PRÓLOGO

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Prólogo de Destino Cruel

O vento cortante sussurrava entre os becos escuros de Whitville, uma cidade onde a luz do sol parecia ter sido esquecida. As sombras dançavam nas paredes dos edifícios, testemunhas silenciosas dos segredos que corriam pelas ruas, enquanto o som distante de sirenes ecoava, sempre tarde demais para salvar qualquer alma.

Eu nunca quis me envolver nesse submundo de caos e sangue, mas o destino, cruel e implacável, sempre encontrou uma maneira de me puxar para dentro.
Aos olhos do mundo, eu era apenas uma psicóloga competente, dedicada a salvar vidas. Mas nas profundezas do meu coração, onde as feridas nunca cicatrizaram, eu sabia que minha vida estava marcada por uma escuridão que eu não poderia evitar.

Carlos Maddrigal era essa escuridão. Ele surgiu na minha vida como uma tempestade, carregando promessas de poder, paixão e destruição. Seu toque era um veneno que me consumia aos poucos, e cada vez que tentava escapar, algo mais forte me puxava de volta. Ele era o rei de um império de crime, e eu, sem querer, estava destinada a me tornar sua rainha.

Entre nós, havia muito mais do que atração. Havia uma guerra iminente, um jogo mortal de controle, onde a vitória significava perder a alma. E no fundo, eu sabia: não havia escapatória. A linha entre o amor e o ódio se tornava indistinguível quando Carlos estava por perto, e era nesse limiar que o verdadeiro perigo morava.

Eu podia ouvir o som distante de seus passos, sua presença pesada como o próprio destino que eu tanto temia. Não era mais uma questão de escolha. Era sobreviver ou ser destruída.

E naquela noite, eu estava prestes a descobrir em qual lado cairia.

O eco dos seus passos se aproximava, lento e implacável, como se ele soubesse que já não havia mais saída para mim. Cada batida do meu coração parecia soar no mesmo ritmo, martelando no peito, enquanto o ar se tornava mais denso, pesado, quase sufocante. Naquele instante, eu me dei conta: ele estava em todos os lugares. Carlos Maddrigal não era apenas um homem, mas uma presença onipresente em cada canto dessa cidade, em cada decisão que eu fazia, em cada respiração que eu dava.

O silêncio que precedia sua chegada era o prelúdio de algo que eu já conhecia bem demais - dor, caos, prazer, tudo misturado de uma forma que desafiava qualquer lógica. Mas, ainda assim, eu não conseguia me afastar. Havia uma parte de mim que ansiava por aquele toque, por aquela violência suave que ele exercia sobre minha mente e meu corpo.

Então, a porta se abriu.

Carlos entrou com a mesma confiança que sempre carregava, seus olhos de predador fixos em mim. O calor entre nós era palpável, quase insuportável, como se uma faísca pudesse incendiar o ambiente a qualquer momento. Ele parou na minha frente, e por um breve segundo, o silêncio se tornou ensurdecedor.

- Pensou que podia fugir de mim, doutora? - Sua voz, grave e rouca, carregava uma ameaça velada, mas também algo mais profundo, algo que eu já não podia ignorar: desejo, controle, e uma promessa de que, no final, eu seria sua, quer quisesse ou não.

Minha mente gritava para correr, para escapar daquela teia que ele tecia ao meu redor. Mas meus pés, como se fossem enraizados no chão, não se moviam. E em vez de recuar, eu o encarei de volta, desafiando-o com o olhar. Sabíamos que aquela era a única guerra que realmente importava.

- Não estou tentando fugir, Carlos. - Minha voz saiu firme, apesar do turbilhão dentro de mim. - Eu sei onde isso vai dar. E se você acha que pode me controlar, está muito enganado.

Ele sorriu, um sorriso torto, perverso, como se já tivesse ganho antes mesmo da batalha começar. Se aproximou mais, tão perto que eu podia sentir o calor de seu corpo, sua respiração. Ele levantou a mão, passando os dedos suavemente pelo meu rosto, como se estivesse apreciando algo que já lhe pertencia.

- Ah, Ísis... - Ele sussurrou, seu olhar penetrante. - Você ainda não entendeu. Já somos parte do mesmo jogo, das mesmas sombras. E quando tudo desmoronar, será tarde demais para perceber que sempre fomos destinados a isso.

Aquela frase reverberou na minha alma como uma sentença de morte. Porque, no fundo, eu sabia que ele estava certo. Não importava o quanto eu lutasse, a verdade cruel era que eu havia cruzado a linha muito tempo atrás. E agora, não havia mais volta.

Entre nós, restava apenas o caos.

E eu estava pronta para mergulhar nele.

"Sinto o caos se aproximando, uma tempestade prestes a explodir, e tudo o que posso fazer é me preparar para ser consumido por ele."

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