Capítulo 03

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O dia seguinte a suspensão de Edward pareceu estranho para todos os membros da família. O alfinha estava com um humor ainda pior que o de costume, ignorando todas as tentativas de conversa dos seus irmãos mais novos como se estivesse participando de uma espécie de pacto de silêncio. O café da manhã, por isso, foi tomado por uma quietude desconfortável para todos que a testemunhavam.

O adolescente, na verdade, não gostaria nem mesmo de ter se juntado aos outros, mas não teve escolha. Nas palavras de sua mãe, ele estava proibido de transformar aquela punição em um período de férias fora de época. Sim, ficaria em casa, mas sem dormir até tarde ou passar o dia imerso em jogos de video game. Ao invés disso, precisaria ajudar nas tarefas domésticas, estudar qualquer que fosse o conteúdo que estava sendo dado na escola e, se quisesse se distrair, então deveria recorrer aos diversos livros acomodados em uma das estantes da sala de estar.

Aquele era, para Harry, um plano perfeito. Ele esqueceu, no entanto, que não estaria por perto para supervisioná-lo. Mesmo que Edward estivesse proibido de pisar nas dependências da Hillside Academy até que seu período de castigo chegasse ao fim, o cacheado ainda era esperado na instituição diariamente para cumprir seu expediente de maneira normal.

Por sorte - e após um enorme e triste discurso - conseguiu um dia de folga para "colocar as coisas em ordem", como disse a diretora Nora. Na manhã seguinte, contudo, não teria escolha a não ser voltar ao trabalho e, quando este momento chegasse, então precisaria de alguém para cuidar do seu irritado primogênito.

Foi por isso que, depois de deixar Emmett e Alice em seus respectivos destinos e indo contra todos os seus instintos, o cacheado pegou o telefone e discou o número que embrulhava seu estômago das piores maneiras possíveis.

Cerca de dois minutos depois, tempo o bastante para que a unha do seu dedo anelar já estivesse com o esmalte amarelo que a cobria um pouco descascado, a voz que ele não ouvia há cerca de seis meses soou pelos alto-falantes.

– Colton Dawson, boa tarde - o alfa disse com sua voz de negócios, a mesma que usava com possíveis compradores e prestadores de serviço.

– Bom dia - o ômega cumprimentou depois de coçar a garganta, sempre nervoso com essas interações - É o Harry.

– Oh - o mais velho suspirou, quase que imediatamente cansado, mesmo que não soubesse do que se tratava a ligação - O que houve? Algum problema com o banco?

Mesmo após tantos anos, partiu o coração do cacheado que o único assunto sobre o qual o pai dos seus filhos estava disposto a conversar fosse a soma depositada todos os meses em sua conta corrente.

Também notou que, baseado na surpresa do outro lado após sua identificação, seu número não deveria nem mesmo estar salvo no celular do outro. Ele, assim como os seus filhos, havia realmente sido apagado da vida do alfa, e essa verdade jamais ficaria mais fácil de ser engolida.

– Está tudo certo com o banco - respondeu, se esforçando para que seus sentimentos não ficassem óbvios através do telefone - Mas aconteceu uma coisa com o Edward e...

– Ele está no hospital? - Colton o interrompeu, frio como de costume.

– Não, ele está bem - foi rápido em esclarecer, não querendo preocupar seu ex-marido.

Aquele cuidado, no entanto, não era necessário.

– Então eu tenho certeza que você pode resolver sozinho - murmurou, impaciente por ter sido incomodado fora de uma situação de vida ou morte.

– Colton, eu realmente preciso da sua ajuda - admitiu derrotado, disposto a se humilhar se isso significasse que seu filho ficaria bem.

Mais do que de alguém para vigiar o adolescente durante os próximos dias, Harry queria que o outro se importasse. Que fizesse uma visita ao pequeno alfa, que tivesse uma conversa com ele de pai para filho, que o ajudasse a remar aquele canoa que parecia cada vez mais furada.

Fight For Love (ABO)  - L.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora