Maera havia prometido para si mesma que não pisaria em Pedra Do Dragão até o sexto dia do nome do bebê que ainda carregava em sua barriga, pois havia se ausentado por lá tempo demais. Mas, o destino é incerto, o tempo prega peças.
A princesa estava agora em pé em meio ao campo aberto, trajando um longo vestido preto bordado com pedrarias vermelhas. Seus longos fios platinados esvoaçavam aos ventos e seus olhos violetas estavam fixos nos corpos de seus pais; corpo estes sem vida alguma.
Vaegon estava ao seu lado, sua expressão era inelegível, não demonstrava tristeza, não demonstrava alegria; era como o nada. Já Maegor por sua vez era o mais emotivo, o pequeno príncipe chorava tanto que sua garganta coçava, ardia.— Ele prometeu! Prometeu que voaríamos todos os dias! - Maegor ditava entre as lágrimas.
Maera estava tentando se manter firme e composta, mas, era impossível. Ela sabia o quão Jaehaerys se culpava por não ter sido presente na vida do neto enquanto pode. Seus joelhos falharam por um instante, seu torço se abaixava e ela agarrava as mãos nas próprias pernas para manter o equilíbrio enquanto as lágrimas finalmente começaram a cair.
Rhaenys foi a primeira a ampara-lá segurando os braços da Targaryen.— Não chores, tia. Eles se foram como vieram. A chama deles se apagou como deveria apagar. - A morena sussurrava baixinho enquanto entrelaçava os dedos em uma carícia suave nos longos fios platinados da mulher.
Com a mesma compaixão da mãe, a pequena garotinha Velaryon corria até Maegor, o envolvendo em um abraço repleto de inocência e compreensão.
Momentos antes de cremarem os corpos de Jaehaerys e Alysanne dois rugidos surgiram dos céus, eram Vermithor e Asaprata voando de maneira tão majestosa quanto uma dança real.
Assistir aquilo fez o peito de Vaegon revirar, a ficha de que agora ele quem era o Rei havia caído.
Balerion estava pousado no chão, seu enorme crânio ao lado de todos e seus olhos estavam atentos a todos os movimentos dos que estavam ali presentes.Vaegon respirou fundo e deu um passo a diante, depois dois, depois três. O suficiente para erguer a cabeça e poder falar:
— Dra - Sua voz falhava inicialmente. Foi só quando ele sentiu o toque gentil de Maera em seu ombro que ele pode terminar o comando. — Dracarys.As chamas de Balerion consumia de maneira imediata os corpos.
— Somos feitos de fogo. - Ele murmurou em valiriano.
— E para ele retornaremos. - Maera respondia baixinho na língua materna dos Targaryen's.O luto não pode ser vivido de maneira adequada por Maera e Vaegon, havia uma coração para acontecer e precisava ser o quanto antes. Governar Sete Reinos não era fácil, manter eles unidos menos ainda.
O povo precisava logo da confirmação de um novo Rei.Uma carruagem passeava a céu aberto; o garanhão que a levava era tão branco quanto a neve. Nela estava Vaegon, Maera e Maegor.
Ambos vestiam trajes enegrecidos com bordados de dragões. O vestido de Maera tinha a junção de Balerion, Vhagar e Meraxes bordados em pedrarias de suas respectivas cores, já o manto do Targaryen possuía o trono de ferro bordado em metais valirianos que reluziam de maneira majestosa.
O pequeno príncipe por sua vez estava vestido de maneira mais comum e nenhuma alegria era vista em sua feição.
A população comum de King's Landing celebrava e abençoava a gravidez da então agora Rainha. Também gritavam com louvor o nome Maegor.
Assim que a Targaryen ouvia o nome Maegor ser ovacionado com tanto carinho ela levantava a cabeça de maneira desacreditada e dava um leve sorrisinho para Vaegon, que retribuia com outro sorriso.
A maldição deste nome estava oficialmente quebrada.Vaegon foi coroado como Rei no fosso dos dragões em frente ao povo comum em uma cerimônia simples, porém repleta de significados.
A antiga coroa de Jaehaerys foi colocada na cabeça de Vaegon por Maera e não por um Septão.— Vaegon Targaryen, primeiro de seu nome. Rei dos Ândalos dos Roinares e dos Primeiros Homens. Senhor dos Sete Reinos e protetor do Império. - A voz da Rainha ecoava de maneira potente ao nomear o marido. — E seu herdeiro, Maegor Targaryen, segundo de seu nome. - Maera colocava com delicadeza um pequeno broche de dragão na roupa do filho.
Vaegon havia se ajoelhado como herdeiro, e agora se levantava como Rei. O homem pegava a coroa de Aegon o Conquistador e colocava sob a cabeça da esposa.
— Não governarei sozinho. Não cheguei até aqui sozinho. O Trono e o reino não eram minhas ambições até você abrir meus olhos, até você me guiar. - Ele depositava um beijo suave sobre a testa da irmã. — Você não é a Rainha Consorte. Você é Maera Targaryen, primeira de seu nome. Rainha dos Ândalos, dos Roinares e dos Primeiros Homens. Senhora dos Sete Reinos e Protetora do Império. E quem não lhe tratar como tal, haverá de ser punido. Somos um só, e todos os meus direitos devem ser o reflexo dos seus. Eu sou seu.
— E eu sou sua. - O discurso havia sido selado com um beijo duradouro e repleto de amor e proteção.Daquele dia em diante o Rei e a Rainha eram um só e sua importância era a mesma. Pela primeira vez desde a conquista, uma mulher poderia governar igual a um homem.
Vaegon jamais permitiria que Maera fosse uma simples fonte de conselhos, ele a queria como uma verdadeira Rainha.Na comemoração mais intimista que ocorria na sala do trono Vaegon anunciava os membros do Pequeno Conselho. Corlys se mantinha como Mestre das Marés e o restante dos cargos era divididos entre casas fiéis.
— E a minha mão... Minha mão não poderia ser diferente. - O platinado dizia enquanto caminhava pelo cômodo até se aproximar da sobrinha. — Você é a extensão perfeita de seu pai. Sua coragem e garra são de outro mundo. Você, Rhaenys Targaryen, será minha mão, minha conselheira, minha voz.
Rhaenys sentia o corpo se enrijecer de surpresa e seus olhos arregalados eram perceptíveis. Todos estavam assim, exceto Maera; que vibrava e batia palmas.
Uma coisa é certa: Muitos homens guardaram mágoa dessa decisão. Uma mulher como mão.O Rei ajeitava o broche sob o vestido da sobrinha que lacrimejava e balançava a cabeça em concordância.
— Estou ao seu dispor, Vossa Graça.
E assim a noite chegava ao fim, ou era o que parecia até então.
— MÃE!!! MAMÃE!!! - Maegor berrava enquanto esmurrava a porta dos aposentos em que Maera e Vaegon dormiam.
A rainha acordava completamente desorientada e confusa, cobrindo rapidamente o corpo nu com um robe de cetim. Vaegon igualmente atordoado se levantava de maneira imediata, voando até a porta para abri-la.
Quando a porta se abriu eles se depararam com o garotinho extremamente sorridente. Maegor possuía uma pequena criatura enrolada em si, como se fossem um só. O ovo havia eclodido seis anos depois.
A Rainha se aproximava com curiosidade, observando cada detalhe da pequena criatura negra com escamas vermelhas.— O nome? - Vaegon murmurou enquanto se abaixava para ficar próximo ao filho.
— Matarys.
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O Sangue Do Meu Sangue
FanfictionDesde criança Vaegon se demonstrou apático e amargoso, até mesmo com os pais e com os irmãos. Porém, isso parecia mudar a cada dia que se passava desde o nascimento da irmã Maera. Será que a pequena princesa seria capaz de levar alegria para o cor...