15. Nightmares

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"Sim, e eles vão perseguir você, Até você cair.
E ladeira abaixo nós vamos"
Way Down We Go - KALEO


— Boa Madrugada, senhor — Lucas me recebe na porta, o corpo ainda pesado pelo sono, olhos vermelhos de cansaço

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— Boa Madrugada, senhor — Lucas me recebe na porta, o corpo ainda pesado pelo sono, olhos vermelhos de cansaço. O rosto pálido denuncia a noite mal dormida, e mesmo assim, ele está ali, de pé, esperando por mim. — Por que voltou para casa tão cedo? Ísis não estava? — Sua voz carrega a impaciência de quem já conhece a resposta, mas mesmo assim não consegue evitar as perguntas.

Engulo em seco, a rejeição ainda fresca, como uma ferida aberta que pulsa.

— Ela me rejeitou, Lucas. Da mesma forma que Daise faz com você. — A amargura escorre da minha voz, dura, quase cruel, mas eu sei que ele entende.

Sempre entende.

Lucas solta uma risada baixa, cheia de desdém.

— Cruel. — A palavra sai quase como um insulto, mas eu vejo o reflexo de sua própria dor nela.

Olho para ele, e por um instante, o mundo parece parar. Como ele consegue? Como passou a madrugada inteira acordado, esperando por mim, sabendo que eu poderia voltar despedaçado? Lucas... ele é mais do que um simples amigo, mais do que alguém com quem compartilho lealdade.

Ele é meu filho, de todas as formas que importam. Fui eu quem o criou, que o moldou para ser o homem que é hoje, mesmo quando éramos só garotos lutando contra o mundo. Eu tinha apenas quinze anos quando o encontrei, fraco, desesperado, roubando para sobreviver. Não pensei duas vezes antes de estender a mão, apesar do velho que um dia chamei de pai, aquele desgraçado que nunca soube o que era cuidar de alguém.

Sinto um nó na garganta ao lembrar de tudo que passamos. Lucas e Daise são as únicas coisas puras em meio ao caos que minha vida se tornou.

Ele nunca me abandonou, e isso... isso é algo que Ísis jamais compreenderia. Dou um passo em sua direção, minha mão repousando sobre seu ombro.

— Te amo, irmão. — As palavras saem mais suaves do que o esperado, quase como uma confissão. Eu sei o que ele significa para mim. Ele é o único que me restou. — Boa madrugada.

Sem esperar resposta, viro-me e entro no quarto, o peso da noite finalmente caindo sobre mim. Fecho a porta, deixando Lucas do lado de fora, mas sabendo que, de alguma forma, ele sempre estará comigo, como esteve desde o primeiro dia.

Procuro não pensar em Ísis, mas se torna impossível. Ela é a minha tortura, minha pequena tormenta.

Nunca senti isso por mulher nenhuma. Nem pela mãe da minha menina. O que ela fez comigo, a maneira como me rejeitou, era como se tivesse arrancado algo de dentro de mim que eu nem sabia que existia.

Mas não é apenas ela. Não é só a rejeição de Ísis que me consome. É a solidão, o vazio que se instala no peito, me devorando de dentro para fora.

Destino CruelOnde histórias criam vida. Descubra agora