Doce amargura

19° capítulo

**Desconhecido**

– Tudo pronto para a decolagem, senhor – falou uma das emissárias se aproximando.

Esta é uma viagem que eu não pretendia fazer, mas tive de mudar os meus planos, mesmo que contra a minha vontade.

O plano era simples.

Pagar para desligarem a máquina, e depois de sua volta fazer uma chantagem e pronto. Não teria erro.
Tenho a certeza de que ela não pensaria duas vezes antes de aceitar a minha proposta para poder ter uma remota chance de salvar a "vida" do pai.

Era apenas isso: ofereceria a minha ajuda e, em troca, eu a teria de volta.
Mas algo deu errado.
Algo aconteceu.
Eu tinha informações de confiança de que ela não teria como pagar outra clínica, mas ela teve.
Não só conseguiu pagar para transferi-lo para outra clínica, como ainda o mandou para a melhor de todas.

E isso acabou totalmente com a minha ideia inicial de que ela talvez tivesse pego um empréstimo ou algo do tipo.

Então, por isso, tomei esta decisão. Já que ela não veio até mim, sem problema nenhum eu irei até ela.

Preciso estar por perto. Desse jeito poderei eu mesmo buscar uma oportunidade para conseguir trazê-la para mim.

Pretendo fazer com que ela venha de livre e espontânea vontade, mas não vou mentir dizendo que não me agradaria tê-la ao meu lado contra a sua vontade.

Amaria poder vê-la chorando e me implorando para ir embora.
Adoraria vê-la despedaçada depois de dar cabo da "vida" daquele inútil que ela chama de pai.

Não consigo nem imaginar quanto será a minha satisfação por tê-la tão frágil perante mim.
Poder realmente realizar todas as fantasias que nutri por ela durante tantos anos.

Só de imaginar aquele rostinho bonito adquirindo um tom extremamente avermelhado depois de um tapa, ou de poder ver as marcas dos meus dedos que pretendo deixar em todo o seu corpo, sinto-me em êxtase.

Não consigo parar de pensar no seu belo sorriso ou das vezes que ela parava para contar histórias para todos nós depois dos jantares que eu era convidado a participar. Nunca recusei um.
Ou também das vezes que íamos para praias ou piscinas "em família".
Era majestoso poder admirá-la usando aqueles típicos biquínis, apesar de por vezes precisar me concentrar muito para não arrancar os olhos de todos aqueles que se permitiam encará-la ou os mais corajosos que chegavam a flertar com ela.

Lembro-me também de quando ela abandonou as suas típicas roupas extremamente coloridas para começar a se vestir de preto.

Mas uma das melhores lembranças foi do dia em que ela chegou até mim e me pediu que a levasse ao shopping para comprar roupas novas, já que ela precisava tirar fotos que fossem Tumblr e as roupas que ela tinha não passavam essa impressão. Obviamente não me opus, muito pelo contrário, depois das compras me ofereci para servir de fotógrafo para ela.
Chegamos até mesmo a tirar inúmeras selfies juntos; guardo-as até hoje.

Mas, sem sombra de dúvidas, a minha melhor lembrança foi do nosso último encontro.

Ahh... Foi imensamente satisfatório poder quebrá-la daquele jeito.
Senti-me imensamente feliz ao ver seus incríveis e belos olhos derramando gota após gota de lágrima.
Adorei mais do que tudo ouvi-la suplicando para que eu parasse ou para que não fizesse tal coisa com ela enquanto adentrava mais e mais nela.

Foi uma das minhas melhores visões quando a minha mão se chocou com o seu rosto, fazendo-a chorar mais. Pretendo repetir.

Também fiquei feliz que, mesmo quando eu estive longe, ela não permitiu que qualquer outro a tocasse. Foi uma forma de respeito para comigo que eu admirei muito.

Sempre foi fiel a mim, e eu me sinto honrado em saber que fui o único a tocá-la em toda a sua vida.
Melhor ainda foi perceber que, depois de mim, ela nunca permitiu que nenhum outro se aproximasse, por qualquer que fosse o motivo.

Infelizmente, não pude fazer o mesmo. Mas, ao menos, sei que em todas as outras que toquei, era a imagem dela que invadia a minha mente... Era ela quem eu queria, quem eu sempre quis.

Melhor ainda é ver a sua evolução. Tão linda... Tão perfeita... Só que agora muito mais mulher, muito mais encorpada. E o cabelo? Foi tão lindo vê-la aceitar os cachos e parar de alisá-los.

Lembro-me da época que ela passava horas e horas passando chapinha no cabelo pra ele ficar liso.

Ai, minha doce e adorável bonequinha. Não acredito que finalmente chegou o momento do nosso reencontro. Finalmente pude voltar para te encontrar, minha princesa.

– O senhor vai desejar alguma coisa? – pergunta a mocinha, claramente com segundas intenções.

Se fosse algum tempo atrás, de certo que eu a levaria para o quarto no fundo do avião, mas não agora.
Não tão perto da minha princesa, onde minha cabeça vaga para ela a cada batida do meu coração.

– Traga um copo de uísque com gelo – respondi simplesmente, despachando-a com a mão enquanto mexia no meu laptop.

Não pretendo tocar em nenhuma outra mulher que não seja ela.

Sei que isso só me decepcionaria ao perceber que nenhuma é como ela. Que, mesmo que tentem, nenhuma jamais terá o seu cheiro ou o seu tão belo sorriso, sempre presente em seus lábios.

Ai, minha doce Laurinha, se prepare, seu amor voltou pra você.

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Alguma ideia de quem seja esse desconhecido?😁