Olá de novo, consagrados! Sejam bem-vindos, vossas graças!
Esse capitulo foi inspirado em "In My Mind", da Lyn Lapid, uma das músicas mais injustiçadas do universo! Mas agora essa perfeição vai ter o devido respeito e representatividade é hoje! (inclusive é uma recomendação ler ouvindo) Um beijo para vocês, pessoas!
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Depois de passados os eventos de horas atrás - do período do fim da tarde para a madrugada -, Norman não conseguiu simplesmente tirá-la da cabeça! Ok, ela é uma estranha que ele nunca mais irá encontrar de novo? Sim, mas convenhamos, a tal ruiva pareceu causar sobre ele um efeito inacreditável. Não seria possível que o presidente do grêmio, o belo garoto tão famoso entre as garotas nos corredores por seus cabelos alvos, olhos azuis e inteligência teria caído de amores por alguém com quem nunca conversou! E, se aconteceu, como?! Quando ele deu uma brecha?!
Certo, ele foi pego de surpresa. O máximo que esperaria ver ao virar a esquina seria as casas fechadas e cinzentas, os regadores de grama automáticos esguichando água e os postes de luz. Jamais estaria preparado para dar de cara com uma cena como aquela! Bem, isso é tudo o que enche a cabeça do rapaz durante a longa madrugada chuvosa de agosto. Seus olhos direcionados para as janelas ao lado de sua cama, refletindo a luz vinda da tela do celular jogado entre os lençóis e o edredom. O ar é silencioso. Tudo é quieto e lento no mundo externo, uma completa ironia. Os pensamentos saem para brincar, perambulando de um lado para o outro em seu cérebro, rápidos como um trem. As pessoas normalmente costumam dizer que Norman é quieto, bem, se surpreenderiam se pelo menos soubessem metade do que se passa em sua mente agora. Bem, não importa. Seja lá o que essa garota fez vai passar logo; tudo o que ele precisa fazer é ficar quieto e ocupar a cabeça ao máximo possível, assim talvez expulse ela de seus pensamentos e volte a ser o mesmo de sempre.
Adoraria estar dormindo, mas já desistiu de insistir há muito tempo, então por que não obrigar Ray a passar pelo mesmo? Quando vê sua situação já está discando o número do amigo na barra de pesquisa dos contatos - mesmo que o moreno esteja babando em seu sofá agora.
- O que foi? - Ray parece irritado. E o correto é ele em se sentir indignado por ser acordado em plena madrugada.
- Oi, você estava dormindo?
- Não, estava lavando roupa. É obvio, idiota!
Norman encolhe os ombros envergonhado.
- Desculpe, para onde você levou as pastas do grêmio?
- A sua mãe levou para o escritório do seu pai. Me acordou só para isso?
- Bem, eu não estava conseguindo dormir, então pensei que poderíamos fazer alguma coisa por telefone se você estivesse virando a noite outra vez, mas tudo bem. Obrigado.
O garoto nem sequer tem tempo de pensar em encerrar a ligação, Ray desliga o telefone antes, soltando um resmungo.
Ótimo! Agora vai ter que sair do conforto de sua cama para invadir o escritório do grande James Minerva! Que maravilha!... droga.
- Eu preciso urgentemente aprender a controlar a cabeça... - resmunga baixo ao abrir a porta do quarto.
Por mais que a família Minerva tenha uma renda considerada superior ao que grande maioria da sociedade consegue ter, a casa em que habitam não é muito grande, apesar de confusa em meio ao escuro. Mas, os pés do albino decoraram o caminho até cada cômodo da residência de cor, poderia facilmente perambular pela casa de olhos vendados. O único detalhe que não estava em seus planos apressados é que, depois de passar pela sala e ter a visão do inferno de Ray desacordado em seu sofá, ele literalmente quase trombou com os pais no meio do corredor. Este é o corredor do andar térreo que conecta a pequena biblioteca particular, o lavabo para visitas, o depósito no fim do corredor e, por fim, o escritório do pai da família. James costuma ficar até tarde no escritório quando recebe alguma ligação importante ou precisa revisar planilhas, porém o curioso é ver Matilda com os pés plantados na frente do escritório. A porta está aberta e a mulher sussurra alguma coisa, provavelmente xingando o marido, e o repreende por estar enfurnado na sala às duas horas da manhã.
- James, querido, vai enlouquecer desse jeito!
- Eu sei, e não estou muito longe disso, é apenas um número que tenho que anotar...
Norman franze o cenho, normalmente quando o pai fala com pessoas por trabalho elas já têm seu contato salvo, não seria necessário anotar números de telefone. Matilda revira os olhos sonolentos.
- Suba logo para o quarto, antes que eu precise te lembrar quem manda na relação! - Norman segura o riso para não explodir. Escuta o pai suspirar derrotado e o vê sair pela porta cabisbaixo.
- Mas...
- Nem, mais uma palavra, senhor Minerva! Nosso filho quase se matou de tanto estudar ontem, que exemplo está dando a ele desse jeito?!
- Querida, ele é crescido, e a culpa disso não é minha, a escola passa essas atividades.
A mulher cruza os braços sobre o peito, não parecendo nada satisfeita com a resposta.
- Esses colégios passam dever de casa demais!
Bem, a conversa estando encerrada, o casal sobe sonolento para o quarto, James com as costas arqueadas como um senhor num asilo e a esposa dobra a gravata e a camisa do marido nos braços. Uma brecha: a porta está aberta. Caminha na ponta dos pés, sempre cuidadoso para não tropeçar no tapete ou prender a manga da camiseta do pijama em alguma das maçanetas.
O escritório de seu pai normalmente é organizado, até porque caso contrário sua mãe puxaria o marido pelas orelhas! Mas, estranhamente, hoje está uma bagunça: pastas abertas, gavetas reviradas, até mesmo o telefone na mesa está fora do lugar. O garoto estranha mas não faz questão de analisar ou revirar a área de trabalho do pai como um detetive ou algo assim, apenas vasculha com os olhos em busca das duas pastas: uma vermelhas e outra transparente; a questão é que este lugar tem pastas e papéis transbordando de todos os lugares. Contorna a mesa em completo caos e observa o lugar pelo ponto de vista que seu pai normalmente tem, e a sensação é estranha, como se estivesse em um lugar proibido para ele. Então, remexendo um pouco os papéis, encontra o que procura; o material do grêmio está debaixo do porta-retrato com a foto da família. Observa a fotografia com um sorriso sonolento: sua mãe e pai o carregando quando ainda era bebê, provavelmente tinha uns seis meses de vida. É uma de suas fotos favoritas, a primeira predileta é uma que James e Peter tiraram na formatura do loiro. O tio ficou terrivelmente engraçado com o corpo magro escondido pela beca azul e o chapéu de formatura, o cabelo dele ainda era razoavelmente curto na época.
Seus pensamentos internos são interrompidos pelo "bip" da secretária eletrônica.
"você tem um novo recado"
Norman acha a situação estranha, esse troço quase nunca serve para nada. Curioso, aperta o botão para ouvir o recado. Não deveria estar se intrometendo mas quando toma consciência já o havia feito.
"James! Há quanto tempo, não nos vemos desde a faculdade, não é mesmo? Já arranjei um emprego na cidade então a minha esposa pensou que fosse legal a gente se ver de novo. As meninas estão enormes! Talvez goste de ver elas" E a mensagem se encerra. A voz era de um homem que com certeza tem mais de trinta anos, provavelmente alguém que tem o costume de resmungar o tempo todo. O rapaz não reconhece quem é, e o assunto entre os dois não tem nada a ver com trabalho. Bem, isso não importa, nem mesmo conhece a pessoa, então decide apenas retornar ao seu quarto, revisar o conteúdo nas pastas e assiná-los, depois assistir boopers de Star Wars até pegar no sono.
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Pouco Antes De Setembro.
RandomNorman jamais poderia se esquecer de como tudo isso havia começado, numa tarde ensolarada de domingo, pouco antes de Setembro, quando a viu pela primeira vez. Ela dançava na rua em frente à sua casa conforme a música agitada no rádio do carro do pai...