— Preparada? — Angel diz, acabando de me arrumar para a noite.
Me sentia como uma mera presa sendo levada ao sacrifício. Meu rosto possuía uma maquiagem bem discreta e alguns adornos enfeitavam meu corpo, coberto apenas por um vestido azul decotado. Estava linda, e isso era o que mais me assustava: dar o meu melhor para um ser desprezível me usar como objeto era algo que nunca imaginei que passaria.
Angel guardava maquiagens. Após finalizar, ela percebe minha inquietação e tenta me acalmar.
— Não deixe sua mente fazer com que isso seja maior do que é. Você só vai dar para um cara por dinheiro, e essa é sua realidade agora. Se você quer sair daqui mais rápido, não cause problemas. Digo isso para o seu bem.
— Não é fácil lidar com isso.
— Mas tem que lidar. Erga sua cabeça e faça acontecer, está ouvindo? — Eu assenti, penosa.
A porta é aberta bruscamente, me deixando alerta, e Dolph entra impaciente.
— Tá pronta, Ellen. — Ele diz com uma cara de poucos amigos.
— Já estou acabando — digo, calçando o salto.
Dolph vem até mim e me ergue pelo braço com ódio.
— Eu não disse que já era para estar pronta, vadia?
— Me solta — digo, socando-o no peito e tentando me desvencilhar, mas isso só o faz apertar mais forte meu braço.
— Você vai deixar o braço dela roxo, idiota — diz Angel, impaciente.
— Cala a boca — ele grita, impaciente. — Volte ao trabalho, Angel.
Dolph me arrasta para fora do quarto e me leva em silêncio até o último andar do casarão.
Adentro um corredor repleto de portas. O local tinha um ar mais conservado, provavelmente um lugar mais reservado, e destinado para os mais afortunados.
Dolph me leva até o final do corredor, pega uma das chaves e abre a porta de forma brusca.
— Deixa um pouco pra mim, tá? — Ele diz, falando no meu ouvido e me empurrando para dentro do quarto.
Entro no quarto receosa, mas ele ainda estava vazio e escuro. Havia uma grande cama de casal, ao lado uma mesa com duas garrafas de whisky e um vinho, alguns copos, um charuto, cigarros e um pequeno frigobar ao lado
Vou até a mesa, abro a primeira garrafa de whisky que vejo e bebo, sem me importar com o sabor forte da bebida, apenas querendo me anestesiar daquele momento.
Não queria pensar em nada e tentava tirar da cabeça qualquer ideia mirabolante para sair dali. Não posso cogitar a ideia de alguém da minha família se machucar por minha culpa.
Um barulho na porta me faz ficar ainda mais alerta. Me afasto da porta e vou para mais perto da cama enquanto ela é aberta, revelando que o meu pesadelo poderia ficar ainda pior.
— Você não — digo, angustiada ao ver Liam Mackenzie.
O pai de Lara entra no quarto com um semblante embriagado. Ele tranca a porta e me encara apático.
Eu vou morrer. Penso já imaginando que ele não estava ali apena para satisfazer o seus desejos.
— Está vestida ainda, por quê?
— Não sente vergonha, seu velho imundo — digo, segurando as lágrimas. — Gastando uma fortuna para me comer, mas não pode gastar nada para salvar sua filha.
Ele sorri com desdém e vai até a mesa, servindo-se de um copo de whisky.
— Salvar a minha filha do que exatamente? — Diz com um sorriso cínico enquanto bebe. — Da mansão em que ela morava, do carro que ela dirigia, das roupas caras que ela vestia, das melhores escolas dessa cidade. Isso tudo eu fiz por ela. O resto ela caçou com as próprias pernas e pagou por isso.
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amor não me mate -volume II
Science Fiction"Quando a morte se tornou a minha melhor opção?" Em um mundo onde segredos sombrios e traições espreitam nas sombras, acompanhe a história de Ellen, Pierre e Jorge. cujas vidas se entrelaçam em um triângulo amoroso comolexo emaranhado de mistérios...