— E Simone, esta é minha filhota caçula, Soraya Thronicke. — Minha mãe me apresentou apontando sua mão para mim.
— É um prazer conhecê-la, Soraya. — Estendeu sua mão para mim, me fitando com um sorriso irônico.
Como era cínica.
— Não digo o mesmo, Simone. — Cruzei os braços fazendo um bico raivoso, não querendo cumprimentá-la.
— Soraya, isso são modos? — Minha mãe perguntou um tanto surpresa com a minha atitude.
Rolei os olhos bufando de raiva, me virei para elas saindo dali.
— Me desculpa pela minha filha, Simone. Eu não sei o que deu nela. — Ouvi minha mãe pedindo desculpas para aquela cobra venenosa.
— Tudo bem. — Escutei Simone falar.
Nem me importei com a cena que fiz, estava pouco me lixando para o que minha mãe ia pensar sobre meu desrespeito com a visita, mas se tratava daquela mulher, a mulher mais odiada da minha lista.
Consegui odiar uma pessoa assim que cheguei nessa fazenda, mas não era qualquer pessoa, era ela. A pessoa que quebrou meu carro caro junto com aquele cavalo imundo.
Me afastei um pouco da pista de dança indo para onde estava as cervejas, peguei mais uma latinha, já que o meu corona estava para acabar.
Tomei um gole de Budweiser sentindo aquele gosto amargo e gelado descendo pela minha garganta.
Fiquei mais um pouco naquele lugar, enquanto observava as pessoas dançando loucamente por causa da nova música que começou a tocar no ambiente.
Boate Azul
Doente de amor
Procurei remédio na vida noturna
Com a flor da noite
Em uma boate aqui na Zona SulA dor do amor
É com outro amor que a gente cura
Vim curar a dor
Deste mal de amor na Boate AzulE quando a noite
Vai se agonizando no clarão da aurora
Os integrantes da vida noturna se foram dormir
E a dama da noite
Estava comigo também foi embora
Fecharam-se as portas
Sozinho de novo tive que sairSair de que jeito
Se nem sei o rumo para onde vou
Muito vagamente me lembro que estou
Em uma boate aqui na Zona SulEu bebi demais
E não consigo me lembrar sequer
Qual era o nome daquela mulher
A flor da noite da Boate AzulEu dançava aquela linda música perante aquela exuberante batida lenta, que me fazia remexer vagamente enquanto terminava minha latinha gelada. Partindo para uma outra cerveja de outro tipo.
— Então quer dizer que você é a filha dos Thronicke's. — Ouvi a voz de Simone. Me virei vendo que ela estava ali na minha frente.
Aquela mulher usava uma calça jeans escura bem apertada, deixando marcada suas coxas. Nos pés eram botas de couro marrom, sua camisa era xadrez vermelha e preto assim como a cor de seu chapéu em cima de sua cabeça, sem contar o cinto dourado em sua cintura com uma fivela onde tinha às iniciais do seu nome.
Suspirei fundo por vê-la tão bem vestida daquele jeito.
— Sim, eu sou a filha deles. E daí? — Perguntei retoricamente, nem olhando na cara dela.