"36"

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No dia seguinte fiquei meio perdida, meio distante, pensamentos variados invadiam minha cabeça e me deixavam confusa.
Comecei a pensar no ultimo dia em que minha vida era total e completamente normal, e não fiquei surpreendida ao ver que tinha sido no dia que trombei Daniel na escola, no dia que olhei dentro daqueles olhos negros e provocadores.
Dominic permaneceu grudado nas gemeas como um imã, e sempre dava ideias que sabia que eu iria odiar. Lucy estava caidinha por ele, e isso a fazia aceitar todos as ideias dele. Uma pitada de ciume pairou sobre mim até o dia que elas foram em bora.
A despedida foi horrivel, mas fiquei feliz, graças a Dominic elas tinham se divertido, eu queria que fosse comigo é claro, mas ao menos elas querem voltar.
Era domingo, seis da tarde, eu estava ansiosa por uma visita de Daniel, eu tinha decidido, após passar o dia todo pensando, que precisava muito da ajuda dele.
Ja beirava às oito e nada de Daniel, resolvi mandar uma mensagem pedindo que ele viesse. Dez minutos depois ele apareceu do meu lado com uma caixa de presente com papel azul bebê, minha cor favorita.
- A porta ainda não é uma opção pra você? - perguntei enquanto fechava a porta, embora não fosse nada de mais, não queria que vissem Daniel dentro do meu quarto.
- sentiu saudade? - ele disse sorridente enquanto se deitava em minha cama.
- preciso da sua ajuda pra uma coisa...
- tratamos de negocios depois anjo, não vai abrir seu presente?
- Não obrigada! - cruzei os braços- quero conversar agora.
- claro! - ele disse e então indicou com a cabeça o presente nos pés da cama - Assim que abrir...
Bufei e peguei o presente, o que Daniel walters, o garoto mais imprevisivel do mundo estaria me dando?
Fiquei alguns segundos constrangedores lutando com o papel estratégicamente colado em todos os lugares, o que dificultava um pouco as coisas. Dentro da caixa estava um colar, mas não um colar comum: de uma corda fina e preta pendia uma pedra, era de um tom rosado e a corda fazia formas a mantendo bem presa. Ao todo era um colar simples, porém, tinha um certo charme só dele.
Daniel se levantou da cama e veio até mim, pegou o colar das minhas mãos mas notei que fez um esforço enorme para não tocar na pedra.
- Elas absorvem energia... - ele disse enquanto amarrava o colar em meu pescoço, me fazendo arrepiar.
- oi?
- as pedras, elas absorvem energia... - ele acariciou meus cachos - e quando ela absorve muita energia, acaba quebrando.
Toquei a pedra meio pensativa.
- nasceu em maio certo?- Daniel perguntou, ficando agora à minha frente.
- sim...
- Na verdade não... - ele sorriu - você nasceu em julho, seu signo é leão, essa é a pedra do seu signo.
Abri a boca para falar mas Daniel foi mais rapido.
- Eu poderia ter comprado a de touro, mas ela se partiria em algumas semanas...
- Como? Eu... a data do meu aniversario, é a data da filha que morreu não é? Cinco de maio.
Ele assentiu.
- Dia vinte quatro de julho, essa é a verdadeira data - tocou meu rosto com o polegar.
- tudo bem! - afastei aquilo da minha mente e comecei a pensar em outras coisas para me recompor - sobre aquela historia que me contou... meus pais são -respirei fundo - um arcanjo e um demônio certo?
- Por que exatamente?
- quero conhece-los, isso é possivel?
- Não! Isso não Analu... não vou deixar você correr riscos.
- mas... hipotéticamente falando, se você estivesse disposto a me ajudar, acha que eu poderia conhecê-los?- Daniel me encarou.
- sim, mas você não vai!
- bom... se não quer me ajudar posso procurar outra pessoa.- toquei a pedra novamente enquanto Daniel andava de um lado para o outro impaciente.
- não vou deixar.
- aé? O que vai fazer? Me trancar no quarto pra sempre?
- se for preciso, sim!
Daniel não era tão forte, não podia ser, então resolvi jogar sujo, as vezes pessoas boas fazem coisas ruins, certo?
Fingi estar prestes a chorar, e me sentei na cama.
- Tudo bem Daniel... eu só... achei que você poderia me ajudar a não me sentir assim, tão... mas você não quer! Então tudo bem, depois de alguns anos talvez isso passe, talvez eu consiga não chorar sempre que ficar sosinha!
- Pare já com isso. - ele disse enquanto mexia no cabelo frenéticamente.
- eu só queria saber a verdade... você não sabe o que é viver uma mentira, sabe?
Ele andou até a janela e sem nem olhar para tras disse:
- Eu vou analisar as opções, mas se tiver um por cento a mais de risco do que imagino, você pode desistir dessa ideia!
Dizendo isso foi em bora, deitei na cama e sorri satisfeita, Daniel podia ser o que fosse, mas ainda era um homem, e homens são extremamente manipuláveis.

Entre luz e TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora