Family Issues • JIKOOK

Capítulo Dezenove

França, Paris, Residencial Park, 10:18 am
Sexta-feira, Véspera de Natal

   Jiwio estava entediada, na verdade, também muito irritada. Quando acordou, a primeira coisa que se passou por sua cabeça foi: "Preciso encontrar meu celular", então, não perdeu tempo para pôr seus planos mirabolantes em ação.

Como seus pais estavam dormindo no quarto debaixo, precisou acordar mais cedo que o normal, o que dificultou um bocado, afinal, ela usava o despertador do celular! Mas isso não a impediu de seguir a rota criada por si mesma, na madrugada de quinta.

Foi esperta em verificar de antemão se a peste do seu irmão estava dormindo, geralmente Baeyoung acordava antes dela, e certamente ele estragaria com tudo, depois, fez a mesma coisa com Sora e com seus avós.

Certa de que eles ainda dormiam, desceu as escadas e correu descalça pelo corredor extenso, foi super cuidadosa na hora de girar a maçaneta e empurrar o umbral de madeira. O cômodo estava escuro e silencioso, os únicos sons que tomavam conta do recinto eram do aquecedor, e Jungkook roncando.

Não quis fechar a porta, porque no caso de alguma emergência, ela precisasse sair correndo sem ser vista, usou os olhos lúpinos, enxergando perfeitamente onde deveria pisar, pulando uma montanha de roupas ao chão, uma bolsa de maternidade que seria de Junhyun ou de Jiyeon e engatinhou como uma verdadeira espiã, para o lado direito.

Era o lado em que Jimin estava dormindo, completamente apagado. Olhou seu rosto sereno, fez uma careta e mostrou a língua pra ele, tomou um susto danado quando ele resmungou alguma coisa, mas foi apenas alarme falso.

Mais calma, enfiou a mão por baixo do travesseiro dele, tateou aquela parte toda, e sorriu vitoriosa quando sentiu algo ali, puxou, mas seu sorriso sumiu tão rápido quando viu que na verdade, era o celular de seu pai.

Droga! Pensou ela, devolveu o aparelho ao seu lugar, desta vez com muita dificuldade já que Jimin pareceu ter se movido.

O coração parou de bater e ela prendeu a respiração.

Jimin estava a olhando, ele estava acordado!

— Oi, pai eu-

Então ele virou-se na cama, e era como se nada tivesse acontecido. Jiwio nem sabia mais como respirar.

Seu pai Ômega era sonâmbulo, uma peculiaridade, então era por isso que Baeyoung andava sozinho à noite? Cruzes.

Sem a prova do crime em mãos, a garotinha se pôs de pé e vasculhou cada cantinho com os olhos, mexeu na bolsa de couro, que após ficar extremamente traumatizada por achar pacotes de camisinha, ela decidiu que não procuraria nos lugares de ítem pessoal de Jimin. Já bastava traumas o suficiente.

Foi até a cômoda perto de Jungkook, ele roncava muito, o braço dele sufocava o próprio rosto, e o som que ele reproduzia era semelhante ao de um trator.

Abriu as duas primeiras gavetas, não achou nada além do vazio. Depois, a última estava trancada, e como era um quarto de hóspedes, somente sua avó teria a chave. Jiwio começava a ficar meio desanimada, até se recordar dos ternos de seu pai, e andou apressada para o closet de portas abertas, futricou tudo, todos os bolsos.

Com um Armani Social Club nas mãos, puxou de lá seu iPhone, juntamente com os fones de ouvido.

— Isso! — comemorou baixo. Subiu em um puff e ergueu os punhos para cima. — Vai ter que se esforçar da próxima vez, pai. — A Alfa sorriu, deu um pulo e voltou para o centro do quarto.

Não tinha mais o que fazer ali, antes de sair, ela ainda roubou uma bala de morango que achou na sua caça ao tesouro. Já prestes a chegar na porta, ouviu algo que seu coração deu outro solavanco.