16 - Conexão (POV LUCY)

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As horas passavam arrastadas, como se eu estivesse parada no tempo. Eu fiquei arrasada com a morte de Douglas e Cheryl. Se eles estavam mortos, imagina os outros que sumiram? Tudo que fiz, os riscos que enfrentei e tudo que houve comigo ao lado de Felix parecia ter sido apenas um ato egoísta, um gesto homicida que parecia ter apenas piorado nossa situação. Nunca deveria ter ido embora sem comunicar aos outros, ou melhor, nunca deveria ter partido com o Felix naquele dia.

Quando me retirei da cozinha depois da discussão com Felix, voltei para a sala de estar e vi alguns desenhos psicodélicos sobre a mesa central. Como foi parar ali, eu não fazia ideia. Ao soltar os desenhos de volta à mesa, olhei para o lado e vi o cadáver de Douglas no corredor. Minhas mãos não paravam de tremer e uma dor invadiu o meu peito, mais forte do que quando foi com a morte de Greg e com a morte do Charlie.

Eu não conseguia parar de chorar. Os soluços, a visão turva pelas lágrimas e as piores cenas possíveis do que poderia ter acontecido naquela casa, passando pela minha cabeça.

Olhei para a escada e decidi subir para verificar os quartos, mas Felix me impediu.

― Não suba, eu já isolei os cômodos lá de cima. Você não precisa ver aquilo ― ele segurava o meu pulso enquanto dizia, com um olhar penoso.

Eu assenti, me soltando dele.

― Me deixe em paz ― falei, indo para o antigo quarto que eu costumava ficar na casa de Greg: o quarto dos fundos.

Chegando no cômodo, tirei os sapatos e soltei o rabo de cavalo. Era como se uma âncora continuasse pesando em meus ombros. Fui até o banheiro que havia dentro do quarto e verifiquei o nível de água do chuveiro. Não estava quente, mas tinha água, então tomei um banho rápido e troquei de roupa, colocando uma peça masculina que encontrei em uma gaveta da cômoda ― provavelmente era de Greg, mas eu não me importava portanto que estivesse vestida.

Me joguei sobre a cama, abafando um longo suspiro no travesseiro. Depois virei meu corpo para cima e encarei o teto, pensando na discussão com Felix.

― Eu culpei ele pelas mortes, não foi legal. ― pensei comigo mesma ― Não tinha mesmo como saber... que droga.

Me levantei e fui até a cozinha para me desculpar com Felix, mas ele não estava lá.

― Felix? ― entrei na cozinha, percebi que o corpo do homem desconhecido não estava mais lá e havia um aparelho sobre o balcão, chiando e repleto de fitas ― Esse é o comunicador... Parece que Felix conseguiu consertar. Onde ele está?

Apanhei o comunicador e continuei procurando-o. O comunicador parecia sem sinal. Enquanto caminhava pela casa, adentrei a sala e me deparei com Felix inconsciente com a cabeça sobre a mesinha central.

― MERDA, FELIX!! ― corri até ele e levantei sua cabeça, encostando-o no sofá. Seus olhos estavam fechados e ele tinha pulso, mas seu nariz estava repleto de um pó branco.

Olhei com pânico para a área da mesinha onde estava sua cabeça e me indignei ao avistar resquícios de drogas. Felix tinha voltado com os antigos vícios. Provavelmente pegou os pacotes restantes que estavam no bolso do seu moletom camuflado. Por que ele fez isso?!

Não demorou muito para o cretino abrir os olhos e me encarar indiferente.

― Ah, Lucy, é você ― sua voz soou arrastada ― Não sei o que houve com essa cocaína, mas acho que passou do prazo de validade. Não fez nenhum efeito como pensei que faria.

― Você tem merda na cabeça, seu idiota? Por que fez isso?! ― perguntei, encarando-o séria.

Felix não respondeu, em vez disso, me encarou com uma expressão vazia. O comunicador na minha mão começou a chiar mais alto interrompendo o silêncio entre nós, Felix e eu olhamos para ele.

𝗕𝗜𝗥𝗗 𝗕𝗢𝗫, a história não registradaOnde histórias criam vida. Descubra agora