua à nossa frente.
- é... - falei secamente, eu acabara de lembrar do incidente na minha casa, conversar com Daniel havia me feito esquecer totalmente mas quando ele me lembrou de onde eu estava indo, toda a agonia voltou e aquilo foi horrivel.
- e eu posso te acompanhar?- ele encostou o polegar em minha bochecha- parece pálida, aconteceu alguma coisa?
- é, aconteceu. - falei- é uma longa historia...
- tenho tempo- ele falou, deu dois passos para frente e fez sinal para eu segui-lo- vamos?

Entre luz e TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora