Capítulo 10

86 7 0
                                    

'Apenas saia! Vá e traga o café da manhã. E uma poção de cura. E NUNCA entre aqui sem bater, NUNCA mais se você valoriza sua vida!

'Sim mestre, claro mestre...' Uma voz rasteira respondeu.

Draco levantou a cabeça do travesseiro, estava quase completamente coberto pelo edredom. Muitas vezes ele dormia assim, enrolado no cobertor, até na cabeça. Isso o fez se sentir seguro.

'Onde estou? O que estou fazendo aqui... Ah. Ah, merda.

Voldemort estava sentado na cama, ele claramente estava acordado há algum tempo e deixou Draco dormir. Draco olhou para ele, envergonhado e assustado. Draco se sentiu muito, muito estranho. Qual era a etiqueta para esta situação? Não era um dos cenários sociais que seus pais lhe ensinaram.

'Bom dia, Draco.' Voldemort disse casualmente. 'Você dormiu bem?'

'Sim. Meu Senhor.' Draco respondeu, sentando-se e olhando para Voldemort em busca de algum tipo de pista sobre o que ele deveria fazer agora. Voldemort passou seu roupão para Draco.

'Vá jogar um pouco de água no rosto, isso vai te ajudar a acordar.' Ele disse a ele.

Draco seguiu suas instruções e ficou grato por passar alguns momentos sozinho no banheiro branco e frio, para acordar e se recompor. Ele se lembrava apenas vagamente de ter estado lá na noite anterior, mas parecia um retiro calmo e seguro. Ele pensou muito pouco no que aconteceria com ele e simplesmente voltou para o quarto. Ele havia chegado ao ponto em que não tinha planos e táticas. Ele só poderia responder ao que aconteceu a seguir da melhor maneira que pudesse imaginar no momento. Ainda havia uma chance de ele voltar para casa.

Draco voltou para a cama, subindo voluntariamente e sentando-se quase exatamente como estava antes de se levantar. Voldemort se inclinou e o beijou. Beijei-o como se fossem duas pessoas comuns acordando juntas na cama, beijei-o como se esta fosse a situação mais normal do mundo. As sobrancelhas levantadas de Draco devem ter revelado sua surpresa.

'Alguma coisa errada, amor?' Voldemort refletiu em um tom descuidado.

'Err, não. Meu Senhor.' Draco mentiu.

'Talvez você sempre pareça tão atordoado e confuso logo pela manhã?' O sorriso de Voldemort tinha uma pontada afiada, mas ele gentilmente acariciou o rosto de Draco enquanto falava. Draco estremeceu um pouco, principalmente porque foi inesperado.

Só então, a porta se abriu e os dois olharam para cima bruscamente. O homem com quem Draco tinha ouvido Voldemort falando antes retornou com uma bandeja nas mãos. Draco não sabia quem ele era, esse homem com feições de roedor. Ele parecia um servo, alguém humilde e sujo. Mas não importa quão humilde ele fosse, ele agora era uma testemunha das atuais circunstâncias de Draco, e isso lhe dava poder sobre Draco, já que Draco não queria que ninguém soubesse disso. Draco abaixou a cabeça e olhou para os lençóis para evitar contato visual. Ele sabia que o homem estava olhando para ele, ele podia sentir isso. Draco era um dos muitos companheiros com quem o Lorde das Trevas dividia sua cama? Este servo estava olhando simplesmente para dar uma olhada na última conquista? Talvez houvesse um diferente a cada noite? Certamente Voldemort não fazia isso todas as noites, e durante o dia tinha energia para planejar uma campanha militar para dominar o mundo?

O criado se apressou com a bandeja do café da manhã e a colocou sobre uma mesinha ao lado da cama.

— Café da manhã, milorde, como você ordenou. Ele sorriu. Voldemort simplesmente acenou para ele. O homem parecido com um rato se aproximou de Draco e olhou para ele por um momento antes de estender uma garra sarnenta para levantar o queixo de Draco e olhar para ele.

'Filho de Lúcio Malfoy!' Ele disse com um sorriso de admiração, como se estivesse parabenizando Voldemort pela conquista. Envergonhado, Draco afastou a cabeça da mão do homem. O homem riu, mas Voldemort não achou graça.

Um flash de luz fez o servo voar pela sala. Ele bateu na parede e caiu no chão. Draco olhou para Voldemort, que estava com a varinha em punho, o rosto nublado de fúria.

— Toque nele de novo, Rabicho, e eu vou torturá-lo até você esquecer seu próprio nome, seu desgraçado de escória. Voldemort cuspiu, com a voz irritada, mas fria o suficiente para deixar Rabicho saber que isso não era uma ameaça vazia.

Rabicho correu até a porta.

'Sinto muito, mestre.' Ele rastejou ao sair da sala o mais rápido que pôde.

Voldemort largou a varinha e virou-se para Draco, mais uma vez calmo e sereno.

'Devo me desculpar, Draco, pelo mau comportamento do meu servo. Ele não agirá dessa maneira com você novamente. Voldemort disse com uma voz civilizada. Draco simplesmente assentiu, ele não sabia o que dizer.

Voldemort virou-se para a mesa e entregou uma xícara de chá a Draco. Draco olhou para ele com desconfiança. O conteúdo parecia chá, e ele teria praticamente matado por um pouco, mas ele não confiava muito nisso. Voldemort também bebeu uma xícara.

'É perfeitamente seguro, amor!' Voldemort sorriu e bebeu um pouco para provar isso.

'Inferno!' Pensou Draco, 'Mesmo que esteja envenenado, eu não me importo!' Ele bebeu com gratidão. Voldemort serviu-lhe atentamente um pouco mais. Ele estendeu um prato para Draco, com torradas marrom-escuras.

'Coma alguma coisa, Draco.' Voldemort encorajou. 'Você é muito magro, não acho que seus pais te alimentem o suficiente.'

Draco sentou-se um pouco ao ouvir a menção de seus pais. Ele hesitantemente pegou um pedaço da torrada e fez o possível para comer. Draco não era um bom comedor na melhor das hipóteses, e agora ele achava isso muito difícil.

Draco quase teve vontade de rir, do jeito que as pessoas fazem quando estão nervosas e sabem que não deveriam. Esta foi, sem dúvida, a situação mais estranha em que ele já esteve. Tomando café da manhã na cama com Lord Voldemort? Como isso aconteceu? E por que o café da manhã era mais estranho e desconfortável que o sexo? O sexo era animalesco, Draco poderia alegar algum grau de negligência, alguma perda de controle sobre suas ações, mas isso, isso era algo completamente diferente. Isto foi civilizado. Esse era o tipo de coisa que as pessoas normais faziam. Voldemort não era uma pessoa normal. Draco já tinha sido, mas tinha certeza de que não era agora. De alguma forma ele conseguiu comer meia fatia de torrada.

'Mais?' Voldemort ofereceu.

'Não, obrigado.' Draco respondeu, a única peça já tinha sido um trabalho bastante difícil. Draco aceitou mais chá, entretanto.

Voldemort pegou o frasco de poção e o sacudiu.

'Você precisa pegar um pouco disso.' Ele disse a Draco. Ele olhou para as marcas de arranhões em seu próprio braço... 'E eu também, ao que parece!' Ele lançou a Draco um olhar severo, mas brincalhão.

Draco reconheceu a poção imediatamente. Era uma poção de cura de ação prolongada, do tipo que funcionava muitas horas depois dos ferimentos terem ocorrido. Muitas poções de cura tiveram que ser tomadas imediatamente para serem eficazes, mas houve uma ou duas que funcionaram horas, até dias depois. Voldemort despejou metade em cada uma das xícaras de chá e bebeu a dele imediatamente. Draco observou enquanto os arranhões profundos em seus braços começavam a fechar e cicatrizar, deixando a pele tão lisa como nunca esteve ali.

'Beba, Draco.' Voldemort insistiu. — Não posso levar você para casa desse jeito, posso?

— Você vai me levar para casa? Draco perguntou, tão surpreso que quase deixou cair a xícara de chá.

Voldemort sorriu para ele. 'Receio que você não possa ficar aqui permanentemente, amor. Você tem que voltar para a escola, não é? Que comovente, ele pensou, que Draco quisesse ficar com ele.

'Oh.' Disse Draco. 'Sim.' Um pouco confuso com essa conversa. Ele bebeu a poção e sentiu um formigamento familiar percorrendo-o enquanto curava todos os seus cortes e hematomas. Voldemort pegou a xícara dele e a colocou de volta na bandeja.

'Acho que vamos tomar banho antes de eu levar você para casa.' Disse Voldemort decididamente, e ele se levantou, pegou as mãos de Draco e o levou ao banheiro.

'It was never meant to be like this...'Onde histórias criam vida. Descubra agora