docemente

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"Uma pessoa que diz que é má não chora, pelo menos não dessa forma."
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Quanto tempo, não é mesmo, querido leitor? Não se intimide, apenas sente-se e relaxe, está na hora da história.

Pov: escritório

Pai, então conseguiu falar com eles?

Sim, expliquei os fatos e, apesar de sua mãe não gostar nada da sua atitude, ela está bastante animada para conhecer a nova neta.

Isso são músicas para meus ouvidos. O que acha de virem amanhã?

Falarei com sua mãe e seus irmãos. Assim que tiver uma resposta, eu aviso.

Está bem.

E como estão as coisas? Muitos problemas? Ele diz com uma risadinha.

Na verdade, está bem tranquilo... Ed não teve tempo de completar sua fala quando um grito apavorante o cortou.

O que foi isso, Ed?

Eu não sei, mas vou verificar agora mesmo. Depois te ligo, pai.

Edmundo correu, pulando os degraus das escadas de dois em dois, e foi na direção do grito. As meninas também estavam indo para lá.

O que houve? Ele pergunta assustado.

Não sabemos. Acordamos com esse grito.

Ele então abre a porta e observa a cena no quarto. Vanessa tinha Romênia em seus braços, enquanto a menina gritava. Ela não se debatia, apenas se apertava mais e mais contra o corpo da sua esposa. Ela gritava e chorava como se alguém a machucasse.

Calma, shhh, shhh, Vanessa repetia as palavras enquanto tentava acalmar a garotinha.
Ele resolveu ajudar.

Me dê ela. Ele estendeu os braços, rezando para que ela parasse de chorar. Mas ela não parou. Ele apertou-a contra seus braços, tentando passar algum sentimento de segurança, enquanto repetia que estava tudo bem, que ela estava bem.

Ela tentou falar em meio aos soluços, e isso quebrou seu coração. O que poderia fazer uma criança chorar daquele jeito? Ela disse que não conseguia parar.

Seus olhos estavam assustados, e as lágrimas desciam como cascatas pelo seu belo rosto. Ela era tão pequena, tão frágil, e ele se sentiu inútil por não poder fazer nada.

Vanessa a tirou de seus braços e o mandou sair. Ele estava confuso, mas resolveu não debater.

Ela parecia saber o que estava fazendo. Ele saiu do quarto levando as meninas com ele. Ed estava aflito. Ele respondeu à pergunta de Dafine no automático, enquanto se sentava no chão, contra a parede, até que não se ouvia mais o barulho de choro.

Ele levantou a cabeça e olhou para as meninas. Elas pareceram perceber isso também, mas ninguém se atreveu a entrar no quarto.

Vanessa pareceu reparar agora nos seus atos, mas ela não conseguia se sentir culpada por isso, apenas um pouco preocupada.

Ela não poderia prosseguir com isso, ou poderia? Ela estava confusa, mas foi só olhar nos olhos de Romênia que suas dúvidas calaram. Ela poderia pensar nas consequências outra hora. A menina tinha uma das mãos posta possessivamente sobre seu peito, enquanto a encarava sonolenta.

Vanessa tentou tirar o peito quando seus olhos estavam quase fechando, mas ela abriu os olhos novamente, e Vanessa viu que ela estava brava por ela tentar tirá-la dali. Isso lhe tirou uma risada.

Você não quer sair?

Ela levantou seu dedinho e balançou em sinal de não.
Vanessa achou graça naquilo.

Tudo bem, quer me contar o que aconteceu?
Ela viu o receio nos olhos da criança.

Está tudo bem se não quiser falar, mas acho que se eu souber o que te assusta, talvez eu possa ajudar.

Romênia então suspirou e soltou delicadamente o seio de seus lábios. Ela escondeu seu rosto na curva do pescoço de Vanessa.

Eu tenho pesadelos frequentemente, ela disse em uma voz baixa, quase como um sussurro. Eles parecem tão reais e eu fico com muito medo, são tempos que eu não quero lembrar.

Suas palavras eram maduras demais para uma criança de seis anos. Era sofrimento demais para um ser tão pequeno. Vanessa estava cada vez mais curiosa para saber que tipo de vida essa menina levava. Ela precisava de respostas.
Ela sentiu o pequeno corpo ficar rígido sobre si.

É tudo tão assustador, e eu estava sozinha. Por mais que eu gritasse, ninguém vinha me ajudar.

Ela sentiu o peso das palavras daquela garotinha. Então a apertou contra seu corpo.

Mas isso é passado. Ninguém pode te machucar enquanto você estiver aqui. Ninguém, Vanessa falava enquanto afagava suas costas.
Ela então tirou Romênia do seu cantinho e olhou para seu rosto.

Não vou deixar que ninguém machuque você.
Ela beijou a testa da menina, deixando-a envergonhada.

Você está com vergonha?
Vanessa sorriu mais uma vez.

Você é tão adorável.

Então beijou suas bochechas e suas pálpebras.

Querida, eu não perguntei antes, e a decisão que tomei foi por impulso. Me desculpe. Eu te deixei desconfortável de alguma forma?
Romênia apenas balançou a cabeça em sinal negativo.

Então suas bochechas ficaram vermelhas de novo. Ela escondeu seu rosto contra o peito dela.

É tão doce, ela disse baixinho.

A melhor coisa que já provei, ela dizia enquanto brincava com seu cabelo.

Eu terei isso de novo?

Romênia a encarou dessa vez, seus olhos estavam grandes e brilhantes. Como Vanessa poderia negar um pedido desses? Como poderia dizer não, se aquela criança pedia de um jeito tão doce? Então ela apenas deu um aceno de cabeça e se levantou com Romênia em seu colo.

Seu pai está preocupado, e suas irmãs também. Que tal mostrarmos que você está bem?

Ela apenas balançou a cabeça e se escondeu em seu peito novamente.
Romênia se sentiu envergonhada por causar tanta confusão. Ela teria que se desculpar.

Ed? Vanessa o chamou, abrindo a porta do quarto.
Ele levantou a cabeça e olhou para a menina nos braços de sua esposa.

Você está bem, querida? Eu fiquei preocupado, ele falou, pegando-a no colo.
Ele a abraçou.

O que houve?

Foi só um pesadelo, Ed.
Vanessa olhou para ele, como se dissesse que conversariam depois.

Está bem, você está com medo? Quer dormir conosco?
Ela balançou a cabeça em sinal negativo.

Acho que posso dormir de novo. Só preciso de uma historinha, enquanto ela foi falando, sua voz foi ficando mais baixa e terminou como uma pergunta, como se estivesse com medo de ser repreendida.

Claro, querida, quantas você precisar.
Ed olhou para Vanessa e indicou as meninas com os olhos.

Oh, certo. Ele então entrou no quarto com a criança e a colocou de volta no berço.

Que história você quer?

"O Pequeno Príncipe", ela disse enquanto bocejava.

Fantasma estava em posição de alerta desde que ela acordou, mas ele sabia que não poderia fazer nada naquele momento, e permaneceu no mesmo lugar. Romênia tocou sua cabeça pelas grades do berço e disse com uma voz sonolenta:

Descansar, Fantasma. O cachorro se deitou ao lado do berço novamente.
Ed não deixou isso passar despercebido, e como Vanessa, ele estava curioso sobre aquela garotinha.

Querido leitor, mesmo depois de crescido, você ainda chora como uma criança grande. Quem sabe, no fundo, você só quer ser confortado como uma.

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