3. Distorted family

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“Todos acham que somos perfeitos. Por favor, não deixe eles olharem através das cortinas”
Dollhouse - Melanie Martinez

 Por favor, não deixe eles olharem através das cortinas”Dollhouse - Melanie Martinez

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25 de dezembro de 2023.
Whitville, Quiméria

Sabe a sensação de estar vivendo em um looping infinito? aquela dor no peito que não passa, dias e dias revivendo as mesmas coisas sem esperança que isso vá mudar? Acho que essa maldita sensação me resume bem. Como se eu estivesse presa em um feitiço do tempo, onde o doutor estranho esqueceu de me tirar.

Acordo com a cabeça pesada sentindo uma ardência insuportável nos olhos. O som suave de pássaros cantando do lado de fora da janela, que mesmo sendo reconfortantes, fazem minha cabeça latejar de dor.

Minha cabeça está pesada, como se estivesse envolta em uma nuvem densa de cansaço e dor. As lembranças da tarde anterior me atingiram como uma onda: eu chorando, soluçando sem parar, enquanto a Daise me segurava, oferecendo todo o consolo que podia.

Mesmo tentando fazer com que eu prestasse atenção no anime aleatório que colocou para me distrair.

Olhei ao redor, reconhecendo o quarto familiar de Daise. Sempre amei a estética da sua simples casa.

As paredes eram de um rosa claro reconfortante, decoradas com pôsteres de animes e fotos nossas presas com fita adesiva. A luz suave do sol da manhã estava entrando pelas cortinas semi-abertas, lançando um brilho dourado sobre a cama e no chão de cerâmica branca de quartzo.

Sinto Daise ao meu lado, ainda dormindo, a respiração profunda e tranquila. Seu braço estava jogado preguiçosamente sobre minha cintura, como se mesmo em seu sono ela quisesse ter certeza de que eu estava bem. Meu peito apertou com uma mistura de gratidão e tristeza.

Respirei fundo, tentando me concentrar na sensação do ar fresco entrando em meus pulmões e clareando um pouco a minha mente. Meus olhos ainda estavam inchados e ardiam, resultado de tantas lágrimas derramadas. Eu me sentei devagar, tentando não acordar Daise. Ela havia feito tanto por mim na noite passada, ficando acordada comigo até tarde, escutando cada palavra minha, enxugando cada lágrima. Ela merece dormir um pouco mais.

Para falar a verdade, ela merece o mundo inteiro.

Meus pés tocaram o chão frio, e eu me levantei com cuidado, indo em direção ao espelho do outro lado do quarto. O reflexo me mostrou um rosto pálido, com olhos vermelhos e inchados, os cabelos bagunçados. Suspirei, passando as mãos pelos cabelos para tentar ajeitá-los um pouco.

Eu podia sentir o peso da tristeza ainda sobre mim, mas, de alguma forma, era um pouco mais leve. Havia algo de tranquilizador na presença de Daise, no conforto silencioso de seu quarto, que fazia com que eu me sentisse um pouco menos sozinha.

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