Capítulo 7

218 18 1
                                    


Por Jones

Acordei cedo e ansioso para iniciar mais um dia de trabalho na C&M. A empresa que administro com meu melhor amigo, Dylan Cooper. Mas, por uma razão eu que sabia bem, àquele dia era, no mínimo, interessante pra mim. Desde o dia anterior, não conseguia pensar em outra coisa a não ser em Emma Davis, a mulher por quem vinha perdendo o sono nos últimos meses.

Ela trabalhava conosco como secretária há uns cinco anos. Nunca tive coragem de chamá-la pra sair. Quando Dylan a contratou, ela era comprometida, e eu estava namorando com uma modelo, mas não duramos mais do que cinco meses. Desde então, fiquei com diversas mulheres, alguns relacionamentos duraram mais, outros nem tanto. Contudo não me prendi a ninguém. Nenhuma mulher me despertava interesse o bastante para engessar em um relacionamento. Estava estacionado em curtir, transar casualmente e trabalhar. Minha vida não tinha mais emoção. E eu sentia que faltava algo.

Um dia como outro qualquer, me peguei admirando a pequena srtª Davis. Apropriado? De forma alguma. Mas eu não era o tipo que se importava com isso. Quando comecei a conviver com ela, algo dentro de mim despertou. A atração foi imediata. Ela nunca precisou fazer absolutamente nada fora do comum para que eu a enxergasse diferente. Emma era a mesma mulher doce e prestativa que sempre foi desde o primeiro dia. A coisa mais estranha veio depois de um tempo. Percebi que havia me tornado um medroso. Não sabia se era receio da sua recusa, ou o medo de ser interpretado de outra forma. Seja o que for, não tinha coragem de convida-la para sair.

Como nunca notei que o sentimento era recíproco, deixei que o tempo se encarregasse de acabar com o que sentia, pois sabia que se eu fosse rejeitado por ela, iria ficar um clima estranho entre nós dentro da empresa. Não queria que ela se sentisse constrangida toda vez que esbarrasse comigo. Coloquei meus sentimentos em um potinho e guardei a sete chaves.

No dia em que ficamos presos no elevador do trabalho, algo mudou. Ela estava mudada. Emma desabou em meus braços, chorando em um momento claro de fragilidade. Aquilo ao mesmo tempo me assustou e despertou em mim o desejo de protegê-la do que quer que estivesse lhe atormentando. Tentei descobrir o que tanto a incomodava, mas Emma Davis era como um gatinho assustado. Se eu a pressionasse, ela fugiria para longe. E eu queria que ela ficasse.

Era notável em suas roupas, seus modos e em sua face que algo não ia bem. E para completar a minha teoria, a encontrei sozinha, bêbada e perambulando sem rumo em uma rua deserta tarde da noite, no Natal. Mais uma vez, tentei não pressioná-la, mas nem sequer consegui dormir aquela noite. Fiquei bravo por se colocar em risco. Me senti impotente.

Vê-la toda encolhidinha na cama com medo da tempestade me fez travar uma luta imensa dentro de mim contra o desejo de protegê-la dos barulhos de fora; e dos de dentro da sua cabecinha.

— Bom dia, senhor Miller! — Clovis, o porteiro do prédio, me cumprimentou quando cheguei em frente à empresa.

A ansiedade para encontrá-la de novo estava me deixando nervoso.

— Bom dia, seu Clovis, como vai?

— Bem, senhor.

Sorri para ele e peguei o elevador em direção a meu escritório. Quando as portas de metal se abriram, estranhei Emma não estar em seu lugar como todos os dias. Chequei meu relógio e vi que se passava das oito da manhã. Normalmente, ela chegava mais cedo, por volta das sete e meia. Segui para minha sala e comecei a abrir os e-mails.

Às nove, escutei duas batidas na porta. Me empertiguei inteiro, imaginando a que fosse Emma. Levantei. Ajustei o terno e... assisti Dylan abrindo a porta. Meu amigo entrou conversando com alguém no celular e aproveitei para sentar de novo.

A Minha Vez: Emma livro 3 - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora