Pega de surpresa com sua resposta, fiquei sem saber o que falar. No fundo, pensei que Jones me considerava uma amiga. Tudo bem que nos beijamos e trocamos confidências, mas foi no calor do momento. Será que entendi tudo errado?
Ele passou por mim de toalha na cintura com total naturalidade procurando sua roupa na bolsa.
— Vou te deixar à vontade. — Me apressei em sair do cômodo.
Nervosa, me escorei na parede do corredor e aguardei por ele.
Não somos amigos.
Mal tive tempo para pensar e a companhia ressoou na sala.
A primeira pessoa que veio em mente foi o Stefan. Congelei por um breve momento.
Provavelmente é o entregador. Stefan não iria bater na porta. Minha mente começou a trabalhar.
Caminhei a passos lentos até o topo da escada. Repetia para mim mesma que estava tudo bem.
Odiava ser tão medrosa.
— Eu atendo! — Jones surgiu vestido com uma calça moletom. As gotículas de água ainda desciam por suas costas quando passou apressado.
O segui com olhar e assisti ele atendendo um rapaz jovem, totalmente encharcado da tempestade. Pela sua cara de espanto ao receber o pagamento, Miller devia ter lhe dado uma boa gorjeta.
Não somos amigos. O que queria dizer com aquilo? Minha cabeça questionava sem parar.
— Vamos comer? — Me chamou.
Ele nem mesmo se incomodou em vestir uma camisa. Se sentou em uma das banquetas e, afoito, desembrulhou a comida.
Ter a visão do seu abdômen trincado na minha frente não era nenhum sacrifício, mas eu não conseguia agir com normalidade.
Ele mesmo havia frisado que não éramos amigos minutos antes. Então por que se comportava como se fossemos íntimos?
— Tudo bem? — murmurou praticamente engolindo um bolinho harumaki.
Assenti achando graça da cena.
— Está mesmo com muita fome...
— Morrendo.
Peguei os hashis e me concentrei na comida. Não queria que ele me pegasse encarando seus mamilos rígidos. Jones era um homem alto. Mesmo sentado, ainda continuava consideravelmente maior do que eu. Na posição em que eu estava, não havia como olhar pra frente e não me deparar com seu peito nu.
A chuva diminuiu um pouco lá fora, mas os raios ainda eram frequentes. O silêncio reinou na cozinha e o clima foi ficando estranho. Eu não sabia o que falar; parecia que meu cérebro não funcionava. Minha boca só servia para comer. E o pior era que eu tinha certeza de que Jones estava me olhando. O celular dele tocou em algum lugar da sala e eu respirei aliviada quando o vi correndo para atender. Eu não estava me entendendo. Nos já ficamos juntos no mesmo lugar dezenas de vezes e nunca me senti constrangida.
— Oi, mãe! — Jones voltou a se sentar de frente para mim. Desviei o olhar enquanto enfiava um maki na boca. — Não. Tô na casa da Emma. Vou ficar aqui hoje. Sim, sim, ela está bem. — Ele ficou uns segundos me encarando, depois sorriu. — Não é nada disso! Não, mãe! Tudo bem, depois conversamos. Beijo. — Jones pôs o aparelho na bancada e deu um gole no refrigerante.
— Minha mãe mandou um beijo pra você.
— Obrigada. Ela é um amor.
— É. Não chega a ser como eu, mas ela tenta. —
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A Minha Vez: Emma livro 3 - Completo
Lãng mạnEmma é uma mulher acostumada a lutar desde muito jovem para sobreviver. Aos vinte e cinco anos, ela se depara com mais um desafio: agressões físicas e psicológicas dentro da própria casa. O que a pequena Emma não esperava era que Jones Mil-ler, o se...