Ellen Sandler II

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— Preparada? — Angel diz, acabando de me arrumar para a noite.

Me sentia como uma mera presa sendo levada ao sacrifício. Meu rosto possuía uma maquiagem bem discreta e alguns adornos enfeitavam meu corpo, coberto apenas por um vestido azul decotado. Estava linda, e isso era o que mais me assustava: dar o meu melhor para um ser desprezível me usar como objeto era algo que nunca imaginei que passaria.

Angel guardava  maquiagens. Após finalizar, ela percebe minha inquietação e tenta me acalmar.

— Não deixe sua mente fazer com que isso seja maior do que é. Você só vai dar para um cara por dinheiro, e essa é sua realidade agora. Se você quer sair daqui mais rápido, não cause problemas. Digo isso para o seu bem.

— Não é fácil lidar com isso.

— Mas tem que lidar. Erga sua cabeça e faça acontecer, está ouvindo? — Eu assenti, penosa.

A porta é aberta bruscamente, me deixando alerta, e Dolph entra impaciente.

— Tá pronta, Ellen. — Ele diz com uma cara de poucos amigos.

— Já estou acabando — digo, calçando o salto.

Dolph vem até mim e me ergue pelo braço com ódio.

— Eu não disse que já era para estar pronta, vadia?

— Me solta — digo, socando-o no peito e tentando me desvencilhar, mas isso só o faz apertar mais forte meu braço.

— Você vai deixar o braço dela roxo, idiota — diz Angel, impaciente.

— Cala a boca — ele grita, impaciente. — Volte ao trabalho, Angel.

Dolph me arrasta para fora do quarto e me leva em silêncio até o último andar do casarão.

Adentro um corredor repleto de portas. O local tinha um ar mais conservado, provavelmente um lugar mais reservado, e destinado para os mais afortunados.

Dolph me leva até o final do corredor, pega uma das chaves e abre a porta de forma brusca.

— Deixa um pouco pra mim, tá? — Ele diz, falando no meu ouvido e me empurrando para dentro do quarto.

Entro no quarto receosa, mas ele ainda estava vazio e escuro. Havia uma grande cama de casal, ao lado uma mesa com duas garrafas de whisky e um vinho, alguns copos, um charuto, cigarros e um pequeno frigobar ao lado

Vou até a mesa, abro a primeira garrafa de whisky que vejo e bebo, sem me importar com o sabor forte da bebida, apenas querendo me anestesiar daquele momento.

Não queria pensar em nada e tentava tirar da cabeça qualquer ideia mirabolante para sair dali. Não posso cogitar a ideia de alguém da minha família se machucar por minha culpa.

Um barulho na porta me faz ficar ainda mais alerta. Me afasto da porta e vou para mais perto da cama enquanto ela é aberta, revelando que o meu pesadelo poderia ficar ainda pior.

— Você não — digo, angustiada ao ver Liam Mackenzie.

O pai de Lara entra no quarto com um semblante embriagado. Ele tranca a porta e me encara apático.

Eu vou morrer. Penso já imaginando que ele não estava ali apena para satisfazer o seus desejos.

— Está vestida ainda, por quê?

— Não sente vergonha, seu velho imundo — digo, segurando as lágrimas. — Gastando uma fortuna para me comer, mas não pode gastar nada para salvar sua filha.

Ele sorri com desdém e vai até a mesa, servindo-se de um copo de whisky.

— Salvar a minha filha do que exatamente? — Diz com um sorriso cínico enquanto bebe. — Da mansão em que ela morava, do carro que ela dirigia, das roupas caras que ela vestia, das melhores escolas dessa cidade. Isso tudo eu fiz por ela. O resto ela caçou com as próprias pernas e pagou por isso.

amor não me mate -volume IIOnde histórias criam vida. Descubra agora