8 - Paraíso (POV LUCY)

57 6 14
                                    

Colocamos nossas vendas, respiramos fundo e nos preparamos para sair do carro. Eu estava nervosa, não sabia o que me, ou melhor, o que nos esperava lá fora.

― No três ― disse Tom ― Um, dois, três.

Saímos do carro, vendados e cegos.

― Eu bati em alguma coisa. No que eu bati? ― Malorie perguntava.

― É só um pilar. ― respondeu Charlie.

― Onde fica a porta? ― Tom perguntou.

― A porta deve estar a poucos passos de distância, do lado esquerdo ― respondeu novamente Charlie.

― Onde? ― Tom perguntou.

― Não consigo, eu tô perdido! ― a voz de Douglas dizia atrás de mim.

Eu andava segurando a manga da blusa da pessoa que estava na minha frente, podia sentir a luz do sol sobre a venda e o vento soprando forte. Depois escutei um barulho de chaves.

― Aqui, acho que encontrei um cadeado! ― Tom gritou ― Será que a chave entrou?

― Está quase, posso sentir pelo som ― disse Charlie.

Depois de alguns segundos, um som de cadeado se abrindo ecoou.

― Consegui ― disse Tom.

Ainda segurando a blusa de alguém, dei alguns passos para frente e não senti mais uma luz sobre a venda nem o vento soprando, notei que já estávamos dentro do mercado ao ouvir o barulho da porta.

― Entramos ― Tom respirava fundo.

― Olá? ― perguntei alto.

― Shh! Não sabemos quem pode estar aqui! ― Tom falou ― Eu vou checar as janelas, não olhem ainda.

Mantinhamos os olhos vendados. Eu permanecia parada onde estava.

― Acho que tá tudo bem. Podem tirar ― disse Tom depois de poucos minutos.

Tiramos as vendas lentamente. Olhamos as coisas ao redor. Corredores e corredores de comida e utensílios. Parecia o paraíso diante de nós.

― Meu Deus ― Malorie tirava a venda boquiaberta.

― Cara, a gente se deu bem! ― Douglas sorriu.

Malorie foi para o corredor de enlatados, Douglas não esperou nem mais um segundo para ir para o de bebidas, Tom foi atrás dos eletrônicos e eu fui até os utensílios de higiene.

Charlie nos orientava qual corredor tinha tal coisa já que conhecia o lugar. Ele ter ido com a gente foi mesmo útil para que conseguíssemos entrar.

"Hoje é o dia mais incrível de todos" ― eu dizia comigo mesma, não fazendo ideia de que algo terrível ainda estava por vir.

Peguei um carrinho de mercado e fui pegando o que precisava. Cheguei no corredor sete onde estava Douglas. Seu carrinho estava lotado de besteiras e bebidas, não era de se surpreender.

― Cara, ainda bem que eu vim junto. Este é, realmente, o lugar mais feliz do mundo ― disse ele com uma garrafa na mão e enchendo a cara de bebida.

― Pode crer ― respondi, arrastando o carrinho e adentrando o corredor mais a frente.

Minutos se passaram, eu olhei o que tinha nas prateleiras dos outros corredores e os demais fizeram o mesmo, pegando somente o essencial.

Uma hora Douglas já embriagado chamou nossa atenção.

― Atenção, clientes, por favor comparecer ao corredor sete. Eu tenho um grande anúncio para fazer! Senhoras e senhores, por favor...

𝗕𝗜𝗥𝗗 𝗕𝗢𝗫, a história não registradaOnde histórias criam vida. Descubra agora