Capítulo 05

935 155 48
                                    




Quando passou pelas portas da LT Martial Arts na segunda-feira em que seu filhote fez sua primeira aula de boxe, Harry não sabia o que esperar.

Foi bem recebido pela recepcionista do lugar – uma ômega simpática e que parecia um pouco tensa – e também conheceu a instrutora de Isaac – uma alfa que instantaneamente o tratou como se fossem velhos amigos. Ainda assim, ninguém causou uma primeira impressão tão forte no cacheado quanto o dono do espaço.

Louis Tomlinson não parecia tentar dominar os cômodos em que pisava, mas o fazia de qualquer forma. Algo na forma segura com que pronunciava suas palavras ou no jeito firme, mas educado, com que tratou as birras de Edward fez com que o Styles mais velho acreditasse que aquele seria um bom lugar para o seu primogênito.

Ainda assim, tendo em vista a dedicação do alfinha em ser o menos colaborativo possível naquela tarde, Harry temeu que sua viagem até a academia seria apenas mais uma perda de tempo.

Quando se afastou para atender a chamada de sua mãe, que precisava somente que ele acalmasse Alice após uma pequena queda durante uma rodada de pega-pega, o ômega não imaginou que, ao retornar, encontraria seu filhote disposto a seguir com as lições.

Foi o que aconteceu, no entanto, e, mesmo que não estivesse ciente sobre os métodos usados por Louis para isso, jamais os questionaria.

Pelo contrário, se sentia profundamente grato, além de, pela primeira vez em muito tempo, genuinamente esperançoso. É claro que poderia estar se precipitando, afinal de contas, não havia nem mesmo garantias de que as aulas ajudariam a controlar o temperamento de Edward.

Acontece que, quando perdido no deserto, um homem sedento não é capaz de reconhecer uma miragem. Aquele era o vislumbre de água que Harry vinha procurando há tanto tempo e, por apenas alguns segundos, ele se permitiria acreditar.

Já no carro, pensou em aproveitar o milagre que lhe havia sido concedido e tentar ter outra conversa com o filhote. Ainda não havia desistido de entender o que tinha motivado seu comportamento agressivo na semana anterior e, talvez, aquele fosse o momento perfeito para entender a situação.

– Hm, Eddie - o chamou com cautela, não conseguindo nada além de uma aceno de cabeça do adolescente no banco do passageiro - Eu estou feliz por te ver disposto a dar uma chance para o boxe. Sei que não estava muito empolgado antes, mas realmente acho que pode ser divertido.

– Tudo bem - deu de ombros, mantendo seu olhar fixo nas casas do lado de fora da janela.

– Sabe, eu desenvolvi um pouco de ansiedade quando completei 11 anos - contou, tentando construir uma identificação entre eles - Foi na época em que mudei de escolas e sinto que sempre me cobrei demais. Os conteúdos se tornaram mais difíceis e eu não queria perturbar seus avós com isso, então guardei tudo dentro de mim e, com o tempo, passei a ter pequenas crises durante semanas de provas ou perto da data de entrega de trabalhos importantes.

– Você fez isso? - o olhou pela primeira vez, surpreso já que sempre enxergou sua mãe como a pessoa mais forte e centrada do mundo.

– Eu fiz - assentiu - Minha ômega percebeu no dia em que me encontrou chorando em cima dos meus livros de matemática, repetindo sem parar que não iria conseguir e apertando com força demais as minhas unhas nas palmas das mãos.

– E então? - o mais novo o encorajou a continuar falando.

– Bom, eu passei a conversar com a psicóloga da escola - explicou, o que fez a expressão do alfinha se contorcer. Ele já havia feito terapia, mas se recusou a falar sobre seus pensamentos com uma estranha e, eventualmente, conseguiu permissão para parar de frequentar as consultas. Harry, percebendo sua rejeição àquela solução, tratou de seguir em frente com o assunto - Mas também aprendi a tricotar. Parece estranho, mas me acalmava quando eu sentia uma crise vindo.

Fight For Love (ABO)  - L.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora