Capítulo 23 - Névoa e macacos

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Passamos o objeto estranho de mão em mão. É um tubo de metal. 

- Você consegue pescar com isso, Mags? - Katniss pergunta. Mags só balança a cabeça.

Ficamos todos em silêncio, tentando pensar na utilidade daquele objeto que foi enviado para nós. 

- Uma cavilha! - Katniss quase grita, se levantando.

- O quê? - eu pergunto, sem entender.

- Isso aqui é uma cavilha. Funciona como uma torneira. Você coloca numa árvore e a seiva sai por ela. - Katniss olha para as árvores em volta de nós. - Bom, tem que ser tipo certo de árvore.

Johanna provavelmente saberia o tipo certo de árvore.

- Seiva? - pergunta Finnick.

- Para fazer xarope - Peeta explica. - Mas deve haver algo mais dentro dessas árvores.

Mags oferece o furador que segurava para Peeta abrir um buraco em uma das árvores. Katniss encaixa a cavilha cuidadosamente, e então todos nós ficamos em volta, a espera de água. É então que uma fina corrente de água começa a escorrer pela cavilha. 

Nos revezamos para beber a água. Com a cesta que Mags e Finnick haviam feito antes, conseguimos enchê-la de água de tão bem tecida que a cesta estava. Utilizamos isso para beber a água como se fosse de um copo, e então para lavarmos nossos rostos. Infelizmente a água não é fria, é da mesma temperatura de tudo aqui. 

Assim que nos preparamos para dormir, Finnick se oferece para montar guarda no primeiro turno. Eu me ofereço para montar guarda junto com ele, mas ele insiste para que eu descanse um pouco, então me deito para dormir. 

Meu sono é consumido por pesadelos, um pesadelo específico: sonho que estou na arena com Johanna, e que ela se sacrifica por mim. Sou acordada por alguém me sacudindo de leve. Me assusto e rapidamente me levanto. 

- Você estava tendo um pesadelo. - Finnick, o responsável por me acordar, diz. 

Eu respiro fundo, evitando chorar. - Obrigada por me acordar.

Ficamos alguns segundos em silêncio, observando o ambiente em volta.

- Quer conversar sobre? - Finnick me pergunta, em voz baixa para não acordar os outros.

Eu suspiro antes de desabafar com ele e contar sobre o pesadelo. 

- Ela é durona. - Finnick diz. - Você e todo mundo sabem disso. Tenho certeza que ela ainda está por aí com raiva de tudo e todos, resmungando. 

Nós dois rimos imaginando Johanna fazendo isso. Nossa conversa é interrompida pelo que parece ser um som de sinos. Katniss é a única que acorda.

- Contei doze - Finnick diz.

- Deve significar alguma coisa. Vocês fazem alguma ideia do quê? - Katniss nos pergunta.

- Nenhuma - nós respondemos ao mesmo tempo. 

Esperamos algum outro som ou sinal de qualquer coisa. Uma rajada de eletricidade atinge uma árvore grande e então uma tempestade de raios começa. 

- Vão dormir. Já está mesmo na minha vez de ficar de vigia - Katniss sugere.

Finnick hesita, mas está tão cansado que acaba cedendo e vai deitar na tenda construída por Mags e ele. 

- Você também, Daphne. - Katniss diz. - Imagino que não deve ter dormido muito.

Eu balanço a cabeça. - Não. Mas com os sonhos que tive acho melhor ficar acordada. De qualquer forma nem sei se consigo voltar a dormir agora.

Ela não insiste. Nós duas estamos sentadas lado a lado, olhando a paisagem. Katniss segura o arco com a flecha já engatada, enquanto eu estou com a mão em uma das facas como sempre.

A Vitoriosa do Distrito 10Onde histórias criam vida. Descubra agora