VI - Netuno está se afastando do Sistema Solar

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"É algo tão bobo dizer 'eu te amo'?"
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Cheguei em casa e imediatamente senti Ango me abraçar.

— ONDE VOCÊ ESTEVE?? — Ele gritou, agarrado ao meu pescoço.

No médico, me recuperando... — Eu contei, tentando não rir. Apoiei meu queixo em sua cabeça, sentindo seu cheiro, que foi o que eu mais senti falta.

— MEU DEUS! VOCÊ FOI BALEADO?! — Ele perguntou, se afastando abruptamente para analisar meus machucados.

Na verdade, uma bomba me explodiu... — Eu corrigi, como se não fosse nada. Olhei para seu rosto, que estava quase branco, como se ele fosse desmaiar. — Você não sabia?

— Se eu soubesse eu teria te prendido numa cadeira ao envez de ter te deixado ir! — Ele contou, comprovando sua desinformação. Ele parecia... chateado. — Eu deveria saber...

O clima, que já não estava muito bom, piorou mais ainda.

Está tudo bem... — Eu afirmei, exibindo um sorriso cansado.

— Não, não está! — Ele disse, se afastando. Ele andou o caminho para dentro de casa falando. — Se a bomba tivesse disparado com você lá dentro? Você iria virar um presunto humano! Já imaginou? A Máfia é uma bosta mesmo, nem pra criar um traje "ant-bomba"! — Eu sorri, percebendo que não era nada tão sério. Me aproximei dele quando ele chegou na sala, ainda falando, mas de costas pra mim. — Além disso, você deveria ter ficado no hospital! Você está parecendo uma peneira! Se eu jogar água já sua barriga ela vai-...!

Ele se virou para mim e me achou desabotoando minha camisa. Abri a peça de roupa, com a intenção de mostrar o ferimento, que acabou não sendo tão ruim graças a garota do hospital. Puxei a camisa para o lado e mostrei meu abdômen enfaichado.

São só alguns machucados! — Eu afirmei, sorrindo. O rosto de Ango tomou um coloração avermelhada e ele tentou arrumar seus óculos, seus olhos indo para meu rosto, depois para meu peito, depois para o meu rosto denovo.

— Ah — foi o que ele conseguiu dizer. Ri um pouco antes de ir para perto dele e o abraçar denovo.

Senti sua falta... — Confessei, sentindo seu rosto quente no meu pescoço.

— Fiquei preocupado... — Ele também confessou. — Da próxima vez, vê se escuta o que eu falo e fica em casa! — Ele gritou, me fazendo voltar a rir.

Eu nunca fui o tipo de pessoa que ri para as coisas, mas quando eu estava perto de Ango, um riso vinha quase sempre.

Eu vou, sim! — Eu prometi, rindo. Me afastei um pouco, mas só o suficiente para que eu pudesse ver seu rosto. — Tem alguma coisa que eu possa fazer para me desculpar? — Perguntei, colocando uma mecha de seu cabelo para trás de sua orelha.

— Me beija — ele pediu, em poucas palavras.

Sorri me curvei sem sua direção, com o objetivo de diminuir a diferença de altura. Cobri seus lábios com um beijo casto e gentil, segurando seu rosto com minha mão.

Ele abraçou meu corpo por dentro da camisa, suas mãos envolvendo os curativos do meu peito. Me afastei devagar, ainda segurando seu rosto, e olhei nos seus olhos, mantendo nossa proximidade. Sorri e deixei um último beijo em sua bochecha, me afastando e indo em direção a cozinha.

Você comeu algo? — Perguntei, procurando os ingredientes para fazer arroz e curry.

— Sim, comi — Ele mentiu.

Tudo Que Deixei De Dizer [ODANGO]Onde histórias criam vida. Descubra agora