V - Até mesmo Marte já teve água em sua superfície

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"Se apaixonar é como andar de olhos fechados por um penhasco, você nunca sabe quando vai cair."
》◆30/08◆《

Ango dormiu comigo naquela noite...

Eu não poderia estar mais feliz.

Mesmo que não tenha acontecido nada além dos beijos naquela noite, pelo menos, agora, eu sabia que ele também gostava de mim. Eu sabia que agora eu poderia amá-lo do jeito que ele merecia.

Eu percebi uma coisa: Eu ainda não tinha o contado que eu o amava! Mas, realmente, é preciso dizer? Eu acho que sim...

Acordei as duas da manhã com meu despertador vibrando, sem emitir barulho. Me levantei calmamente, tentando não acordar Ango. Saí da cama e coloquei a roupa da expedição.

Antes de sair, deixei um beijo em sua testa e um bilhete na cômoda, que explicava onde eu tinha ido. O apreciei por um momento, seu sono profundo. Digo, mais uma vez, agora, como um homem compromissado: Ango é maravilhoso!

》◇《

Cheguei no porto as duas e meia da manhã. Fui metade do caminho de carro, a outra metade, eu fui a pé.

Eu levava comigo uma pistola, óculos noturnos, uma bomba de fumaça e uma adaga, mesmo que eu não planejasse matar ninguém. Eu estava ansioso, mas, ainda sim, tinha total controle de minhas ações.

Adentrei o navio com a pistola na mão, com a intenção de ameaçar quem quer que estivesse lá dentro. Para minha surpresa, quem se encontrava presente era Dazai...

Com uma bomba amarrada em seu pescoço...

Dazai?! O que você está fazendo aqui? — Eu sussurrei, em voz baixa, pensando que ele estava sendo mantido refém. Manti minha postura calma, mas podia estremecer de medo a qualquer momento.

— Odasaku! Você veio! — Ele cumprimentou ao me ver. Seus olhos não exibiam cor. — Tá bom, olha, o Mori pediu para te avisar que daqui a... hm... — Ele olhou para o relógio da bomba, a checando como se ela fosse um relógio de bolso. — ...10 minutos, essa bomba vai estourar e eu vou poder viver meu suicídio, não é maravilhoso?!

Dazai, tira isso do seu pescoço, agora! — Eu mandei, o vendo arregalar os olhos e sair de sua atuação por um segundo. — Você não ouviu nada do que eu falei?

Dazai parecia estar... com medo...?

Aquilo não era nenhuma brincadeira, ou tentativa de suicídio, isso era um assassinato!

— ....Eu não posso — ele contou, parecendo se desesperar.

Pode sim, claro que pode... — Eu afirmei, mesmo não tendo nem ideia de como desativar uma bomba.

— Não... eu não posso, Odasaku... — Ele disse. Eu acho que ele se sentiu vulnerável, já que esperava xingamentos e ações precipitadas de minha parte, afinal, era isso que Mori disse que iria acontecer. Mas, ao me ver calmo e compreensivo, ele não conseguiu seguir o plano.

Porque, mesmo com tudo que aconteceu, Dazai ainda era uma criança!

Claro que pode... — Eu repeti, tentando o acalmar ao ver duas lágrimas grossas e pesadas escorrerem por seu rosto.

Me aproximei devagar e fiz a mesma coisa que fiz na noite anterior: O abracei.

Segurei sua cabeça no meu ombro enquanto ele chorava, murmurando algo que pudesse o animar. Ele se segurou nas minhas roupas enquanto tentava explicar o que tinha acontecido.

Tudo Que Deixei De Dizer [ODANGO]Onde histórias criam vida. Descubra agora