13. Surprise!

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"Eu poderia ser um namorado melhor do que ele. Eu poderia fazer coisas que ele nunca fez. Acordada a noite inteira, sem cansar. Eu poderia ser um cavalheiro e tanto"
Boyfriend - Dove Cameron

 Eu poderia ser um cavalheiro e tanto"Boyfriend - Dove Cameron

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Whitville, Quiméria
13 de março de 2025.

O tic-tac insistente do relógio na parede parecia cravar cada segundo no meu cérebro, uma lembrança torturante do tempo que passava sem sentido. As horas se arrastavam, sufocantes.

O som do ponteiro ecoava em meu escritório silencioso, uma melodia impiedosa que me puxava para o abismo da distração. Minha mente estava à deriva, incapaz de se concentrar. As palavras e informações que eu deveria absorver eram agora sombras, fugindo pela janela entreaberta, misturando-se ao vento lá fora. Tudo parecia distante, irrelevante.

E então, a voz dela me trouxe de volta.

— Eu não consigo esquecer ele, doutora. — Sua voz era um sussurro ferido, mas firme. Uma garota de apenas dezesseis anos, com um peso nos ombros que nenhuma jovem deveria carregar.

Levantei os olhos para ela. Seus dedos pálidos brincavam nervosamente com as mangas da blusa, puxando o tecido como se aquilo pudesse acalmá-la. Havia um vazio em seu olhar, uma dor crua que mesmo os adolescentes tentam esconder, mas que transbordava naquele momento. Sua pele parecia mais pálida sob a luz fria do escritório, como se cada lembrança a drenasse um pouco mais de vida.

— Ele era minha âncora — continuou, e eu senti a gravidade de suas palavras.

Havia um desespero em sua voz, um eco de algo que ela sabia ter perdido para sempre. Seu corpo frágil tremia ligeiramente, mas sua mente estava presa ao passado, a ele.

Eu sabia que qualquer resposta poderia parecer pequena diante de tanta dor. A jovem diante de mim tinha sido quebrada. E, ainda assim, o mundo não parava, o relógio continuava a contar. O que poderia eu oferecer além de palavras, quando ela parecia estar se afogando num mar de memórias?

— O que ele significava para você? — perguntei, tentando encontrar uma conexão, algo que a puxasse de volta para o presente.

Ela mordeu o lábio, os olhos vagando pelo espaço vazio antes de finalmente se fixarem nos meus. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, lenta, como se cada gota carregasse o peso de tudo o que ela havia perdido.

— Tudo. Ele era tudo.

Ela deixou a frase pairar no ar, e por um momento, parecia que o silêncio se tornava tão denso quanto a própria dor que ela sentia. Seus olhos estavam perdidos em algum ponto distante, um lugar onde eu não conseguia alcançar. Ali, ele ainda existia. Ali, ele ainda era sua âncora.

Destino CruelOnde histórias criam vida. Descubra agora