7. Playing with danger

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“Como você faz o perigo parecer tão lindo? E por que quando você me beija, me transforma nisso?”
Sacrifice - Black Atlas

“Como você faz o perigo parecer tão lindo? E por que quando você me beija, me transforma nisso?”Sacrifice - Black Atlas

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Whitville, Quiméria
09 de Janeiro de 2024

Mais um dia de trabalho. Acordei hoje com o som do alarme, ainda meio perdida entre o sonho e a realidade. O quarto estava escuro, a única luz vinha da rua, filtrada pelas cortinas pesadas que insistiam em manter o ambiente na penumbra.

Sentia o peso das horas de sono interrompidas, como se cada despertar fosse um lembrete de que minha vida está presa em uma repetição infinita.

Levantei e fui direto ao banheiro. A água fria me despertou, mas não afastou a sensação de cansaço. Meu reflexo no espelho mostrava olheiras cada vez mais profundas. Passei o rímel nos olhos, na tentativa de disfarçar o desgaste, de criar uma máscara que escondesse o vazio que sinto. Não adiantou. Por dentro, ainda sou a mesma Ísis de sempre, aquela que ninguém realmente conhece.

O café da manhã foi um ritual sem gosto. Sentei à mesa com a minha mãe, que me observava em silêncio. Seus olhos são sempre tão atentos, como se ela soubesse de algo que eu estou tentando esconder. Talvez ela saiba. Nunca consegui enganar minha mãe, nem quando era criança. Ela me perguntou sobre o trabalho, e eu respondi mecanicamente, descrevendo tarefas, reuniões e prazos como se tudo fosse parte de um roteiro que já decorei há tempos.

Agora, estou adentrando o abismo mais sombrio desta cidade amaldiçoada, um lugar onde nenhum ser humano em pleno juízo ousaria permanecer por mais do que um instante. As sombras parecem ganhar vida, sussurrando segredos macabros, e o ar é denso com o cheiro acre de medo e desespero.

Os gritos que ressoam por entre as paredes são mudos, mas essa ausência de som é ainda mais perturbadora, como se o próprio silêncio tivesse se tornado um grito sufocante, reverberando no fundo da alma.

O portão de ferro do Instituto Penal de Valhalla se fecha atrás de mim com um som que sempre reverbera pela minha espinha, uma mistura estranha de segurança e aprisionamento. Respiro fundo, sentindo o ar frio da manhã me invadir os pulmões, tentando me preparar para o que me espera lá dentro.

Esse lugar, com suas paredes úmidas e corredores longos, tem uma presença sufocante que nunca deixa de me afetar.

Minhas botas ecoam no piso de concreto, um som solitário que parece destacar ainda mais o silêncio pesado que paira no ar. Cada passo é uma lembrança de onde estou, de quem estou prestes a enfrentar.

Sinto um nó se formar no estômago, não de medo, mas de uma estranha ansiedade. Trabalhar aqui exige mais do que simples profissionalismo; exige que eu me blinde, que eu deixe Ísis Carson lá fora, junto ao portão.

Destino CruelOnde histórias criam vida. Descubra agora