-- Precisamos conversar. -- Ban afirmou conforme os lábios de Jericho pareciam selados.
Jericho sentiu um nó se formar em sua garganta enquanto observava Ban pegar seus livros e sua bolsa. Ela sabia que essa conversa era inevitável, mas isso não tornava as coisas mais fáceis, engoliu em seco, tentando reunir a coragem que aparentemente foi embora enquanto seus olhos se encontravam com os de Ban.
-- Sim, precisamos -- ela finalmente respondeu, sua voz soando mais frágil do que gostaria.
Ban assentiu, parecendo notar a tensão que pairava entre eles. Ele respirou fundo antes de falar novamente, sentindo que parte dessa tensão se devia a ele e suas reações exasperadas quando estava extremamente bêbado.
-- Eu sei que não agi da melhor forma com você... -- ele começou, suas palavras saindo em um murmúrio. -- Mas se esse filho é meu, não dá pra ignorar a conversa.
-- As coisas estão tão confusas... Eu não sei o que fazer em relação a essa gravidez. -- Jericho admitiu, despida de suas inseguranças a respeito do bebê por pelo menos um minuto e então olhou a face de Ban, que soltou um suspiro, parecendo entender sua hesitação e já a encaminhando para o carro.
-- Eu entendo. Vamos conversar em um local apropriado, longe de tanta gente fofoqueira. -- O platinado notou alguns olhares sobre eles conforme caminhavam até o carro. -- Vamos para a minha casa.
A afirmação deixou a lilás sem saída, mas não se sentiu mal por isso.
O trajeto até a casa do platinado foi feito em silêncio, hora ou outra, Ban desviava o olhar para ela, notando como as bochechas estavam um pouco mais redondas, a pele mais bonita e o olhar distante na janela contemplando a paisagem usual. Ban estacionou na garagem interna e pegou os livros.
-- Quando começou a carregar esse peso? -- Ele abriu a porta, dando espaço para ela entrar.
-- Eu comecei a trabalhar na biblioteca recentemente. Inclusive foi o motivo da minha demora, peço desculpas por isso. -- Sussurrou desviando o olhar e largando a bolsa no sofá, e claro que ele não caiu nessa, mas não poderia simplesmente afirmar que sabia que ela estava mentindo ou fugindo.
-- Entendo, vamos comer e conversamos, pode ser? -- Ban seguiu até a cozinha e ela fez o mesmo, na verdade, conhecia bem o primeiro andar da casa, já que costumava transar com ele ali. Exceto na primeira vez que Ban estava um pouco alto pelo álcool, mas completamente sã e o que começou no sofá terminou na cama.
Jericho sentou no banquinho apoiando as mãos na bancada, observando os trejeitos dele, a forma como dobrava as mangas da camisa social, as mãos sendo lavadas calmamente antes de separar a tábua de madeira para os legumes crus e a faca afiada, depois a tábua para as carnes e por último os temperos, e mais uma vez a mente dela vagou.
Eu não sei nem fritar um ovo, como vou cuidar dessa criança? Eu sei me virar muito bem, mas não cozinho nada!
Ela espremeu os lábios conforme via aptidão de Ban na cozinha e, quando ele acabou de preparar a salada, serviu a ela.
-- Prova um pouco. Deve estar cheia de fome, para estar com a cara tão feia assim. -- As bochechas dela ficaram vermelhas.
-- Hei! -- Reclamou aceitando o garfo enquanto Ban se virou, indo em direção à bancada e claro que deu um sorrisinho.
-- Está do seu agrado? -- Ok, se a ideia dele era quebrar a lilás, estava conseguindo. Não que Ban seja um ogro, mas estava mais cuidadoso do que o normal e Jericho gostou dessa sensação, mesmo que quisesse a afastar, pois, no final, sempre acabava.
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Duas listras | Ban
RomanceEla encarava as duas listras com descrença, sentindo o peito doer. Como raios deixou aquilo acontecer? Tinha certeza de que se protegeu e agora para piorar tinha que lidar com mais de um problema, prestes a entrar para a liga das paladinas via o se...