Ayla & Os Fire Dogs

11 - Alguem falou em bebidas?

Eu entendia um pouco o motivo de Eros ser contra a ideia de eu me juntar a eles depois daquela noite. Aos seus olhos sou alguem sem experiencia alguma, e que certamente nunca correu risco de vida antes ou sequer encarou a morte. O que nao deixa de ser verdade, já que uma vida pirata pra mim nunca passou de fantasia, mas pra eles, sempre foi uma dura realidade.

Sem falar que é até sensato, afinal eu não sou uma desconhecida normal para eles, sou alguém de outro mundo, é muito válido ele desconfiar e não gostar de mim.

Mas bem, ninguem aqui sabe que ao menos fiz esgrima quando pequena até o primeiro ano do ensino medio, participei de competições e tenho até algumas medalhas. Em Campos dos Goytacazes não se tem isso, eu tinha que ir pra outra cidade duas vezes por semana, onde um tio meu mora com a familia, pois era algo que eu sempre quis aprender. Meu pai achava ótimo mas lembro que minha mãe nao gostava muito ate me ver ganhar da primeira vez. E ela me fez ter aulas de auto defesa também.

Entretanto, é óbvio que sei que isso não deve ser o suficiente pra eu poder dizer que está tudo bem em me juntar a eles, e claramente, suas espadas devem ser mais pesadas que a de esgrima mas...

— Por favor, — Todos já estavam conversando sobre coisas aleatórias, mas focaram sua atenção em mim. — eu não quero ser um peso morto pra vocês, então o que puderem me ensinar prometo me esforçar.

— Eu realmente gostei de você! — Alishma me abraçou de lado toda sorridente, deu um beijo rápido em minha bochecha e eu fiquei sem graça. — Nos diga, tem alguma arma que você possa já ter usado ou tenha alguma familiaridade?

— Essa eu quero ver! — disse Eros com um sorriso de lado e um olhar em desafio. — Duvido muito que essa estranha já tenha tocado em sequer uma espada, no mundo dela as coisas são diferentes. — todos ficaram em silêncio com olhares curiosos e senti que, eu e esse palhaço começaremos de novo e tentei nao me irritar.

— Pois é, no meu mundo, uma luta com espadas é considerado esporte ou tradição e cultura de um povo. — Sorri quando ele fez uma careta. — Tudo o que sei de uma luta com espadas, aprendi ao praticar esgrima por uns anos, então espada é a única arma que posso dizer ter alguma afinidade. — vi que Eros queria dizer algo mas não teve a chance.

— Isso é perfeito! — exclamou a ruiva, Nimra eu acho, que sorriu de lado. — Eros é o nosso melhor espadachim. Não é atoa ele ser o braço direito do capitão, ele pode te ensinar algo quando você nos visitar, até que de fato se junte a nós, e então, problema resolvido.

— É uma boa! Pois agora, ele não vai ter mais do que reclamar. — Silas concordou cruzando os braços.

Ele sorria de modo provocativo ao olhar pro moreno de olhos que queimavam como labaredas de fogo. Agora sim esse cara parecia irritado. Ele deve me odiar muito agora.

— Só por isso acham que eu tenho que ensinar algo a ela? — retrucou o bravinho. — Isso está fora de questão! — sua voz saiu bem grossa agora, e ele se afastou de nós, indo em direção a proa a passos largos.

É... Eros me odeia, mas pelo menos posso dizer que é recíproco, eu acho... O que ele tem de bonito tem de idiota grosseiro! Não gosta de mim? Ok, mas precisa disso?

— Não liga pra ele, não. — Alishma bagunçou meus cabelos me fazendo sorrir. Ela era bem simpática e aquilo me deixava tranquila.

— Me pergunto se é só o motivo dela nunca ter visto piratas que o irrita tanto, ou se tem alguma coisa a mais aí. — Silas tinha a mão no queixo com um olhar distante e pensativo.

— Eu sei que eu preciso de uma bebida! — Devika ergueu a mão aberta com um grande sorriso naqueles labios rubros.

— Ah, não mais que eu! — Alishma  ergueu a mão animada.