Capítulo 3- Segredo

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Zahara

- Tu já fizeste isto antes?- estremeci,  Lourenço apoiou as palmas na cómoda atrás de mim encarcerando-me entre os seus braços, seu aroma fresco e intenso inebriou o meu olfacto confundindo todos os meus sentidos, minha respiração acelerada denunciava o desespero mas decidida a vencer de qualquer forma aquela batalha infinda que nossos olhos travavam continuava a olhar para ele fingindo não me afetar com a proximidade de nossos corpos, ignorando o facto de que se não fosse a nossa diferença de altura, provavelmente não teríamos como falar um com o outro sem que nossos lábios não se encostassem.

- E se eu já tiver feito isso antes? Tem algum problema com isso?- disse com um tom desafiador e ele voltou a arquear as sobrancelhas surpreso, deleitei-me com aquela reação, deixá-lo surpreendido era a minha nova coisa favorita em todo o universo, mas foi sol de pouca dura pois Lourenço ajustou a postura entusiasmado e respondeu:

- De maneira alguma, isso só ia facilitar as coisas.- então passou uma das mãos pela minha cintura trazendo-me para mais para si, o contacto de seus dedos com a minha pele nua deixaram meus pêlos eriçados, nenhum homem havia me tocado assim antes, nenhum homem havia me tocado antes de todo, susperei assustada pela atitude repentina e segurei em seus ombros por reflexo querendo impedi-lo de continuar mas Lourenço pareceu gostar do efeito que causou.

- O que foi Zahara? Pensei que já tinhas feito isto antes.- o sarcasmo em suas palavras encheu-me de raiva e sem querer admitir a verdade permaneci em silêncio.

- Diz para mim a verdade...- ele sussurou dessa vez perto da minha boca, o hálito fresco bateu em meu rosto, seus olhos fixos nos meus enfeitiçavam-me criando um frio na minha barriga, abri a boca para falar mas antes que pudesse dizer alguma coisa sua mão alcançou a barra da minha calcinha e as palavras evaporaram tornando-se num gemido sôfrego que escapou pelos meus lábios.- Eu quero que tu me digas.- os dedos de Lourenço que antes brincavam com a barra da calcinha, indo de lá para cá,  ameaçavam arrancá-la a qualquer momento, meu coração estava prestes a sair pela boca, a língua não sabia mais fazer o seu trabalho de articular as palavras.

- Tu és virgem, não és?- disse com firmeza, o coração falhou uma batida, engoli em seco sem saber o que responder, ainda não estava pronta para assumir a derrota, de alguma forma confirmar que era virgem fazia-me sentir impotente na sua presença, fazia de mim apenas uma menina inexperiente na presença de um homem, aquela não era a imagem que eu queria transmitir para ele, por algum motivo sentia a necessidade de ser validada por ele, de surpreendê-lo novamente. Perante o meu silêncio Lourenço tentou abaixar a calcinha, segurei a sua mão com força impedindo que continuasse, abaixei o olhar envergonhada aceitando a derrota e finalmente admiti:— Sim, eu sou...— hesitei por um segundo ganhando coragem.— Eu sou virgem.— Lourenço sorriu fraco e então se afastou de mim, senti o vazio preencher o meu peito assim que nossos corpos se afastaram, ele apanhou a minha capulana no chão e atirou-na para mim ordenando com uma expressão desgostosa em seu rosto:- Veste-te!- segurou no seu casaco e nos sapatos pronto para sair.

- Onde tu vais?- perguntei confusa sem conseguir olhar para ele diretamente.

- Vou dormir no outro quarto.- disse com a expressão impassiva de sempre e o meu coração afundou no peito.

- E... e a cerimónia?- perguntei incerta apontando a bacia.

- Tu acreditas nessas superstições?- desdenhou com escárnio e eu abaixei o olhar mais uma vez, não era uma pessoa supersticiosa mas o meu pai havia me ensinado a não ignorar as minhas origens e a respeitar a tradição, a não desafiar a vontade dos antepassados e a cumprir com os rituais sagrados, a última coisa que eu queria era viver numa casa assombrada pelo não cumprimento da cerimónia. Isso e talvez, só talvez, porque queria que ele continuasse a tocar em meu corpo criando aquelas sensações totalmente novas para mim.

ZaharaOnde histórias criam vida. Descubra agora