16° Capítulo

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Acabamos de chegar no spa e estamos bastante animadas e prontas para desfrutar do dia de relaxamento que nos vai ser proporcionado por aquele cavalo.
Assim que entramos damos de cara com várias pessoas que podemos deduzir como funcionarias do spa já que todas se encontram uniformizadas.
O spa tem uma atmosfera muito tranquila e sofisticada o que acaba por nos oferecer um refugio para as nossa preocupações do quotidiano.
No momento em que nos aproximamos mais delas uma senhora muito elegante toma a frente das outras funcionárias e vem nos cumprimentar.

–Sejam bem-vindas ao  Gourmet Sensation, temos a honra de receber as duas aqui e ficamos lisonjeadas com o fato de vocês terem nos escolhido para vos proporcionar um dia de princesa.
Já temos o vosso dia preparado e assim como foi recomendado pelo meu caro amigo Aiden já planejamos tudo para que tenhem um dia agradável e relaxem para o evento.– eu não sei se fico impressionada com a sua dicção ao falar tudo isso de uma vez sem errar uma palavra ou se estranho o fato dela ser amiga daquela mula empacada.

–Err.. Brigada– falo sem jeito.

–Então podemos começar?– pergunta ela com um sorriso no rosto olhando diretamente pra mim.

Me limito a dar um pequeno sorriso sem mostrar os dentes em sinal de confirmação.

...

De início, quando o Aiden me falou sobre o dia aqui eu realmente fiquei muito feliz com a ideia de de ir pra um spar ter um dia de princesa, mas agora que estou ca, não me sinto no direito de aproveitar.
A cada risada que eu solto aquela famosa voz aparece me condenando.
Não consigo parar de pensar no meu pai.
Tenho muito medo de algo ter dado errado.
Não posso deixar de pensar que enquanto eu estou cá aproveitando dessa "vida de princesa" a minha família se encontra desesperada.
É sempre assim.
Sempre que eu tento me divertir essa voz me aparece para me mostrar que não tenho esse direito.
Ela nunca vai me deixar aproveitar esses momentos genuínos sem me fazer lembrar que não mereço ser feliz.
Não com toda essa culpa.
Não com todo o sofrimento que eu causei.

Fomos conduzidas a uma sala de tratamento onde alguns profissionais se encontram a cuidar das nossas peles.
Ao contrário de mim, que não estou a conseguir aproveitar muito bem tudo isso, a Gabi se encontra com um sorriso maior que a cara aproveitando de tudo e mais um pouco.
Pra vocês terem uma ideia depois que ela descobriu que temos direito a pedir qualquer coisa essa desajustada já pediu umas duas taças de champanhe.

–Bem que dizem que vida de rica vicia.
Eu poderia me acostumar rapidinho com isso kkk– fala ela enquanto alguns profissionais cuidam dos nossos cabelos.
Eu gostaria muito de discordar dela ou de a repreender mas não posso.
Eu também poderia me acostumar com isso. Acredito que seja o sonho de todos.

– Infelizmente não podemos, essa não é a nossa realidade, hoje estamos aqui porem nos as duas sabemos que amanhã iremos voltar as nossas vidas de pobres lascadas que trabalham igual condenadas– assim que eu termino de falar caímos as duas em uma gargalhada escandalosa.

–Bom ao menos vocês puderam fugir dessa vida por hoje. Imagina a experiência de ser senhora kkk mesmo que seja por um dia– fala a Mary, ela é uma das funcionárias e nesse momento é ela quem se encontra a cuidar do meu cabelo.
Confesso que se eu tivesse vindo pra cá sozinha teria simplesmente ficado quieta enquanto elas fazem k trabalho, mas como vim com essa linguaruda é óbvio que ela já conseguiu fazer amizade com todas as meninas que nos atenderam até agora.

–Concordo. Então lacaia me vê mais uma taça?– tento segurar mas obviamente não consigo e quando vemos já estamos as quatro rindo igual hienas.
...
Terminamos o cabelo e agora passamos para a maquiagem.
Nesse momento me encontro morrendo de curiosidade de saber como me encontro mas como a desparafusada da minha amiga deu a ideia de eu me arrumar "no escuro" iu seja.
Só vou saber como me encontro depois delas terminarem a minha maquiagem.
Que ótimo.
...

– Nossa!– falo me admirando no espelho. Confesso que não consigo me reconhecer.
A Mary acabou de terminar a minha maquiagem e como a minha linda e bebada amiga teve a ideia de me privar um espelho enquanto eu me arrumava só estou vendo o meu cabelo e a minha maquiagem agora.
Confesso que não esperava esse resultado.
Eu acho que a última vez que me arrumei de uma forma tão caprichada foi na minha formatura por pura insistência de minha mãe, e ainda assim não me lembro de ter ficado tão bem.

–Espero que gostes– fala a Jade (a outra funcionária que se encontrava com elas) se aproximando com um porta trajes em mãos.

–wouu, o que seria isso?– pergunto um pouco contida.

– Acontece que a pessoa que pagou pelo teu dia aqui deixou bem claro que deverias sair daqui com um vestido para algum evento importante. Então eu tomei a liberdade de escolher esse.

Antes que ela termine de falar a Gabi já se encontrava com o porta trajes aberto e com um vestido lindíssimo em mãos.
Porém o que ele tinha de belo deveria ter de caro.

–Fico feliz por teres feito isso Jade mas infelizmente não posso aceitar o vestido.– recuso. Já basta tudo o que ele vai fazer pelo meu pai e o dia de hoje.
Aceitar esse vestido beira a abuso.

–É claro que podes bobinha. Afinal não acredito que tenhas alguma roupa adequada para o dia de hoje.– Essa Gabi só sabe ser do contra.. misericórdia.

–É claro que tenho Gabi. Tenho vários vestidos lindos.

–Não é querendo falar mal dos teus vestidos Laura, mas, acreditas realmente que os teus vestidos são adequados para o evento que aquele senhor mencionou?
Não é por nada mas obviamente vão ter inúmeras pessoas da alta sociedade presente. Deverias vestir-te para o nivel do ambiente social do qual queres participar.– fala a Mary

–Vamos Laurinha .. Aceita o Vestido. Tenho a certeza que o preso dele não passa de uma pequenha esmola para o bolso daquele gostoso mal educado.
E você merece esse presente por tudo o que vens aturando.

Eu olho para o vestido deslumbrante que Jade gentilmente escolheu para mim, e meu coração fica dividido. Por um lado, a generosidade de Aiden ao pagar por esse dia no spa e pelo vestido é inegável, e não posso negar que me sinto grata por sua ajuda para a transferência do meu pai. Mas por outro lado, uma vozinha dentro de mim sussurra que aceitar algo tão caro pode comprometer minha independência e autoestima.

A Gabi, sempre tão teimosa, insiste para que eu aceite o presente, argumentando que mereço algo especial depois de tudo o que tenho passado. E, admito, parte de mim quer ceder às suas palavras reconfortantes. Mas há uma parte mais cautelosa de mim que hesita, preocupada com as possíveis repercussões de aceitar um presente tão extravagante de meu chefe.

Enquanto seguro o vestido em minhas mãos, pondero sobre o que isso significa para mim. Será que aceitar o vestido é apenas um gesto de gratidão ou algo mais complexo? Eu me pergunto se minha decisão vai além do vestido em si e afeta minha autoestima e independência.

–Bom, se é assim– No final, decido experimentar o vestido e ver como me sinto. Afinal, talvez seja hora de eu permitir-me um pouco de indulgência, mesmo que seja apenas por um dia.

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