14° capítulo

62 4 27
                                    

–Então quer dizer que você vai ser a namorada de mentirinha do gostosão do teu chefe, é isso? – diz a Gabriela, mais afirmando do que perguntando.

– O tanto que isso não vai dar certo não está escrito, Laura – fala a Rafa, me deixando ainda mais preocupada.

Eu acabei por chamar as meninas aqui e contei para elas sobre o meu acordo com o Aiden.

– Não fale isso nem brincando, Rafa, vai dar certo – digo, olhando-a suplicante para ver se ela para de ser racional por um minuto e embarca nessa doidera comigo – Eu preciso que dê certo – acabo por dizer mais para mim do que para elas.

...

– Mas eu ainda não entendi uma coisa, Laura... O seu chefe tem um bom motivo para te propor isso, mas e você? E não me diga que isso é apenas vontade de ajudar – pergunta a Rafa depois de eu esclarecer que o meu chefe não está apaixonado por mim, como havia dito a Gabriela, mas que ele precisa de ajuda para poder ter a guarda da sobrinha.

– É que eu preciso de ajuda para poder trocar o meu pai de clínica, já que a que ele se encontra pretende desligar a máquina e já deixou bem claro que não vão mudar de ideia.

– Ai meu Deus, Laura. Eu sinto muito! – exclama a Gabi, parecendo que realmente sente. Ao olhar para a Rafa, nem é preciso pensar muito para se imaginar o que vai dizer.

– Mas por que não pediste ajuda ao Max? – diz o que eu já esperava – Tenho a certeza de que ele não negaria isso. – Garante ela.

– Eu sei que ele não me negaria, mas eu não quero depender de favores de ninguém. – Infelizmente, o meu orgulho fala mais alto.

– Tecnicamente, estás a depender da ajuda do Aiden, o que é pior, já que ele é um completo desconhecido – pontua outra vez.

– Mas ele não está a ajudando, eles estão trocando favores – diz a Gabi, e eu agradeço internamente por ela ser tão fora da casinha como eu.

– Mas...

– Chega de mas, senhorita Rafaela – a interrompo antes que ela me dê outro motivo para ver o quão louca eu estou por ter aceitado esta ideia.

– Tá bom, tá bom kkkk, vamos fazer alguma coisa para passar o tempo então – fala desistindo, mas claramente sem estar convencida de que esta foi uma boa ideia.

– Bora sair, beber e pegar machooooo – grita a Gabi toda animada.

– Nem pensar, não tenho boas lembranças da última vez. – diz a Rafa, provavelmente se lembrando do Alex.

– Eu que o diga – fala a Gabi, já tirando o sorriso do rosto e nos fuzilando com o olhar... Ixii, lembrou do pudim.

– Vamos assistir TVD – falo, já correndo para a cozinha para fazer a pipoca antes que a Gabi me esfole viva.

...

Depois de algumas horas, as meninas vão embora e eu acabo por enviar uma mensagem à minha mãe avisando que tudo vai ser resolvido e também pedindo alguns documentos do meu pai.

Sei que em algum momento vou ter de conversar com a minha mãe para poder explicar como eu vou conseguir pagar para o meu pai ser transferido para outra clínica e como vou conseguir mantê-lo nela. Afinal, só conseguimos manter as máquinas ligadas por todo esse tempo com o desconto de 50% que tínhamos. Pagar 100% do preço seria impossível para nós.

Mas infelizmente, prefiro adiar essa conversa com ela. Dizer a verdade está fora de cogitação, mas eu sei que não vou conseguir mentir para ela, muito menos fugir de sua língua afiada, por isso é melhor mandar uma mensagem e deixar essa conversa para outro dia.

O Max já é outra história. Não quero mentir para ele, mas também não posso falar toda a verdade agora. Preciso pensar bem nas minhas palavras quando eu for contar sobre o meu acordo com o Aiden, pois sei que ele pode se sentir triste por eu não ter ido pedir ajuda a ele e sim a um "desconhecido". Prefiro deixar essa conversa para amanhã ou quem sabe depois.

Doce amargura Onde histórias criam vida. Descubra agora