✧ MOTHER ARCADE, killugon

.03 | piadas com colonialismo e micro minissaia

Gon estava prestes a espetar Alluka com um alfinete para que ela parasse de se mexer enquanto ele media quanto deveria apertar de seu vestido quando seus celulares apitaram ao mesmo tempo, sinal de que havia uma notificação do grupo de trabalho e que provavelmente era inadiável.

— Vai buscar os celulares antes que eu costure essa pence direto em você.

— Se fode, viu? — a Zoldyck segurou a saia sereia do vestido com cautela para não bagunçar a marcação que Gon já havia terminado, considerando a possibilidade do traço de mira perfeita de chinelos ser algo hereditário no sangue latino antes de ousar desfazer o que ele estava fazendo humildemente com tanta dedicação. Ambos os celulares em mãos, ela jogou o dele em sua direção e confirmou que a habilidade de agarrar coisas no ar sem esforço era verdade.

Havia uma única foto enviada por Killua do cronograma da banda que ficava no estúdio, claramente para mostrar que seu último ensaio fotográfico para o álbum novo estava marcado para a próxima semana e que a previsão de encerramento das gravações ficava em dois meses, considerando portanto que o perfeccionismo do Zoldyck finalmente havia o deixado enviar as letras e melodias; Gon estava prestes a enviar um "ok" simples e retornar à tarefa de cuidar do vestido de Alluka quando outra foto apareceu na tela, apresentando uma lista relativamente curta de músicas que não eram da banda. Ele encarou o celular confuso por alguns instantes antes de lembrar que fariam covers, dando zoom como um velho desacostumado com tecnologia para ver as escolhas — mantidas tão sigilosas pelo vocalista que mais pareciam o próprio futuro lançamento — e abrindo um sorriso de canto enquanto deixava o celular de canto novamente.

— Seu namorado é um pestinha.

— É, deve correr no sangue. — respondeu, soltando uma gargalhada quando ela o deu um leve pontapé. — Agora sossega pra eu fazer um vestido que faça mi abuela ter orgulho de falar que me ensinou a costurar ou eu te alfineto igual boneco de voodoo.

— [ 🎸 ] —

— Cadê o Mariano? — questionou Alluka para o irmão assim que ele chegou do estúdio, fazendo o possível e o impossível para não mover nada além da boca e atrapalhar seu melhor amigo/escravo/cunhado. Quando Killua respondeu que seria uma reunião sem ele pela terceira vez consecutiva (uma anormalidade), a baixista quase pôs as mãos na cintura, lembrando a tempo que 1, haviam muitos alfinetes em sua cintura e 2, Gon cuidaria de costurar as mãos dela se fizesse aquilo. — De novo? Que estranho.

— Não muito. Apesar de tudo, Zushi ficou com parte burocrática da mercadoria para cuidar, e com o lançamento de tantas coisas junto com ter que ensaiar pra turnê deve ser exaustivo. Mesmo assim ele não aceita deixar as coisas nas mãos do Knov...

— Engraçado que parece até que isso aí é uma autoavaliação. — comentou Freecss, recebendo um olhar afiado de Killua antes dele desaparecer momentaneamente na cozinha, retornar com várias korzinotchki em um prato de porcelana requintado e colocar na mesa de centro da sala, próximo o suficiente de todos. — Qual é a ocasião especial que requer esses doces?

— Nenhuma. Eu só queria açúcar.

Com aquela sincera declaração, o albino mordeu uma das tortinhas e analisou Alluka de cima a baixo, aprovando o trabalho feito até o momento com um aceno de cabeça e inclinando-se levemente para ver seu namorado escondido atrás da Zoldyck brigando com algum processo do vestido e com a língua para fora, epítome de sua concentração. Era sempre engraçado vê-lo trabalhando em alguma roupa por conta desse pequeno detalhe, e mesmo após tantos anos de banda Gon ainda fazia vários dos figurinos favoritos pelos fãs e pela mídia; estava constantemente brincando que deveria dar orgulho à avó — há muito tempo desencarnada — por conta de uma aposta boba que fizera quando criança, porém nunca havia contado a história inteira nem mesmo para Killua. Parecia pessoal.