Retornos.

1.5K 200 6
                                    

Maera e Vaegon já estavam há alguns meses em Dragon Stone para que as conversas e boatos sobre os acontecimentos recentes se esfriassem.
Foi um período onde eles puderam aproveitar a companhia um do outro e puderam ser verdadeiramente felizes longe das dificuldades da monarquia. Claro que ambos também aproveitaram a recente cerimônia.
Os criados do castelo relatavam uns para os outros o quanto eles eram "barulhentos".

— Minha senhora, me desculpe. - Uma das criadas adentrou o quarto que Maera dividia com Vaegon sem bater antes e acabava tendo uma visão não tão agradável.
— Sete infernos Elizabeth. - A platinada disse enquanto se cobria com um lençol, Vaegon rapidamente fazia o mesmo.
— Aconteceu algo? - O príncipe a questionava de maneira preocupada e curiosa.
— Bem... Tem uma pessoa na sala do trono de pedra, e ela deseja vê-los. Imediatamente. - Elizabeth falava de maneira um tanto quanto ansiosa.
— Quem? - Maera franzia as sobrancelhas em um sinal de curiosidade.
— Acho melhor a senhora e o senhor verem com os próprios olhos.

Não foi preciso ser dito mais nada para que a jovem princesa imediatamente se levantasse colocando o primeiro vestido que visualizava no corpo e Vaegon também se vestia com certa rapidez. A mente de ambos estava vaga e confusa, eles não esperavam a visita de nenhum Lorde ou Lady, então não faziam ideia de quem poderia ser. Maera caminhava de maneira apressada em direção da sala do trono ao lado do marido.
Quando as portas se abriram o queixo da garota praticamente caía no chão devido a surpresa.

— Irmãos. - A voz aveludada da mulher que estava jogada sobre o trono ecoava pela sala de maneira sensual e aveludada. Ela utilizava um vestido vulgar para os padrões de Westeros, os panos de cetim lilás deixavam sua barriga a mostra. Claro, só poderia ser uma pessoa.
— Saera? - Maera perguntava com certa incerteza, raiva e confusão.
— Saera. - Já Vaegon falava de maneira monótona, olhando a figura da irmã.
— Creio que sentiram minha falta. Mas, cá entre nós, queimar o Septo? Foi incrível. Precisei voltar para olhá-los nos olhos e os agradecer pessoalmente. - A platinada se levantava e caminhava para próximo aos dois. — E claro, parabenizar a união. - Saera observava Maera de cima a baixo com um sorriso malicioso.
— Pensei que estivesse morta. - Maera disse a olhando nos olhos.
— Não tanto quanto Alyssa e Viserra. - A jovem respondia com o humor ácido que somente ela poderia ter. — Céus... Sinto falta delas. - Um leve bico se formava em seus lábios.
— O que você quer? - Vaegon era quem a questionava, para ele não fazia sentido a irmã sair de Essos somente para os parabenizar, tendo em vista que ela poderia fazer isso através de uma carta.
— Uma família. - Ela o respondia de maneira simples. — Agora com o Septo no chão sinto mais confiança em retornar para casa, mas, eu sei que Jaehaerys jamais me aceitará em King's Landing enquanto for vivo. - Ela pausava a fala para olhar Vaegon. — Por sorte você é o herdeiro e certamente aceitará sua doce irmã de volta.

Neste momento o platinado olhou para Maera como se estivesse esperando alguma autorização ou comentário sobre e tudo que ela fazia era balançar a cabeça levemente em concordância.

— Somos família. - Maera disse em um tom suave observando Saera. — Lhe manteremos aqui em Dragon Stone.
A jovem praticamente pulava na irmã e a abraçava de maneira afetuosa em resposta. No fundo Saera era apenas uma jovem assustada que havia passado muito tempo em terras estrangeiras tentando ser alguém, quando na verdade ela só desejava uma família presente e carinhosa.

Enquanto isso o clima entre os Hightower's e os Lannister's ficava cada vez mais agradável pois eram ambas casas ambiciosas e invejosas.
Para eles não fazia sentido os Targaryen's possuírem os Sete Reinos e estavam dispostos a fazer algo sobre isso juntos.

— Eu mataria Vaegon com uma facilidade absurda, o garoto nunca pegou em uma espada. - Otto falava enquanto revirava levemente os olhos e dava um gole no vinho.
— Claro, como se Balerion não fosse o comer vivo. Já viu o tamanho da porra daquele dragão? - Tymond o respondia também bebericando o vinho.
— Se ao menos eles não estivessem enfurnados em Dragon Stone... Não quero ter que recorrer as lágrimas de Lys. — O ruivo colocava de maneira raivosa a taça sobre o móvel ao lado enquanto se levantava.
— Veneno é arma de mulher, garoto. Não vamos descer o nível assim. - O Lannister o respondia com certo desprezo. — Somos Leões, vocês são a Luz.
— E eles são Dragões. - Otto o respondia de maneira óbvia e irritada antes de sair do cômodo batendo a porta atrás de si.

O homem caminhava pelo castelo enquanto passava as mãos pelos fios de cabelo e fazia certos questionamentos internos. Ele de fato havia se apaixonado por Maera em algum momento de sua infância, talvez o jeito doce da garota tenha o encantado, talvez seu falar ou seu andar. Mas, algo era certo, essa paixão havia se tornado obsessão; não só por ela, mas, pela realeza também.
A casa Hightower era rica e próspera, porém, nenhum privilégio chegaria perto dos privilégios que uma realeza tem e ele almejava isso. Otto queria este poder para si tanto quanto queria a garota, e isso estava o levando para próximo da loucura.
O ruivo havia caminhado para o pátio exterior do castelo para se sentar debaixo de uma das árvores, talvez pensasse que um vento fresco resolveria tudo.
No momento em que ele fechava os olhos para relaxar, um flashback vinha em sua mente.

— Com licença? Está errado. - Uma voz doce chamava a atenção do garotinho que estava treinando com uma espada de madeira. Quando ele se virava para ver quem era, via a princesa Maera. — Meu irmão Aemon segura com a outra mão. - A garota falava de maneira séria como se realmente estivesse com o desejo de auxiliar a outra criança.
— Talvez ele seja o errado. - Otto respondia com um pequeno sorriso convencido, o que fazia a pequena princesa também sorrir. Neste momento o garoto sentiu o coração arder.
Vê-la sorrir daquele modo, com os raios de sol iluminando seus fios platinados e seus olhos violetas... Era demais para ele suportar. E então a obsessão começava.

"Você é tolo." Otto falava em voz alta se referindo a resposta que ela havia lhe dado naquele dia e então sua mente se livrava dessa pequena memória tola que ele se recusava a esquecer.

— Se mantenha Otto Hightower, amor não torna ninguém poderoso. - O ruivo disse para si mesmo enquanto se levantava e voltava a caminhar pelos arredores.

O Sangue Do Meu SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora