"Naquele momento soube que ser bom não adiantou de nada."
---Querido leitor, está um pouco frio, por que não entra e senta perto da lareira? Agora que está confortável, vou ler uma história para você.
Romênia não podia negar que se sentia um pouco deslocada naquele lugar, mas ali seria seu novo lar, e ela precisava se acostumar com essa ideia.
— A partir de agora, você pode me chamar de papai — disse Edmundo, pegando-a pela mão. — Estou feliz em conhecer você. A viagem deve ter sido longa. Está com fome? O que gosta de comer? Gosta de sanduíche?
— Sim — respondeu Romênia, um pouco tímida.
— Muito bem, Dolores, faça um sanduíche para essa mocinha e também traga um suco de laranja. Venha, sente aqui e me diga mais sobre você.
Romênia não sabia muito bem o que dizer; ninguém costumava lhe fazer perguntas. Ela estava no sofá, entre seu pai e sua esposa.
— Bem, tenho 6 anos, nasci no dia 12/05 e gosto de doces.
— Mas me diga, o que aconteceu para você chegar aqui? — Edmundo perguntou, curioso, afinal ele precisava saber que vida ela levava.
Maricel entrou na sala com o lanche e o deixou na mesinha, antes de sair. Romênia logo pegou seu sanduíche e começou a comer tranquilamente. Os adultos se entreolharam, dando de ombros. Parecia que ela não era muito falante.
— Mas me diga, querida, o que você… — Bem, eles não tiveram tempo de perguntar, pois as meninas chegaram.
— Mamãe, você precisa saber o que ela fez! — Eloise entrou gritando.
— Não acredite nela, mãe, é tudo mentira! — Ellie interrompeu a fala da irmã, enquanto Dafine tentava separar as duas. Elas pararam ao ver a criança sentada no chão da sala.
— Meninas, que modos são esses? — Vanessa as repreendeu. — Quem é essa criança? Seus pais não tinham sobrinhos, muito menos ficavam com filhos de outras pessoas.
— Queridas, é uma longa história. Conversaremos daqui a pouco — disse Vanessa.
As dúvidas de algumas das meninas só aumentaram e de outras cessaram quando viram o rosto da garotinha. Romênia as encarava com tranquilidade, apesar da gritaria anterior. Sem dar muita importância, continuou comendo.
— Meninas, queremos conversar com vocês. Por favor, no escritório. — Vanessa pediu.
— Onde é o banheiro? — Romênia falou pela primeira vez na sala, fazendo com que os olhos das meninas se voltassem para ela. Isso calou qualquer dúvida que elas poderiam ter, afinal, elas viram os olhos violetas.
— No segundo andar, querida, a terceira porta à direita — informou Vanessa.
Romênia levantou, fazendo com que Fantasma também levantasse.
— Não, Fantasma, sente e fica — ela deu a ordem, e ele obedeceu.
As meninas ainda a encaravam, mas logo depois seguiram seus pais.
— Quem é ela? Como ela tem aqueles olhos? — questionaram as meninas no escritório.
— É sobre isso que iremos explicar, meninas, mas preciso que vocês entendam e compreendam o nosso lado também — disse Vanessa calmamente, enquanto se sentava ao lado das meninas em um divã do escritório.
Após explicarem a situação de forma superficial, ocultando alguns detalhes sobre a traição de ambas as partes, Dafine, a mais velha, apesar de reconhecer o erro dos pais, sabia que a menina não tinha culpa. Já Ellie, a do meio, não demonstrava tanta maturidade.
— Por que temos que conviver com ela? — Ellie perguntou com desdém. — Ela é uma bastarda.
— Isso mesmo, não tem o nosso sangue e vai manchar o nome da nossa família — completou Eloise, com os braços cruzados.
Ambas as irmãs estavam frustradas com toda a situação e não queriam aquela criança estranha convivendo com elas.
— Chega, meninas! — Edmundo resolveu dar um basta na situação. — Assim como vocês, ela é minha filha, e vocês vão ter que aceitar isso. E se eu souber que vocês estão tratando-a mal, vou tomar providências.
Edmundo não era um homem duro, mas nesses momentos ele tinha que ser firme.
De volta à sala de estar, Romênia já tinha voltado e brincava com Fantasma. Ela escutou passos se aproximando.
— Meninas, por favor, se apresentem para sua nova irmã — disse Vanessa, enquanto lançava um olhar amável para Romênia, decidindo tomar o controle da situação.
— Eu prefiro morrer a chamá-la de irmã — sussurrou Eloise, mas Romênia ouviu bem e percebeu que ali também não era muito bem-vinda.
— Eu sou Dafine, sou a mais velha. Como você se chama? — Dafine perguntou com um sorriso, estendendo a mão.
— Romênia — respondeu ela, também sorrindo, sabendo ser simpática quando queria. Vanessa lançou um olhar de repreensão para as outras duas.
— Essas são minhas irmãs: Ellie, a do meio, e Eloise, a mais nova. Quer dizer, era, porque agora a mais nova é você. Bem-vinda à família — disse Vanessa.
Edmundo e Vanessa estavam orgulhosos da filha por ser tão compreensível.
— Esse é meu cachorro, Fantasma. Dê-lhe sua mão para ele cheirar, assim ele verá que não tem perigo — disse Dafine, dando sua mão para que o cachorro a cheirasse e alisasse seu pelo.
As outras meninas não quiseram se aproximar.
— Eu não quero ficar perto desse fedido — disse Eloise, enquanto Ellie apenas deu as costas.
Vanessa não entendia a reação das filhas; eram garotas gentis e entendia que a situação não era favorável, mas elas nunca foram tão cruéis. Querendo dar um fim a toda aquela situação, Edmundo chamou a atenção delas.
— Bem, gostaria de mostrar seu novo quarto, Romênia?
Bem, querido leitor, é o fim mais uma vez, mas não um adeus. Até logo.
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pequena solidão
ChickLitRomênia é uma garotinha doce e bastante esperta, e com a companhia do seu lobo fantasma viverá uma nova vida