7 - Ligação (POV FELIX)

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Enquanto o grupo lá fora passava por maus bocados rumo ao mercado Fields, Felix, Cheryl e Olympia estavam na casa esperando a volta dos outros.

* * *

Eu estava sem nada para fazer e percebi que o meu maldito moletom que deixei no sofá havia sumido. Perguntei para a vovó e para a gestante se viram em algum lugar, mas como sempre não viram nada.

Dei uma procurada mas não encontrei aquela droga, literalmente droga porque eu guardava no bolso daquele moletom algumas coisinhas ilícitas. Quando desisti de procurar, deitei no sofá e esperei o retorno do grupo que partiu.

Não vou mentir, se o grupo que saiu morresse, eu seria muito prejudicado. Claro, não tanto quanto Cheryl e Olympia, já que uma era gagá e a outra esperava uma criança. Vários recursos estavam acabando, não tinha nada para comer e mal tinha papel higiênico no banheiro. A situação estava bem precária naquela casa.

De qualquer forma, não apoiei a ideia de irem porque achei que seria batata que todos morreriam antes de colocarem os pés naquele mercado. Mas se voltassem vivos, eu não iria reclamar, obviamente.

Por um momento pensei que, se meu sonho fosse real, não seria tão ruim quanto continuar vivendo daquela forma. Eu já imaginava que todos nós morreríamos e que era apenas uma questão de tempo. Mas, algo ainda me fazia pensar da seguinte forma: "Espere, não faça nada ainda até ver no que essa merda toda vai dar".

Meu telefone, que mal sabia que estava carregado, começou a tocar de repente. Olympia e Cheryl foram até mim e eu atendi o telefone o quanto antes.

― Alô?

"Olá, Felix?!"

― Aquela voz? Não, impossível. Como pode ainda estar viva?! ― pensei.

― Victoria, é você?!

"Sim, sou eu. Que bom que está bem. Por favor, me ajude. Ainda estou na sua casa, você não voltou..."

― Me desculpe, quando saí de casa o caos começou. Você tá bem aí?? Está sozinha?

"Estou sozinha, meu braço dói, acho que quebrou quando tropecei no tapete e cai em cima dele."

― Meu Deus.

"Onde você tá, amor? Eu quero te ver, não aguento mais ficar aqui. Só consegui encontrar meu telefone agora, você sabe como sou esquecida..."

Me emocionei durante a chamada, pensei que minha namorada estivesse morta até então, mas não, estava viva. Aquilo era colírio para os meus olhos, ou melhor, música para os meus ouvidos.

― Fico feliz em saber que está viva. Não se preocupe comigo, estou perto de onde está. Desligue o telefone para não ficar sem bateria depois, tá bom?

"Certo. Mas eu preciso de você... vai vir me buscar, não vai?"

Antes de responder, disfarcei me afastando de Olympia e Cheryl, que me ouviam curiosas.

― Sim, eu te prometo ― respondi, sussurrando e abafando minha voz com a mão ― Se der tudo certo, estarei aí hoje mesmo.

"Sério??",  ela parecia alegre ao ouvir minha resposta, eu sentia falta daquilo, da sua alegria contagiante. "Felix, eu te amo!"

― Também amo você, Victoria.

"Estarei te esperando!"

― Tome cuidado, não olhe para as janelas. Fica aí, entendeu?

"Sim, eu sei. Ouvi pelo rádio que não podemos olhar lá pra fora... Beijos!"

― Beijos...

A chamada foi finalizada, um sorriso sincero surgiu no meu rosto depois de muito tempo. Eu não estava sozinho como pensava, alguém com quem realmente me importava e confiava ainda estava vivo, à minha espera.

Aguarde, Victoria, eu vou te salvar e te proteger como um colete. Não vai ser um apocalipse de merda que vai me impedir. Nada vai, o nosso amor vai muito além de todo esse caos que nos rodeia. Vamos superar isso juntos, lado a lado.

𝗕𝗜𝗥𝗗 𝗕𝗢𝗫, a história não registradaOnde histórias criam vida. Descubra agora