Vossas Graças, estou chorando... Isso é um aviso!
Hoje, eu meio que lidei com alguns gatilhos nesse capítulo, então estou avisando...
Eu escrevi escutando Rosyln... Recomendo, mas chorei...
Enfim, uma boa leitura, e cuidem de vocês mesmos... ❤️🩹❤️🩹❤️🩹<><><><><><><><><><><><><><><><><>
Não demorou muito para que Emma estivesse na sala de aula, e por mais que todos estivessem barulhentos, sua cabeça permanece quieta, tão quieta que dói.
- Emma... - Anna chama. A loira percebeu a maneira como Emma se comportou durante o período de tempo que as duas estiveram em aula, e as conclusões que tirou não são boas - Você está bem.
A ruiva pensa... Ela está bem? Esteve mesmo bem durante todos os últimos dias ou esteve mentindo para ela mesma?
- Estou - A garota nunca respondeu essa pergunta de maneira tão mecânica e automática, uma resposta cem por cento desprovida de honestidade.
- Emma Valley - um inspetor chama na porta da sala - seu pai veio buscá-la.
Ela arruma a mochila, jogando lá dentro o estojo e cadernos, pouco se importando se vai amassar as páginas ou quebrar algo no estojo.
Saí para o corredor, quieta, vagando como uma alma penada. Norman a ajudou a ir até a secretaria, já que ela ainda não sabe se orientar muito bem na instituição ainda, e se sentiu fraca, perdida; precisou de ajuda para... Bem, pedir ajuda. Mas, para a surpresa dela, o inspetor não a leva para a saída, e sim para a diretoria.
De repente, ela não sabe se o coração pode continuar perdendo sem ser estrangulado pelas costelas.
- Bom dia, Emma... - a diretora diz.
A sala está cheia, Norman sentando numa cadeira; Yuugo de pé, quase esmurrando as paredes; a inspetora; a diretora e, agora, ela.
- Norman?
- Oi... - Ele se encolhe com um sorriso.
A ruiva olha para todos na sala, não quer ver ninguém.
- Filha - Yuugo abraça a filha, e ele nem imagina o quanto ela precisava disso - Vamos para casa, querida.
- Srta. Valley, a nossa instituição de ensino pede o perdão pela irresponsabilidade quanto à sua condição e a falta de sensibilidade com os seus sentimentos - a diretora diz, e Norman sorri. Foi ele, ele foi quem relatou que ela tinha um problema... Ele fez isso...Por quê?
- Agradecemos a compreensão, diretora... - Yuugo claramente ainda está irritado. É claro, sempre foi rancoroso.
Emma saí da sala, vendo Norman lhe presentear com um sorriso.
O trajeto de retorno para casa foi dolorosamente silencioso, e pareceu durar uma eternidade, talvez Emma tenha se apegado a esse detalhe como sua salvação.
Encara o pai pelo retrovisor, os olhos dele estão nublados, focados no semáforo.
- Filha... - chama ele - Sabe que sempre pode contar comigo, não é?
A menor se encolhe no banco, o cinto de segurança arranhando seu pescoço ao fazer isso. Ela sabe? Talvez tenha se esquecido.
- Sei... - responde, uma resposta automática e completamente desprovida de verdade.
Por que todos estão dizendo isso? Por que todos dizem que ela pode contar com eles, e mesmo assim, a garota ainda se sente sufocada? Não quer ser essa pessoa, aquele tipo de pessoa que se torna uma preocupação acima de qualquer coisa. Esse tipo de gente que só traz uma preocupação incomoda, e ela não consegue mais ver amor no zelo dos pais e colegas.
Quando vê, está diante da porta da casa, insegura para girar a maçaneta e entrar. No sofá, Dina está sentada, a encarando com os olhos vermelhos, ardendo em lágrimas.
- Emma...
- Sim, mãe?
- Por favor... Me diga que não tomou isso.. - coloca a caixa de bupropiona na mesa de centro, como um detetive faz com uma prova de crime nos filmes.
Emma sente que os nervos paralisaram, as lágrimas surgindo entre as pálpebras.
- M-mãe...
- Por quê? - pergunta, interrompendo.
"Porque eu me odeio por ter te feito chorar" pensa ela, mas não responde, apenas encara os pés.
- Me mostra... - pede a mulher.
A garota congela.
- M-mostrar o que?
Ela sabe... Sabe o que aconteceu durante a madrugada.
- Os seus pulsos...
- Mãe...
- Você se machucou? se cortou como na última vez?
Ela não quer responder nada, não quer se submeter à sensação de sentir o sentimento sufocar sua garganta outra vez
- Mãe... Para...
A mulher se levanta, indo até a filha, segurando seus braços.
- Deixa eu ver...
- O quê?
- Deixa eu ver! - Dina arregaça as mangas da filha, procura por cortes, cicatrizes, curativos, qualquer sinal que ela tenha ferido a si mesma.
- Mãe, para!
Dina a agarra, o olhar apavorado em seus olhos fazendo Emma a perdoar imediatamente.
- Onde você se machucou?
- Mãe... Me solta!
Se liberta das mãos da mãe, as lágrimas castigando seus olhos ao surgirem e rolarem pelas bochechas. Emma a fez chorar... E talvez nunca se perdoe por isso. Corre subindo as escadas, a mãe chorando sentada no chão, soluçando até a garganta fechar. A garota bate a porta do quarto e corre para a gaveta.
- Onde está...? Onde está? - Procura pelos comprimidos que escondeu - onde?
- Está procurando isso? - Yuugo surge na porta, encarando a filha com um olhar de dor, a caixa de comprimidos de bupropiona em suas mãos.
- P-pai... Eu...
- Quando pegou isso pela primeira vez?
Ela se encolhe.
- Semana passada... Eu... Só queria um... Eu juro...
O pai a encara, e Sherry surge aos poucos atrás das pernas dele.
- Mana?
Emma não responde.
- Pequena, pode deixar o papai e a mama sozinhos?
- A mana está triste?
A maior sorri, apesar das lágrimas.
- Eu estou bem... - mente.
Sherry insiste, mas depois vai embora, e Emma faz o que queria ter feito na madrugada anterior, pega um esqueiro e o acende, seus olhos acompanhando o triste e dolorido trajeto que o fogo faz até encontrar sua pele, queimado o pulso, sentindo o calor da chama como uma punição.
- FILHA PARE!
Ela chora, se desespera e vê as queimaduras surgirem. Yuugo corre para tentar arrancar o esqueiro dela.
- PARE COM ISSO! SOLTE!
Está tão fraca e desesperada que deixa o objeto cair. Chora e grita.
- Desculpa... Desculpa fazer vocês chorarem! Desculpa ser uma péssima filha! Desculpa por ser fraca e idiota! Me desculpa, pai!
Ele a abraça, olhando para as queimaduras no pulso, acariciando o cabelo ruivo e ouvindo os soluços estridentes.
- Se doer demais, jogue a culpa e a dor em mim... - diz ele - eu aguento... - Sorri - eu suporto por você, minha anteninha... Eu sou o seu pai. Você deve ser protegida... Não deveria ter que ser mais forte.
A manhã e tarde inteiras são de choro, o choro de uma família por uma só pessoa ferida, porque é assim que deve ser... E as dores de Emma Valley estão apenas começando.- Eu quero morrer... - diz ela, arranhando as costas do pai - vocês ficam melhor sem mim...
- Não diga isso, querida... Sem você nós não somos uma família.
Ela pisca, fecha os olhos e treme.
- Quando eu e sua mãe descobrimos que não podíamos mais engravidar depois de um aborto espontâneo... Decidimos adotar vocês três... Eu me lembro de você no orfanato, Emma... Protegendo a Carol quando ela teve medo de mim e da sua mãe, sorrindo, radiante e linda como sempre foi, querida. Você me fez pai, você fez da minha esposa uma mãe... E nós sempre vamos ser eternamente gratos por isso...
Beija a cabeça da filha, deixando as lágrimas molharem o rosto.
- Minha anteninha... O papai está aqui...
Descem as escadas, encontrando Dina no sofá, chorando e encarando o retrato da família sobre a mesa de centro.
- Filha - ela chama, chorosa, desesperada -, minha menina...
- Mãe...
A mulher se levanta e a abraça.
- Me perdoe... Me perdoe por nunca ter percebido... Me perdoe por ter me ocupado demais com as minhas dores para não te ajudar a suportar as suas...
Emma abraça o fraco corpo da mãe, achando ali a segurança que ela andou procurando em si mesma e nunca encontrou.
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Pouco Antes De Setembro.
DiversosNorman jamais poderia se esquecer de como tudo isso havia começado, numa tarde ensolarada de domingo, pouco antes de Setembro, quando a viu pela primeira vez. Ela dançava na rua em frente à sua casa conforme a música agitada no rádio do carro do pai...