Quando a poeira do massacre em Vilavelha e Dorne finalmente se abaixava após longos meses, Jaehaerys enviava um corvo para Dragon Stone, informando que gostaria da presença de Maera e Vaegon novamente no castelo e que também gostaria da presença deles no seu dia do nome.
— Não fui convidada? - Saera questionava o óbvio com um leve bico de irritação presente nos lábios.
— Receio que não. - Maera tentava responder no mesmo humor, já Vaegon apenas respirava fundo, colocando o papel da carta sobre a mesa.
— Não transforme o castelo ancestral da nossa família em um puteiro. - Uma única condição saía dos lábios do platinado, pois se eles voltassem a King's Landing, Saera ficaria completamente a mercê.
— Eu posso tentar. - Ela rebatia de maneira rápida com um leve sorriso ladino estampado nos lábios.Na tarde daquele mesmo dia o povo de King's Landing novamente se estremecia de medo e incerteza ao ouvirem os rugidos de Balerion e Canibal, indicando o retorno dos filhos do Rei Jaehaerys.
Claro, eles poderiam ter demorado dias indo de barco, mas, eles tinham dragões e iriam continuar usando dragões.
Ao descerem de suas bestas eles foram recepcionados pelos pais que pareciam estranhamente amorosos e calorosos.
Alysanne apertou as bochechas de Maera com ambas as mãos enquanto passeava o olhar pelo corpo da jovem em busca de alguma protuberância na barriga, mas, nada.— É uma mulher agora. - A rainha disse com um sorriso gentil nos lábios. — Se parece como uma. Bem... Pensei que talvez visse netinhos esse ano. - Alysanne dizia na inocência, não tinha maldade alguma por de trás da frase, mas, Maera permanecia na defensiva.
— Pensou errado. - A princesa falava de maneira curta e sincera até demais. Alysanne não se abalava e continuava a bajular a garota.Enquanto isso Jaehaerys observava Vaegon de maneira orgulhosa, foram poucos meses, mas, homens amadurecem demais nesses poucos meses em tempos como aquele.
Vaegon não tinha mais um ar jovial, a seriedade tomava conta de seu rosto e sua postura que antes vivia encurvada, agora era ereta e esbanjava confiança.— Os Deuses foram bons com você. - O Rei disse caminhando em direção ao filho, colocando uma mão de maneira amigável em seu ombro.
— Suponho que sim. - O futuro herdeiro respondia de maneira sutil.O restante da tarde foi estranhamente agradável, agradável até demais. O clima estava ameno, nem frio e nem calor, a luz solar estava se enfraquecendo cada vez mais e um tom alaranjado tomava conta dos céus.
Maera e Vaegon ficaram por horas discutindo assuntos políticos e pessoais com os pais, coisa que eles nunca fizeram, ou se fizeram não se lembravam da última vez.
Por um minuto, tudo parecia finalmente bem.
Jaehaerys e Alysanne pareciam cansados devido os anos cruéis, não deveria ser fácil ter de devolver tantos filhos para a Mãe.— Teremos um banquete hoje a noite. - A voz rouca envelhecida do Rei cortava o silêncio que havia ficado no cômodo. — Vocês merecem uma celebração pelo casamento, afinal.
— Mesmo? - Maera exclamava de maneira animada, já Vaegon apenas estalava os lábios em um pequeno som de insatisfação, talvez ele não tivesse mudado tanto afinal.
— Não precisava... - O homem falava olhando para os pais.
— Precisava. Vocês merecem. - Alysanne disse acariciando os fios do homem já adulto como se ele ainda fosse aquele adolescente melancólico de anos atrás.
— Sim, merecemos. - A princesa falava de maneira brincalhona levando os olhos até o rosto do irmão-marido e ele apenas confirmava com a cabeça. Se Maera queria, então ele também queria.Como sempre a jovem dispensava a companhia de uma serva, ela detestava a ideia de desconhecidas a tocando ou a ajudando vestir uma simples peça de roupa. Lá estava ela em seus próprios aposentos, terminando de pentear os longos fios platinados em um coque alto com algumas mechas soltas.
A solidão era levemente reconfortante de certa forma, era bom estar sozinha consigo mesma para se arrumar e apreciar a situação, afinal, Jaehaerys e Alysanne estavam tão carinhosos... Tão paternais. A noite seria incrível.
Maera se levantava com cuidado para terminar de dar o laço na cintura do vestido cor de rosa, mas, neste momento seu corpo se paralisava por completo. Uma pressão envolvia seu corpo, braços fortes a seguravam e o gelado de uma lâmina em seu pescoço faziam suas pernas falharem e se estremecerem de medo. Ela não gritava, como poderia? Estava em choque, o que pelos Sete Infernos era aquilo? Seus olhos eram a única coisa que ela conseguia mover, e assim que o fez ela se deparava com a mão do agressor... E essa mão lhe soava familiar, principalmente pelo anel com o símbolo do brasão da casa Hightower.
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O Sangue Do Meu Sangue
FanfictionDesde criança Vaegon se demonstrou apático e amargoso, até mesmo com os pais e com os irmãos. Porém, isso parecia mudar a cada dia que se passava desde o nascimento da irmã Maera. Será que a pequena princesa seria capaz de levar alegria para o cor...