Pierre Ferrari II

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- "Como assim, a Ellen não está disponível?" - digo para a atendente da mansão dos Vasquez que marca os horários para os encontros das acompanhantes.

- "Ela já foi contratada para as dez da noite, senhor."

- "Eu pago o dobro." - olho para o meu reflexo no espelho, trajado todo de preto e um tênis branco, um bom traje para lidar com alguns problemas. A ideia me faz rir, mesmo sendo um desejo profundo.

- "Senhor Pierre, infelizmente não será possível aceitar a sua oferta."

- "Tá bom, garota. Me diz onde vou pegá-la depois desse encontro."

- "Ela estará na mansão, senhor."

- "Melhor ainda, que horas estará disponível?"

- "Depois da meia-noite."

- "Tudo bem, obrigado, garota." - desligo a ligação sem paciência.

Deixa eu me organizar, penso tentando lembrar o que ainda falta para ir resgatar Ellen.

- "Mais uma fase chegou ao fim, Pierre." - digo para o meu reflexo. - "A aposentadoria acabou. Vamos voltar à ativa, preparado?"

- "Preparado para quê?" - Aisha surge na porta do meu carro.

- "Aisha, saudades?" - me viro para minha amiga.

- "Para onde está indo assim todo produzido?"

- "Tem uma reunião com Juan." - a encaro nos olhos.

- "O que tem para tratar com Juan?" - ela pergunta com um olhar curioso.

- "Também vou descobrir. Acho que tem a ver com a partida do Jorge; alguém tem que tomar o lugar dele nos negócios."

- "Precisa que eu vá de suporte?"

- "Pode deixar comigo. Cuida de qualquer imprevisto para mim, tá bom?"

- "Tudo bem." - ela diz, dando-me um selinho.

Um aperto no peito cresce após um simples beijo, um medo estranho me invade enquanto encaro os seus grandes olhos negros.

- "Eu te amo." - digo olhando nos fundos dos seus olhos que me admiravam confusos.

- "Eu também te amo." - ela diz confusa em meio a um sorriso bobo.

- "Boa noite, Aisha." - digo lhe dando um último beijo. - "Pode ficar à vontade; mais tarde a gente se encontra."

Ela assente, e eu vou em direção à porta, em direção ao meu destino. Sou um assassino.

- "Pierre." - Aisha me grita, fazendo-me virar. - "O que você vai fazer de verdade?"

- "Já disse, vou para a reun..."

- "Não começa, eu não sou uma criança." - ela diz vindo até mim com os braços cruzados e um olhar de ódio. - "Você vai fazer alguma coisa estúpida, e eu sei muito bem que eu não vou te impedir, mas eu vou com você, como a gente combinou."

- "Confia em mim, Aisha. Isso não é problema seu."

- "Como vou confiar em você se você não confia em mim para me falar o que está acontecendo?" - ela diz me fuzilando com o olhar.

Respiro fundo, pego na sua nuca, e encaro nos fundos dos seus olhos.

- "Se despeça dos maltas, arrume suas malas; da próxima vez que eu entrar em contato com você, será para irmos embora daqui."

- "Você ia sem mim." - ela diz incrédula.

- "Não, eu ia resolver uma coisa primeiro; depois, eu ia voltar para matar o Vicente com você. Aí nós iríamos embora."

amor não me mate -volume IIOnde histórias criam vida. Descubra agora