Capítulo 8

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Por Emma

Depois da enfermeira ter pego o sr. Miller e eu em uma situação constrangedora no quarto, ela me deu um remédio para dormir e nos deixou à sós.

Jones, educadamente, veio me visitar assim que soube do ocorrido. Percebi pela sua fisionomia que ficou preocupado. Normalmente, meu chefe era risonho e divertido, raramente víamos ele triste ou chateado com alguma coisa. No entanto, quando passou pela porta, me lançou um olhar indescritível e extremamente sério. Por um instante, me senti envergonhada por não ter lhe contado tudo quando me perguntou o que estava me deixando mal. Talvez se houvesse lhe dito, nada daquilo teria acontecido.

Mesmo assim, tudo que vinha recebendo de sua parte era carinho e compreensão. Me alegrava saber que mesmo sendo sua funcionária, me via também como uma amiga.

Bocejei sentindo o efeito do remédio. Sorri ao notar que Miller não desgrudava os olhos de mim.

— O que foi? — perguntei.

— Nada. Você precisa descansar.

Aos poucos, senti minhas pálpebras pesarem.

— Hum rum...

— Durma bem. Quando acordar, estarei aqui...

Tentei formular alguma resposta, mas minha boca não obedeceu. Acabei dormindo.

❀❀❀

— Como assim fugiu? — Escutei a voz de Eivy ao longe.

Passei a mão no rosto e gemi de dor quando toquei na região do olho machucado. Pisquei algumas vezes até me acostumar com a claridade.

— Mas estamos procurando. — Dessa vez, uma outra voz feminina se sobressaiu.

Percorri o olhar pelo quarto vazio e, do outro lado da porta de vidro, vi Eivy e Jones conversando com uma mulher de cabelos cacheados. Ao virar de lado para escutar o que meu chefe dizia, reconheci Victória. Todos estavam com roupas diferentes, provavelmente devem ter passado em casa em algum momento. Pela pouca claridade que entrava pela janela, presumi estar anoitecendo. Dormi o dia inteiro.

Me sentei procurando alguma sandália no chão para calçar. Como não encontrei, saí pisando no chão gelado até uma pequena cômoda com uma jarra de água em cima. Bebi o líquido como se não houvesse amanhã. Minha garganta estava seca.

Caminhei até o pequeno banheiro do quarto e fiz minhas necessidades. Aproveitei para lavar o rosto com cuidado.

Como se estivesse ocorrendo uma tempestade em meu estômago, minha barriga roncou alto.

Voltei para o quarto. Meu corpo estava fraco de fome. Como os três ainda conversavam no corredor distraídos, andei a passos largos até eles e abri a porta rapidamente.

— Alguém pode comprar uma pizza pra mim?

Todos me olharam surpresos, e minha barriga roncou novamente.

— Tô morrendo de fome...

Jones me avaliou de cima a baixo e abriu um sorriso largo.

— Alguém aí acordou bem melhor, não é? — Eivy disse, e Victória riu.

— Eu peço. — Jones pegou o celular e se afastou.

O restante de nós entramos e nos acomodamos. Sentei na cama e elas arrastaram duas cadeiras que estavam postas na sala.

— Como você está? — Victória me perguntou.

De nós três, ela era a mais alta. Avaliando seu porte físico, conseguia associá-la à profissão de policial. Ela tinha curvas definidas, postura firme e olhos atentos.

A Minha Vez: Emma livro 3 - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora