Parte 2

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Era de manhã cedo, praticamente o bordel em que Sakura se encontrava estava vazio, tirando umas quatro prostitutas acordadas e espalhadas pelo salão. Enquanto sua mãe cuidava da parte administrativa dos negócios, seu pai gerenciava e cuidava dos problemas que surgiam. Hoje era dia de resolver um problema que surgiu nesse bordel e seu pai a levou para ensiná-la como era resolvido o problema.

Era como um jogo de xadrez, seu pai manipulava todo o tabuleiro e depois destruía seu adversário sem piedade, com astúcia e brutalidade de um verdadeiro Haruno. O adversário era um genin de baixa classificação de uns quarenta anos, que entrou no complexo e causou alguns distúrbios em um dos negócios de seu pai. Ele não ficou feliz e o pobre homem saiu traumatizado e cambaleando para fora.

Ela não tinha pena do homem, mesmo que seu corpo possa aparecer morto em algum lugar de Konoha, Sakura entendia e concordava que pessoas de fora não deveriam se intrometer em seus negócios ou quebrar suas regras.

Seu pai foi resolver algumas papeladas e deixou a pequena criança de cabelos rosa sendo cuidada pelas suas prostitutas. Sakura sentou em um banquinho e olhou para a mesma mulher de olhos verdes como os seus, que foi a companheira de sua mãe na última semana. A mulher olha para Sakura, como se esperasse algo dela.

Sakura é apenas uma criança de cinco anos, nunca saiu do complexo, é fraca, mas também é inteligente. Ela é muito nova para sujar as mãos de sangue, principalmente a dos seus próprios pais.

Mas, ela olha para a mulher de pele escura com pose majestosa, cabelos pretos longos e ondulados, olhos verdes afiados. Olha para os hematomas que enfeitam seu belo corpo, roxo e preto. Sakura sabe que se não fizer nada, também terá iguais para comparar em frente a um espelho.

Não tenha medo, eu sempre estarei aqui como você, Outer. Não se preocupe, afastarei qualquer medo ou sentimento que te perturbe.

E Sakura sabe que Inner pode fazer isso. Não demora muito para ela não sentir mais um sentimento inquietante em seu peito, ela se acalma e seus pés se movem com graça em direção a bela mulher.

A um silêncio na sala quando Sakura para diante da mulher. Todas as outras prostitutas estão a observando como falcões. Mas, Sakura não tem medo, e é com essa determinação e apoio de Inner, que seus lábios se separam para produzir o início de sua própria estratégia para ganhar o jogo contra seus pais.

- Como faço para enganar duas pessoas muito astutas e maiores do que eu ?

O silêncio continuou, mas foi quebrado pela voz macia e cantante da mulher a sua frente, junto com o belo sorriso cheio de dentes em seu rosto.

- Você tem que se tornar mais astuta, sorrateira e inteligente do que eles, pequena.

Não foi preciso Sakura fazer mais perguntas, a mulher começou a lhe encher de informações de como se manipula alguém, as outras também entraram na conversa.

Não parou apenas nesse dia, Sakura teve certeza de fazer perguntas semelhantes às outras do clã. Por dois anos, ela se preparou e aprendeu tudo que lhe ensinaram, nunca a questionaram ou fizeram perguntas, todos apenas respondiam às suas e outras não faziam perguntas suspeitas. Sakura acha que todos eles têm uma ideia do que ela pretende fazer, mas não interferem.

Sakura só vê a mulher outra vez, quando ela está no meio da sala de sua casa e há dois corpos com poças de sangue embaixo deles. Sakura está manchada com o mesmo sangue enquanto segura duas facas em ambas as mãos. Ela se sente vazia e sabe que teria chorado e entrado em ataque de pânico se Inner não estivesse controlando e prendendo essas emoções longe de seu alcance.

Seus olhos esmeraldas vazios olham para a mulher que tem um sorriso em seu belo rosto, ela não está sozinha, existem um homem a acompanhando. É esse homem que atrai sua atenção, ele tem olhos dourados, cabelos longos bagunçados e rosa. Cabelo rosa como o seu. Um pouco diferente, o dele é um rosa mais escuro. O homem olha para todo o sangue, para os corpos sem vida e depois para ela.

A assassina.

Antes que ele possa abrir a boca, Sakura intervém com frieza.

- Eles quebraram a terceira regra e eu cuidei pessoalmente do problema.

Um silêncio mortal se seguiu, a mulher continuava com um sorriso no rosto e seus olhos assumiram um tom mais brilhante. Já o homem, que antes parecia indiferente, agora mostrava um sorriso selvagem e sanguinário acompanhado com olhos dourados cheios de sede de sangue.

- Então, deixe que eu me livre dos corpos, ojou-chan.

O homem se curvou e em um piscar de olhos, ele pegou os dois corpos e os arrastou para fora. A mulher seguiu logo em seguida atrás do homem, mas não antes de proferir algumas palavras para a criança que acabou de matar seus próprios pais a sangue frio.

- O que acontece no distrito Haruno fica no distrito Haruno, ojou-chan - A mulher andou lentamente até a porta - Antes que eu me esqueça, meu nome é Kyoko. É um prazer.

A casa voltou a ficar silenciosa com a saída dos dois.

Sakura olhou para suas mãos ensaguentadas e o chão todo sujo de sangue de seus pais. Seus passos eram silenciosos enquanto subia a escada e se dirigia ao banheiro. Seus movimentos eram mecânicos ao lavar suas mãos e começar a se despir. A água estava fria contra sua pele, mas Sakura não dava a mínima, ela apenas aumentou a quantidade que vinha do chuveiro. Era tanta, ela se sentia entorpecida e vazia. Não sabia se estava chorando ou era apenas a água do chuveiro, só sabia que algo escuro e distorcido havia despertado dentro dela, sem controle e selvagem.

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