Capítulo Quinze

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As horas pareciam não passar nunca, e a cabeça do médico latejava em diferentes pontos, se concentrando sempre nas têmporas, no fim.

Ele batucava os dedos cheios de anéis sobre o estofado, balançava as pernas cruzadas e encarava o relógio com ansiedade, deixando nítido em seus pequenos gestos toda a impaciência e pressa de ir embora.

Seu plantão terminava em três minutos, mas eram os três minutos mais torturante de sua vida. Claro que poderia ir embora antes do horário, mas havia prometido a Seokjin que cumpriria todo o horário perdido, era um meio de se desculpar por deixar Baekhyun em suas mãos, ele nunca o perdoaria.

Levou a caneca azul aos lábios bebendo do líquido fumegante, que desceu aquecendo sua garganta o arrancando um suspiro satisfeito, nem mesmo a blusa de mangas longas que vestia por baixo do jaleco lhe protegia do frio.

O inverno tinha chegado com tudo na cidade, tendo ontem mesmo uma tempestade de neve para quem morava no litoral, as avenidas andavam com mais engarrafamentos do que de costume, e consequentemente Jimin não conseguia deixar de se estressar.

Não dava, estava no seu DNA ser um cabeça quente, paciência e calma eram duas coisas que não se encontravam em seu vocabulário, talvez pudesse deixar para Jungkook, já que ele era a definição de Buda.

Novembro estava perto da linha de chegada, e sua gravidez se encaminha para o sexto mês, e sendo esse então, o pior período considerado pelo ômega.

Sua barriga estava enorme se comparasse com as outras desse mesmo mês, sua bebezinha era faminta como Sora e agitada como Baeyoung, tinha uma ideia de que ela teria puxado toda a personalidade dos irmãos, o loirinho sentia pena de si mesmo.

─ Graças à Deus. - diz Jimin, se levantando do sofá para ir até a mesa por a caneca sobre.

Não demora em tirar o uniforme pondo suas roupas de volta e a touca na cabeça, também pega a bolsa preta na prateleira de cima e saí daquela sala.

Os corredores do hospital não tinham tanto movimento, era quarta-feira e não passava das quatro da manhã, alguns internos dormiam nas macas espalhadas pela extensão do corredor, e Jimin se lembrou de quando era ele ali, dormindo a todo momento esperando que seu residente o acordasse aos gritos.

Foi uma época difícil, repleta de experiências, sendo algumas não muito boas, mas era graças a elas que estava nesse posto, como chefe da cardiologia.

Desviou de uns que de tão cansados que deveriam estar, usavam o chão como cama, virando para a esquerda e descendo as escadas. Viu Baekhyun e Hoseok conversando apoiados no carrinho de prontuários, os mesmo ainda não tinham lhe visto mas não durou muito.

─ Já vai? - É Seok quem diz, abaixando o prontuário do rosto para sorrir de lado.

─ Sim, eu preciso da minha cama e dormir no máximo por sete horas seguidas.

─ Achei que iria conosco para o Baroque, o pessoal estava marcando de apostar sabe.

E aquilo foi uma tentação, ele segurou na alça da bolsa dando impulsos para frente e para trás, alongando as costas e ficando entre uma indecisão.

Poderia contar nos dedos o tempo que não participava de alguma aposta, mas qual é, ele não conseguia ao menos se manter de pé, e nem estava podendo ingerir nada alcoólico.

Era um pecado, mas ele teve de recusar.

─ Desculpe meninos, mas quem sabe um outro dia.

─ Tudo bem, mande Jungkook responder as minhas mensagens por favor! - Hoseok diz alto, visto que Jimin encontrava-se longe.

Family Issues • JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora