"Eu cansei de buscar o amor; o amor me machucou, me abandonou, o amor me deixou doente."
---
Querido leitor, nessa vida muitas coisas podem machucar e deixar você para baixo, mas não esqueça que eu sempre estarei aqui para você.
Vanessa, ao ver que a criança estava dormindo, a colocou no berço e fechou a porta do quarto. Ela estava preocupada em como abordar a situação anterior com Eloise. Tentava ser compreensiva, mas não entendia a razão da raiva dela.
Ela entrou no quarto da menina, mas se surpreendeu ao encontrar Edmundo lá. Ele estava sério enquanto olhava para a menina.
"Ed?" Ela o chamou. Ele a olhou por cima do ombro, mas continuou sério. "Acredito que você tenha vindo pelo mesmo motivo que eu, mas resolvi a situação, querida. Eloise está muito arrependida pelo que fez, não é?" "Sim, papai," a menina respondeu de cabeça baixa. "Ótimo," ele disse e se levantou, indo em direção à porta.
Vanessa estava aliviada por não precisar ter a conversa, confiava no modo de educação de Ed, mas precisava ter outra conversa mais séria com ele.
"Querido, eu preciso conversar com você." "Claro, pode falar." Mas ela não o olhou nos olhos. "Vamos até o quarto, por favor." Ele a seguiu, um tanto preocupado, com a cabeça cheia de problemas.
"Há algumas noites, eu fiz algo comprometedor. Eu deveria ter te consultado antes, mas no momento eu estava nervosa e foi a melhor opção para aquele momento," ela falava rápido, de cabeça baixa. "Vanessa, fale logo," Ed disse preocupado.
"Faz um tempo desde que Eloise nasceu, mas eu não queria que meu leite empedrasse, porque eu ia voltar a trabalhar e isso ia me causar muito desconforto.
Então decidi ir tirando com uma bombinha. Mas quando Romênia teve um ataque de nervos há algumas noites, eu lhe dei meu seio como forma de acalmá-la.
Eu continuei com isso porque ela parece tão necessitada disso. Sei que agi errado, mas foi por uma boa causa," ela despejou tudo de forma apreensiva. Vanessa sentiu como se um peso saísse de suas costas. Ela se sentou na cama, olhando nervosamente para seu marido, aguardando sua reação enquanto mordia o lábio.
Ed não sabia o que dizer. Ele achou que fosse algo mais sério, mas foi um alívio saber que era só isso.
Em relação a isso, ele não sabia o que opinar. Não via nada de errado em sua esposa amamentar sua filha, apesar de Romênia ser um pouco grande. Se ela estava disposta a continuar e Romênia se sentia bem com isso, não via por que não.
"Vanessa, se você estiver disposta a levar isso em frente, por mim tudo bem. Acredito que você, como mulher e mãe, entende mais disso do que eu," ele falou calmamente enquanto pegava em suas mãos.
"Oh," Vanessa disse surpresa. Ela esperava outra reação: raiva, surpresa, até nojo, mas não aceitação.
Olhando para Edmundo naquele momento, vendo em seus olhos que ele confiava nela e em suas escolhas para a filha, ela sentiu seu coração acelerar uma batida. "Tudo bem então," ela disse, sorrindo grandemente.
"Amanhã eu gostaria de levá-la para matriculá-la na escola. Como o inverno já está chegando ao fim, a escola seria um ótimo meio de socialização para ela," Vanessa disse empolgada.
"Acho uma ótima ideia," ele respondeu, enquanto seu sorriso crescia junto com sua empolgação. "Bem, agora preciso resolver alguns assuntos pendentes, querida," ele disse se levantando da cama e deixando um terno beijo em sua testa. "Se precisar de mim, estarei no escritório."
Vanessa permaneceu na cama, ainda digerindo a conversa que acabaram de ter. Em tão pouco tempo, ela já se sentia conectada àquela criança de forma surpreendente, até para ela mesma. Queria protegê-la de tudo e de todos, principalmente descobrir os detalhes do seu passado. Era claro que Romênia havia passado por muitas coisas, mas ela não se mostrava hostil com o novo ambiente, nem com as novas pessoas que agora eram sua família.
Mas Vanessa não conseguia relaxar enquanto não descobrisse cada detalhe do seu passado. Com esses pensamentos, Vanessa adormeceu.
No outro cômodo da casa, especificamente no quarto de Eloise, a garota de cachos castanhos dormia profundamente.
Foi obrigada a dormir mais cedo como forma de punição pelo que fez mais cedo, e isso não era nem o começo dos castigos.
A menina dormia serenamente quando sentiu um rosnado acompanhado de um hálito quente em seu rosto. Ela abriu os olhos lentamente, ainda tentando ajustar sua visão, tentando entender se aquilo era um sonho ou realidade.
Quando sua visão ajustou completamente, ela avistou o grande lobo branco a centímetros do seu rosto, com os dentes à mostra, e seus olhos brilhantes no escuro observavam Eloise, que engoliu em seco.
"Não se preocupe, ele não fará nada," uma voz doce chegou aos ouvidos da menina. Ao lado do lobo estava uma pequena figura segurando um coelhinho de pelúcia: era Romênia.
Seus olhos, assim como os do lobo, brilhavam na escuridão, e seus caninos à mostra proporcionavam uma imagem ameaçadora. "Não tenho nada contra você, mas não ficarei quieta vendo como você quer me destruir. Isso é só um aviso," a criança disse seriamente enquanto a encarava.
Eloise sentiu seu coração acelerar quando o lobo bufou em seu rosto, logo depois recuando e seguindo sua dona.
Eloise sentia seu corpo relaxar com a saída de Romênia, podendo finalmente respirar fundo. Ela pensou que agora tinha provado seu ponto: Romênia não era uma garota indefesa.
Querido leitor, você pode achar que muitas pessoas não te amam, mas eu sim. Eu amo você, querido leitor.

VOCÊ ESTÁ LENDO
pequena solidão
ChickLitRomênia é uma garotinha doce e bastante esperta, e com a companhia do seu lobo fantasma viverá uma nova vida