Capítulo 17 Vocês me fizeram lembrar...

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Todas as cores à minha volta pareciam ter desaparecido, tudo se transformou em cinza, nem mesmo o som não se fazia presente. De repente fui pego por uma lembrança tão antiga que parecia que tinha sido apagada da minha memória.

Minha mãe e eu sentados no sofá assistindo a uma reportagem de algum herói, eu olhava para ela sorrindo e repetia diversas vezes o quanto os heróis eram incríveis, eu ainda me lembrava que ela sempre me respondia sorrindo, mas nessa lembrança eu mal consigo ver o rosto dela.

Minhas mãos tremem, fechei meus punhos com força até meus dedos ficarem brancos, mas quase não conseguia senti-los.

_ Ei, Midoriya você está bem?

Eu só conseguia ouvir zunidos, as palavras ecoavam na minha cabeça, mas eu não era capaz de compreende-las, senti o ar faltar, sequer consigo sentir a minha mão não importa com quanta força eu a aperte. Fiquei tonto e comecei a perder o equilíbrio nos pés, estava tudo girando, minha respiração estava acelerada, não conseguia respirar. Comecei a hiperventilar, senti que ia cair para trás, mas alguém agarrou meus ombros.

_ Ei, o que que te deu?

Eu não conseguia vê-lo, e quase não ouvia sua voz  mesmo que parecesse estar tao perto. Meus olhos ficaram pesados e eu não conseguia mais abri-los, tudo ficou preto, apenas senti meu corpo ser deitado no chão frio e então eu não lembro de mais nada, até perder a consciência.

Acordei aos poucos, ainda me sentindo fraco, de algum jeito me sentei na cama e olhei em volta, e percebi que continuava na enfermaria, mas agora estava em uma das camas.

_ O que...

_ Você teve uma crise de ansiedade.

Olhei para o lado e vi Bakugou sentado em uma cadeira bem ao lado da minha cama com os braços cruzados e me olhando de forma inexpressiva.

_ Foi é? Me pergunto o porquê _ Disse irônico, mas ele não pareceu ter achado graça.

_ Tem algo a ver com a sua mãe, não é? – Ele perguntou bem curto e grosso, fiquei quieto por um momento.

_ Não é nada que seja da sua conta _Corte, e me virei para consegui descer da cama, mesmo ainda meio tonto andei até a porta, tentando não transparecer o meu cansaço.

_ Onde você vai?_ Perguntou ele atras de mim.

_ Me chamaram, não foi?

Antes que eu percebesse ele agarrou o meu braço, revirei os olhos com o gesto ainda de costas e então me virei para ele.

_ O que você quer?_Perguntei com acidez.

Me olhando em silencio ele então empurrou meu ombro para o lado soltando o meu braço e passando por mim, ele abriu a porta e disse:

_ Fique aqui!_ Mandou ele me fazendo bufar de irritação.

_Não recebo ordens.

Ele me encarou duramente uma ultima vez, mas ainda assim bateu a porta, e pelo barulho percebi que ele a havia trancado pelo lado de fora.

Idiota...

Encarei a porta irritado e depois olhei em volta pela enfermaria e vi uma pinça em cima de uma mesa, peguei ela e  então forcei contra a fechadura. Girei a pinça em vários sentidos diferentes em sua entrada para entender seu funcionamento, demorou um pouco até que a porta finamente abrisse.

Ao colocar a cabeça para fora eu olhei para o corredor e vi que não havia ninguém  e nem sinal dele por enquanto. Assim que sai comecei a andar com passos lentos, e mesmo assim tive a impressão de estar andando rápido demais, embora tudo a minha volta parecesse ter parado, por conta das minhas lembranças.

Já faz um tempo que tudo aconteceu, mas seu forrasse um pouco a minha melhora podia lembrar quase detalhadamente daquele dia quase como em um filme em preto e branco. Era o meu aniversário, 15 de julho, a minha mãe tinha comprado um bolo para mim, mas eu ainda estava abalado com o que o All Might tinha me dito a poucos dias depois de eu ter sido salvo por ele. Não era mais do que a verdade, eu sabia disso, por isso doía tanto, quando eu contei para a minha mãe ela me olhou triste e tentou me consolar, mas ainda assim me dizia várias vezes que eu poderia fazer qualquer outra coisa que eu quisesse, que eu era especial. Mas, fui teimoso e briguei com ela por continuar a dizer aquelas mentiras, mas isso foi antes de uma explosão quebrar a janela. Me lembro de ter caído no chão com o impacto, meus ouvidos zuniam, e eu mal conseguia me mexer, mas ainda assim me arrastei até ela, seu rosto tinha sido atingido pela explosão, sua abeça sangrava e havia varias queimaduras.

Eu chequei seu pulso, e vi que ele não estava mais batendo.

Mas... sabe o mais irônico? Depois que isso aconteceu eu ouvi aplausos do lado de fora na rua, pessoas gritando e comemorando como algum herói era incrível e como ele tinha salvado a todos, eles riam e aplaudiam enquanto eu via a minha mãe morta junto aos meus pés! Parecia que estavam rindo dela...parecia que estavam rindo de mim.

Eu mal pisquei e já estava parado frente a porta da sala do diretor, minha mão estava tremendo de novo. Eu a levei ate a boca mordi com força até meus nervos me pedirem para parar.

_ O que há com você? _ Reclamei comigo mesmo.

Coloquei a mão na maçaneta e tive que segurar ela firme para que meus dedos não a soltassem.

Você vai apenas ver um fantasma.

Abri a porta devagar, me demorando com os olhos para baixo, mas assim que suspendi a cabeça e a primeira coisa que eu vi foi um certo loiro me encarando de braços cruzados impaciente.

_ Eu te disse para ficar lá._ Rosnou ele, mas eu mal me alterei.

_ E eu disse que não recebo ordens de ninguém, muito menos suas.

Respondi no mesmo tom entrei na sala fechando a porta atras de mim, olhando para frente eu vi Aizawa junto a ele olhando para mim.

_ Eu já liguei para ela e disse que está tudo bem, mas talvez ela ligue de novo._ Disse ele de repente se referindo a ela o olhei torto tentando não transparecer o enorme peso que deixou os meus ombros.

_ Então me chamou aqui para nada? Estou indo então._Disse ja me virando para sair, não querendo continuar ali.

_ Dark _ Chamou Aizawa e eu parei de andar.

_ O que foi agora?!_ Perguntei impaciente olhando para os dois atras de mim.

_ Tem algo que queira me contar?

Embora sua voz soasse seria eu pude notar que havia uma certa suavidade nela. Encarei ele e depois o Katsuki, sorri em deboche.

_Não _ Respondi e então deixei a sala.

Andei rápido pelo corredor em direção ao meu quarto, abri a porta dele e a fechei rápido atras de mim, respirando fundo. Sabia que tinha pelo menos alguns minutos antes da próxima aula começar.

Sem forças escorreguei minhas costas pela parede até sentar no chão e comecei a soluçar, mesmo que sem querer agarrei meu cabelo com as mãos enquanto encolhia o meu corpo ainda tentando respirar, chorei até ouvir o sinal tocar.

E então limpei meus olhos e me levantei como se nada tivesse acontecido, embora minhas mãos ainda se apertassem entre meus dedos quando eu abri a porta para sair. Por um momento eu tinha até me esquecido do porquê estava aqui UA e por um momento eu esqueci da dor que senti e que continuou sentindo desde aquele dia, mas agora eles me fizeram lembrar o que foi marcado em mim como ferro em brasa. E não importa quem entre em meu caminho...

_ Todos da U.A irão pagar pelo que fizeram com a minha mãe.

O outro lado da história.Onde histórias criam vida. Descubra agora