9.Todo sentimento omisso gera algum tipo conflito

212 21 3
                                    

Capítulo levinho e pré-revisado. Boa leitura.


Todo sentimento omisso gera algum tipo conflito


O platinado andava pelas ruas noturnas de Camelot completamente alheio, os pensamentos destoantes quando tentava crer no que realmente viu, Ban não retornou para a festa, não tinha condições, não quando a cabeça fervilhava com lembranças tão doloridas.

Parando no boteco mais próximo de sua casa, pediu uma cerveja qualquer, mesmo sabendo que iria reclamar pelo sabor e a péssima qualidade. Afinal, esse foi um dos motivos que o motivou a seguir tal profissão.

A cerveja desceu amarga e gelada o suficiente para que não pensasse no sabor e desse um leve na mente ao ponto de focar no que realmente impor, ou seja, a gravidez, de imediato se recordou de sua amada, a primeira e única esposa, pagando assim pela bebida é indo para casa. Mal adentrou o cômodo retirando a camisa e os sapatos, caminhou até a cozinha apenas para abrir a geladeira e pegar uma garrafa de vinho a muito esquecida.

-- Mas que porra eu estou fazendo? -- Colocando de volta no local se deitou no sofá, olhando para o teto, tentando não pensar a respeito, mas foi impossível.

"Ban eu quero um filho, o quê você acha de tentarmos?" -- O pensamento ecoou na cabeça do platinado, que logo respirou pesado.
Naquela época o casal jovem se viu cheio de expectativas a respeito de um possível futuro, Elaine e Ban estavam juntos a muitos anos e a ideia de aumentar a família era algo natural entre ambos, mas infelizmente o destino não quis...

Piscando mais uma vez o platinado tentou dormir se perdendo nas imagens de Elaine ainda grávida no passado antes daquela maldita tarde onde ambos sofreram até o fim da vida da loira que infelizmente não durou muito, levando-o a viu vez antes dos vinte e cinco e agora com quase trinta e dois teria um filho. Algo que Ban nunca se perguntou se realmente queria, mas agora é tarde, não é mesmo? Pensasse antes de transar com a universitária sem camisinha.

-- Merda, onde eu estava com a cabeça? -- Passou as mãos pelos cabelos. -- Na verdade, eu nunca consigo pensar direito com aquela garota, eu só ajo.

Afirmou para si recordando de todas às vezes que esteve com Jericho intimamente desde que a beijou pela primeira vez, diferente de quando saia com Selene, ele simplesmente era metódico e muito precavido, já com o lilás a levava para a casa e chegou a não se importar com proteção.

-- Pelo menos eu sou rico e não passarão por necessidade nenhuma. Agora só falto ela me procurar, merda Jericho, anda logo com isso.

Resmungou, respirou fundo diversas vezes antes de finalmente adormecer, sendo traído pela própria mente que insistia em demonstrar o passado e o convergir com a gravidez de Jericho, no fim não descansou o suficiente e teria muito com o que arcar para continuar dormindo.

[...]

O bar estava fechado, o platinado adentrou o local de óculos escuros e camisa aberta, indo em direção à cozinha.

-- Parece que foi expulso de um bordel de tão mal que está. -- A voz irônica veio de Meliodas que sorria de leve e Ban nem se incomodou. O Lincourt simplesmente sentou na banqueta e puxou uma das garrafas que ficavam sobre a mesa, virou em um dos copos e bebeu de uma vez, sem noção de que horas eram ou se aquele seria o primeiro líquido a adentrar seu estômago.

-- Ela está grávida. -- A voz saiu bem suave sem se importar com o que causaria no amigo, conforme confirmava com um olhar vago na parede e Meliodas parou o que estava fazendo simplesmente para o observar:

-- Como é que é o negócio Ban? -- O loiro o encarou sério.

-- É isso mesmo que você escutou capitão. A garota esta grávida.

-- E você tem certeza que é seu?

-- Noventa e nove por cento de certeza, mas o um por cento eu não atesto nem a minha sobriedade, só não entendo por que ela escondeu. -- encarou o copo vazio rodando na mão enquanto Meliodas procurava uma justificativa momentânea para a ação de Jericho.

-- Talvez tenha descoberto recentemente e ainda esteja lidando com isso.

-- Ou não planejava me contar. -- Ban afirmou, no fundo, sentia que essa era a verdade.

-- Deixe-me ver -- Meliodas ponderou tirando a bebida de perto do amigo e servindo um café para o platinado: -- Se eu fosse uma mulher que fode com você, um cara que literalmente tem no mínimo uma ficante por semana... Nossa que nojo, ainda bem que parei de fazer isso. Agora eu entendo quando a Elizabeth me largou, se bem que ela fez o mesmo comigo no troco, muito bem-merecido. Enfim, se eu fosse sua garota ficaria apreensiva de te contar, vai que você, sei lá, acha que sou igual a você e sai por aí sentando em todo mundo? Duvidar da minha integridade jamais!

-- Onde você aprendeu essa porra? Tá falando que nem gente capitão. -- Ban bebeu o café fazendo uma careta por estar sem açúcar.

-- Primeiro vai se foder, segundo eu estou fazendo terapia. Só assim para aguentar minha família de merda, mas o caso aqui é você e sua provável falta de confiança. Não estou me referindo a você e sim a confiança que não conseguiu passar para ela.

-- É o capitão, está certo! A conversa estava estranha e fez finalmente sentido. -- A voz veio detrás do balcão e Ban apenas se inclinou para ver Arlequim dormindo em uma enorme almofada verde.

-- Tá fazendo o que aqui?

-- Fiquei de ajudar o capitão a arrumar a adega e agora estava descansando. -- Arlequim sorriu. -- A propósito, meus parabéns, creio que Elaine ficaria feliz por seguir em frente. -- A voz de King saiu um pouco baixa, realmente sentia-se bem pelo cunhado.

-- Não fala besteira King, nada é assim. Agora eu preciso ir, valeu pelo café e pelo papel capitão. -- Ban se levantou, a cabeça ainda dolorida e um pouco introspectivo pelos pensamentos em mente.

-- Ah, antes que eu esqueça, a sua irmã ta na minha casa. Depois passa por lá antes que as coisas saiam do controle.

Assentindo o Lincourt deixou o local e enquanto isso, no quarto da república feminina, Jericho sentia a cabeça doer, havia chorado bastante de noite e nem sabia o porquê. Logo pela manhã ainda estava sozinha e sem ter com quem conversar, com isso se entupiu de comida enquanto a mente trabalhava contra e infelizmente, o resultado foram horas no banheiro. Agora recuperada após um bom banho e uma refeição simples que não enjoava, finalmente seguiu para o campus, dessa vez usava um vestido soltinho e tênis branco padrão, a bolsa de ombros com tudo o que precisava e a direção era apenas uma, a biblioteca, queria compreender bem o que faria no trabalho mesmo que fosse o mínimo fora extravasar a mente, sempre com pensamentos negativos as reações de Ban quando, na verdade, não queria o confrontar ou lidar com os próprios ideais conflituosos.

Deveria abortar? Queria abortar? Como lidaria com uma gravidez na universidade? Seria mãe solteira? Quais seriam as ideias dele?

Cada pergunta formava um novo bolor no estômago, uma nova confusão na mente tão cheia de problemas. Jericho passou na cafeteria para comprar um bolinho do qual sentia um curto desejo em comer e depois seguiu para fora do local, talvez estar emersa em algo afastasse cada pensamento cruel de sua mente.

Duas listras | BanOnde histórias criam vida. Descubra agora