Entre Sombras e Esperança

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Me chamo Mariane Dantas, tenho 25 anos, e atualmente, vivo uma vida permeada por medo e solidão. Nasci em Brasília, filha de dois policiais extremamente competentes e dedicados que, desde cedo, me instruíram sobre autodefesa. Minha infância foi tranquila e feliz, meus pais sempre se esforçaram para proporcionar a melhor vida possível.
Sempre mantive poucos amigos, desconfiando das pessoas ao meu redor, temendo envolvimento com criminosos investigados por meus pais ou o interesse delas em obter informações.
Minha existência sofreu uma reviravolta aos 17 anos, quando meus pais foram brutalmente assassinados numa emboscada durante uma operação secreta envolvendo políticos corruptos. Tornei-me órfã, desesperada e sem rumo. Poucos dias após a morte deles, ligações anônimas e mensagens ameaçadoras começaram a chegar, indicando que eu era o próximo alvo, prestes a encontrar o mesmo destino de meus pais. Em um impulso desesperado, agarrei o pouco dinheiro que possuía e fugi de Brasília.
Buscando um local seguro e uma nova chance de vida, acabei em São Paulo. Aluguei um modesto apartamento numa área arriscada, mas logo percebi que meu dinheiro não duraria muito. Procurei emprego em vários lugares, mas a falta de documentos e experiência tornava a busca infrutífera. Desesperada, sem recursos para o aluguel e necessidades básicas, cogitei a possibilidade de me envolver em atividades ilegais.
O tempo passava, e o emprego continuava inatingível. O senhorio ameaçava me despejar, a comida escasseava, e luz e água já haviam sido cortados. Sozinha, desamparada e desesperada, tomei a decisão mais árdua da minha vida: me prostituir. Odiava a mim mesma por essa escolha, mas não enxergava alternativas. Sentia-me suja e humilhada, tentando convencer-me de que era temporário, que um dia conseguiria superar aquela situação. Iludia-me, pois os anos se passavam, e minha rotina degradante persistia, sem esperanças e sonhos.
Até que, numa noite, algo inacreditável aconteceu. Um cliente sugeriu irmos para uma construção abandonada; achei estranho, mas não questionei. Só queria encerrar aquilo e receber meu dinheiro. Enquanto começávamos a trocar carícias, ouvimos um barulho estranho. Olhei para trás e deparei-me com uma criatura terrível: um ser humanoide de pele vermelha e dentes afiados.
Sem pensar, gritei e saí correndo. Ao olhar para trás, testemunhei o homem que estava comigo sendo derrubado pela criatura, que mordeu seu pescoço, fazendo jorrar sangue. Aterrorizada com aquela cena macabra, corri o mais rápido possível e me escondi em um beco escuro. Fiquei lá por um tempo, tremendo, chorando, sem a mínima ideia do que fazer. Aquele momento de terror pareceu durar horas e ao mesmo tempo segundos.
Só saí do meu esconderijo quando vi uma luz se aproximando. Era uma mulher armada que parecia estar me procurando. Ela se aproximou, perguntou como eu estava, e disse que tinha me visto correndo daquele lugar. Explicou que lidou com aquela criatura e queria me ajudar. Diante do meu estado, ofereceu-se para me levar para casa. Chegando lá, consegui finalmente me acalmar, e ela me elucidou sobre tudo o que estava acontecendo.
Contou-me que fazia parte da Ordo Realitas, revelando que aquela criatura era um Zumbi de Sangue, apenas uma das várias que enfrentava diariamente. Após uma longa conversa, entregou-me um cartão com seu telefone, sugerindo que entrasse em contato caso quisesse ingressar na ordem.
Fiquei confusa e assustada. Não sabia se acreditava naquela mulher ou se tudo era uma loucura. Tentei esquecer o ocorrido, mas a imagem daquele monstro devorando o homem persistia na minha mente. Precisava voltar a trabalhar, pois o dinheiro era escasso, mas como retornar depois de tudo que aconteceu?
Após algumas semanas, tomei uma decisão. Liguei para aquela mulher e disse que queria entender como funcionava a Ordem. Após conhecer a base, convenci-me de que era o caminho a seguir. Estava determinada a fazer o possível para evitar que outras pessoas sofressem como eu havia passado.
Passei por um treinamento intenso para me tornar uma agente, absorvendo habilidades de combate, o manuseio de armas, técnicas de investigação e a capacidade de lidar com diversas situações.
Transformei-me em uma mulher forte e determinada. Alterei meu visual para distanciar-me da antiga vida, adotando roupas largas e mantendo meu cabelo sempre em coque para transmitir uma imagem mais séria. A única lembrança que preservo da minha vida anterior é uma corrente com um pingente de borboleta, um amuleto de sorte presenteado por meus pais.
Apesar do treinamento e da transformação, persistem as dificuldades em confiar nas pessoas, resultantes dos traumas passados. Sinto-me paranoica e desconfiada, embora me esforce para disfarçar esses sentimentos a fim de evitar problemas. Reconheço a necessidade dos meus colegas da Ordem, pois são os únicos capazes de compreender o que vivencio. Embora tente me abrir mais e me aproximar deles, o medo de me ferir ainda persiste. Preciso aprender a confiar novamente e, acima de tudo, a me amar.

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