Um navio gigantesco velejava pelo mar calmo de uma tarde fresca, navio este abarrotado de marinheiros, mariscos, vinhos e festejo.
Homens jogavam cerveja uns aos outros, mulheres riam enquanto ajeitavam as comidas e crianças dançavam ao som da música que um grupo tocava.
E ao comando do navio lá estava ele, Corlys Velaryon, o Serpente marinha. O homem segurava um cálice na mão enquanto a outra se erguia até os céus, um grito de alegria se desprendia da garganta do Velaryon assim que o navio era coberto por uma sombra gigantesca vinda direta dos céus.
A sombra não tinha só um responsável; tinha três.
Meleys, Canibal e Balerion dançavam nos céus.
Rhaneys estava agarrada em uma menina miudinha, morena e de longos cachos platinados, a perfeita junção dela com seu Lorde marido. A garotinha ria cada vez mais alto conforme as asas da Rainha Vermelha se chocavam contra o vento.
Maera por sua vez estava agarrada em um menino tão branco quanto as nuvens que eles cortavam pelos céus, era o seu menino, o seu Maegor.
E em cima dos dois dragões menores, lá estava Vaegon montado em Balerion.Agora o ano era 96 d.c e todos eles estavam a caminho de King's Landing para comemorar o sexto dia do nome de Maegor Targaryen e Laena Velaryon.
Após o nascimento do pequeno príncipe Maera viu cada vez mais Pedra Do Dragão como lar, e se ausentou por la durante o início da infância do platinado, já Vaegon se manteve no palácio a grande parte do tempo, auxiliando o Rei Jaehaerys que já estava na velhice e sem muita paciência para continuar governando. O herdeiro era agora não só a mão direita do Rei, era também sua voz.— Filha. - A mulher havia escutado o rugido dos dragões se aproximando e com o auxílio de damas de companhia conseguia levantar e se arrumar. A idade não estava sendo tão gentil com a Rainha.
Com passos lentos e custosos a Boa Rainha; como era conhecida, se dirigia para o pátio do castelo. Seu rosto estava iluminado de alegria e seus olhos carregados de saudades.
Saudades essa que era suprida no exato momento em que seus olhos se encontravam com os olhos de Maera que havia acabado de adentrar os portões. A princesa carregava o filho no colo de maneira afetuosa e protetora, cena que fez Alyssane ter um deja vu, pois ela mesma já fez aquilo tantas vezes, com tantos filhos.— Mãe! - A princesa sorria se abaixando de maneira imediata deixando Maegor no chão para poder se afundar nos braços da rainha em um abraço afetuoso.
— Minha filha... Olhe para você. Tão crescida, esta perdendo o ar de menina. - Alyssane falava enquanto acariciava o rosto da platinada, observando com carinho cada feição e cada detalhe que o tempo havia marcado na pele de sua filha. — E o meu menino? Nossa! Está comendo mil ovelhas por dia? Olhe para você, tão forte! - Ela se soltava de Maera para faz cócegas no neto que imediatamente se explodia em risadas.
— Pare! Sou um homem já! - Maegor tentava se defender, sem muito sucesso.Vaegon aparecia atrás dos três, pegando o filho no colo e o livrando das cócegas da avó.
— Um pequeno homem em apuros. - O homem falava entre risos enquanto depositava um beijo na bochecha de Maera e ajeitava o filho no colo, dando um beijo na testa da mãe em seguida.
— Uau, três demonstrações de afeto em menos de um minuto, quem diria que meu Vaegon que queria ser Meistre se tornaria um homem tão carinhoso. - As palavras da rainha fez todos sorrirem.
— Eu tenho esse poder. — Maera se gabava. — Onde está o Rei?
— Cansado... Impaciente, difícil, velho. - Alyssane tentava justificar a ausência de Jaehaerys e a decepção no rosto de Maera se tornava óbvia.
— Cansado para a própria filha, filho e neto que ele não vê a três anos? A última vez foi no terceiro dia do nome de Maegor. - A princesa ditava enquanto pegava o filho novamente nos braços, Maera e Maegor eram grudados como carne e unha.
— Eu trouxe surpresa para o vovô. - O jovem príncipe disse em um tom infantil que transpassava uma leve decepção.
— Você irá vê-lo mais tarde eu prometo que - A voz de Vaegon era interrompida pelas risadas de Rhaenys e Laena que haviam acabado de pousar e descer de Meleys.
— Laena! - O garotinho descia do colo da mãe como um foguete para ir brincar com a garota.
— Pensei que demoraria mais para ele me trocar por uma garota. - Maera resmungava, tirando um riso de Vaegon.No mais tardar daquele mesmo dia um banquete estava sendo servido em comemoração pela chegada deles, e dessa vez toda a família estava presente, exceto o Rei. O homem estava em seus aposentos, deitado com suas vestes de descanso.
Após três batidas na porta a voz ainda grave e rouca pela idade pode ecoar pelo cômodo.— Entre.
A princesa Maera adentrava o quarto, andando em passos cautelosos até a borda da cama, para se sentar em tal.
— Seu neto anseia lhe ver, disse que quer voar com você.
— Se os Deuses forem misericordiosos quem sabe eu acorde com ânimo pela manhã. - Jaehaerys disse com um sorriso fraco nos lábios enquanto encarava a filha. — Você se parece com sua mãe. Não é mais uma menina.
Após alguns instantes de silêncio a voz doce de Maera pode ser ouvida novamente.
— Conseguiu me perdoar?
— Sim. - O Rei assentia com a cabeça. — Foi de extrema tolice o que fiz quando Maegor nasceu. Fiquei cego pela fúria e decepção que senti ao saber do nome do menino. Eu me arrependo muito, Maera, muito de ter passado os primeiros anos sem desejar lhe ver. Sei que perdi memórias felizes que os Deuses jamais me devolverão. Eu te amo. Perdoe-me também. - Sua mão envolvia a mão da princesa puxando-a para si em um abraço caloroso.A platinada deixava os aposentos do pai para ele ter o devido descanso e ia para o banquete. O barulho de seu estômago estava audível e sua irritação pela fome era igualmente perceptível.
As distrações de sua mente fizeram ela trombar com algo ou alguém com quase o dobro de seu tamanho e ao olhar para cima ela ficava em choque.— Quem. É. Você. - A voz incrédula da princesa era acompanhada de um olhar assustado. Daemon estava praticamente três vezes maior do que a última vez que ela havia o visto. E Viserys... Bem, ele continuava a mesma coisa.
— Pare com isso, tola. Você que não tem corpo de guerreira, você não entenderia como evoluímos. - O príncipe respondeu em um tom irônico.
— Daeeeeemon! Onde você está? Você prometeu ler comigo! - A voz doce pertencia a Aemma, a jovenzinha que agora morava no castelo não era tão jovenzinha assim mais, também havia crescido e se tornado uma mocinha linda.
— Oh. - Maera perdia o fôlego por alguns instantes, olhar Aemma era como olhar Daella, mas, recuperava rapidamente a mente para poder caçoar de Daemon. — Vejo que guerreiros adoram ler com princesas. Não irei mais prendê-lo Aemma, pode pegar para você.Ela saía entre os risos da situação e pegava um cálice de vinho para saborear enquanto respirava de maneira profunda, tentando se acostumar novamente com os ares da Fortaleza Vermelha.
Vaegon se aproximava por de trás da mulher, a agarrando pela cintura enquanto murmurava em seu ouvido.— Ainda chateada com nosso pai?
— Não, o perdoei em meu coração. Talvez você também fique amargurado quando virar Rei, assim como ele. - A platinada se virava para ficar de frente ao homem.
— Se eu tiver uma penca de filhos e a maioria deles ser uma decepção ou morrer antes dos vinte eu com certeza serei amargurado. - Ele falava de maneira automática e irônica, fazendo Maera ficar boquiaberta com a audácia. — Peguei pesado. - Vaegon se rendia logo após.
— Céus, você é peculiar. - Os lábios da princesa selaram um beijo curto nos lábios do herdeiro. Após o ato de carinho a princesa decidiu pegar um garfo para bater contra o cálice, gerando um barulho agudo fazendo com que todos ali fizessem silêncio.— Quero anunciar minha volta para King's Landing, não me ausentarei mais. Trago comigo meu filho, minhas responsabilidades com reino e meu mais profundo amor e respeito por minha família. Dito isso; estou grávida novamente.
Alyssane se engasgava com sopa, Daemon fechava o livro com força, Viserys se mantinha sonso - como sempre -, Aemma tentava entender a situação, Maegor e Laena continuavam brincando sem entender nada, Corlys e Rhaenys se olhavam de rabo de olho e Vaegon estava branco como papel.
— Se for menina acabou para Laena. - Daemon disse com ironia dando a entender que ele se apaixonaria pela irmã como dizia o costume Targaryen. Aemma dava um tapa imediatamente no ombro do rapaz para corrigi-lo. — Aí! Eu menti por acaso?
Todos caíram na gargalhada pelo breve momento cômico enquanto o herdeiro corria para abraçar e girar a esposa.
— Mais um fruto de nossas conquistas e de nosso amor.
— Mais um. - Ela repetia com um tom dócil.
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O Sangue Do Meu Sangue
Hayran KurguDesde criança Vaegon se demonstrou apático e amargoso, até mesmo com os pais e com os irmãos. Porém, isso parecia mudar a cada dia que se passava desde o nascimento da irmã Maera. Será que a pequena princesa seria capaz de levar alegria para o cor...